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Cidades/Geral
Segunda - 28 de Janeiro de 2013 às 16:06

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Grupo é flagrado na venda e uso de drogas na região central de Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)
Tráfico cresceu 14,3% em Campinas durante 2012,
apontou SSP-SP (Foto: Reprodução / EPTV)

Para afastar usuários de crack no entorno da linha férrea próxima ao Terminal Central de ônibus, em Campinas (SP), a Prefeitura decidiu buscar uma nova sede para a Casa da Cidadania. A justificativa é de que não há segurança para os profissionais que ajudam os moradores de rua daquela região. Os voluntários da entidade, todavia, são contrários à mudança.

"Acho que, se mudarmos, vamos incomodar as pessoas que moram no entorno [do novo endereço], pois o local onde a entidade está é o melhor para a cidade. A administração terá mais problemas", criticou a voluntária Maria do Carmo Motta.

A dona de casa afirmou que trabalha há 43 anos com atendimento aos moradores em situação de pobreza, mas deixou a sede da Casa, no fim de 2012, por causa da falta de segurança. "É preciso considerar que uma parcela mínima destes moradores não bebe ou usa drogas. Na verdade, a região precisa ser melhorada, para que os 120 voluntários possam trabalhar", reiterou.

O aposentado José Santos Firmino Gonçalves, de 72 anos, endossou o discurso de oposição à transferência da entidade, onde trabalha como tesoureiro. "A droga chegou antes. É necessário revitalizar o espaço para que a comunidade volte a olhar para lá com bons olhos", mencionou.

Em novembro de 2012, a EPTV mostrou uma operação da Guarda Municipal que deteve 13 pessoas nas imediações da linha férrea. Após sete horas, o grupo havia retornado ao local.

Busca por nova sede
Sem revelar prazo, o secretário de Assistência e Inclusão Social, Carlos Roberto Cecílio, acredita que a mudança beneficiará o serviço realizado pelos voluntários. "O espaço está impróprio. Ao lado há prostituição, virou uma miscelânea. Temos que coibir a presença dos craqueiros", falou.

Polícia Militar faz blitz em linha férrea em Campinas para encontrar drogas (Foto: Reprodução EPTV)
Polícia Militar faz blitz em linha férrea de Campinas
para encontrar drogas (Foto: Reprodução EPTV)

Cecílio apontou que, em fevereiro do ano passado, havia 609 moradores em situação de rua no município. "Destes, 57% estavam vinculados a Campinas, e os demais itinerantes", disse. O município possui 201 vagas para atender casos de alta complexidade, e 235 para casos de média.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o tráfico no município cresceu 14,3% em 2012, em relação ao ano anterior. Foram 1.165 registros, contra 1.019 casos.

A entidade
A Casa da Cidadania foi criada em janeiro de 2006, durante gestão do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT). Até dezembro, a entidade terá repasse municipal de R$ 236,6 mil, que corresponde a 85% do seu orçamento total. O restante equivale ao trabalho técnico realizado pela organização não-governamental Semear.

Segundo a Secretaria de Assistência e Inclusão Social, no ano passado 3,3 mil pessoas foram encaminhadas à Casa, para que recebessem alimentação. Além disso, houve 36 processos de recâmbio - quando o morador recebe passagem para voltar à cidade de origem.

Manutenção aquém
O secretário da Segurança Pública de Campinas, Luiz Augusto Baggio, defendeu que a retirada da Casa da Cidadania pode facilitar o combate ao tráfico. "A Casa precisa sair de lá, pois há uma confusão entre o sujeito que precisa, com aquele que frequenta com outras intenções", alegou.

Baggio criticou novamente o trabalho de manutenção realizado pela ALL na região das linhas férreas. Ele disse que sugeriu, ao prefeito Jonas Donizette (PSB), recorrer ao Ministério Público Federal para solucionar o problema. "Um muro caiu e ninguém fez nada. Já tentei contato com representantes e também não consegui. Vou entregar o documento nos próximos dias. Via de regra, pode ser movida uma ação ou há um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta]", frisou.

Festa de Natal na Casa da Cidadania, em Campinas (Foto: Rogério Capela / PMC)
Festa de Natal feita por voluntários na Casa da Cidadania, em Campinas (Foto: Rogério Capela / PMC)

Outro lado
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública de Campinas alegou que a Guarda faz rondas cotidianas na região central, sobretudo na área próxima ao Terminal Central.

A assessoria da Secretaria de Infraestrutura alegou que a administração estuda um projeto para revitalizar a área central, relacionada à implantação do TAV (Trem de Alta Velocidade).

Em nota, a assessoria da América Latina Logística informou que busca auxiliar a Prefeitura no combate ao tráfico, mas "os seguranças não tem poder de Polícia". Além disso, reiterou que pediu apoio da CPFL para melhorar a iluminação do local e que fará reparos no muro danificado. Sobre a limpeza, informou que os trabalhos são realizados de forma regular.

A CPFL alegou que fez manutenção em pontos da área externa na região ferroviária, a pedido da ALL. A empresa informou que cabe à Prefeitura apresentar projetos de melhorias na iluminação e a substituição das lâmpadas pode ser solicitada por meio do site.

A a assessoria da PM não comentou o assunto até a publicação da reportagem






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