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Morales 'não sobreviveria sem nacionalização'
O presidente boliviano Evo Morales poderia não sobreviver ao cargo se não tivesse anunciado a nacionalização dos hidrocarbonetos, na opinião de analistas, políticos e eleitores ouvidos pela BBC Brasil.
¿Se o presidente não respeitasse a vontade popular poderia haver banho de sangue¿, disse o ex-ministro de hidrocarbonetos, Guillermo Torres. ¿São seis anos de permanente tensão no país. Nesse período, foram gerados conflitos políticos, sociais e muitos presidentes caíram por causa dos hidrocarbonetos¿, afirmou o ministro de Planejamento, Carlos Villegas. Outro assessor direto de Morales completou: ¿Ele não podia perder mais tempo ou também enfrentaria a pressão das ruas¿.
A recuperação do controle do gás e do petróleo produzido na Bolívia foi a principal bandeira da campanha eleitoral de Morales. Mas ninguém sabia ao certo que conceito ele adotaria, na prática, para a nacionalização ¿ se confisco dos bens das empresas ou a maior participação do Estado nas petroleiras, como indica o decreto ¿Heróis do Chaco¿, que anunciou no dia primeiro de maio.
Histórico Evo Morales foi eleito em dezembro passado com cerca de 54% dos votos. Resultado possível graças à vitória que registrou até mesmo nos departamentos (Estados) em havia maior oposição à nacionalização, como Santa Cruz de la Sierra, na fronteira com o Brasil.
Cem dias depois da sua posse, em 22 de janeiro, o presidente viu sua popularidade minguar 12 pontos percentuais, de acordo com diferentes pesquisas de opinião.
Coincidência ou não, após esses resultados ele intensificou seus anúncios de governo, como a nacionalização de hidrocarbonetos e a recuperação de terras improdutivas ou inconstitucionais ¿ aquelas que são exploradas a 50 quilômetros da fronteira.
¿Nós precisávamos de alguém como Evo, que atende nossos pedidos que vem de décadas e décadas atrás¿, disse um recepcionista do hotel Presidente, em La Paz, eleitor de Morales.
O decreto de nacionalização praticamente obedece, segundo Torres, a lei de hidrocarbonetos aprovada no ano passado, em meio a uma forte crise política e social.
Aquela lei nasceu depois de um plebiscito realizado, em 2004, durante o governo do presidente Carlos Mesa. Mesa, que era vice do presidente deposto Gonzalo Sánchez de Lozada, foi obrigado a renunciar, em 2005.
A crise institucional e os protestos levaram à queda também dos presidentes da Câmara e do Senado. A lei não tinha agradado completamente a exigência popular. E num período de cinco anos, a Bolívia tinha seu sexto presidente ¿ o então presidente da Suprema Corte de Justiça, Eduardo Rodríguez.
A diferença entre aquela lei e o atual decreto, destaca Torres ¿ um dos autores da lei de hidrocarbonetos ¿ é o aumento de 50% para 82% do pagamento dos lucros dos campos de petróleo de São Alberto e São Antonio. Estes são os dois maiores campos da Bolívia, administrados pela Petrobras e um pequeno grupo de empresas estrangeiras.
Dona da segunda maior reserva de gás da América Latina e de um dos maiores índices de pobreza da região, a Bolívia já provou outros processos parecidos de nacionalização ¿ na tentativa de melhorar a distribuição de renda, a partir de seus próprios recursos naturais.
Essa é a terceira nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos. A primeira foi em 1937 e a segunda em 1969. Nos dois casos, elas contaram com a presença das Forças Armadas, ocupando as refinarias.
Um alto funcionário boliviano de um organismo internacional disse que Morales atendeu o ¿imaginário popular¿ ao mandar os soldados ocuparem, no dia 1º de maio, os terminais de petróleo e de gás do país.
¿Tradicionalmente, as nacionalizações podem acabar em golpe e foi para evitá-lo e para garantir o abastecimento ao Brasil que chamamos as Forças Armadas¿, justificou, mais de uma vez, o ministro de hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada.
As duas nacionalizações anteriores não foram bom negócio para o país, como recordou o alto funcionário boliviano do organismo internacional. Somente no ano passado a Bolívia terminou de pagar a indenização pela sua medida de 1969.
¿Se o presidente não respeitasse a vontade popular poderia haver banho de sangue¿, disse o ex-ministro de hidrocarbonetos, Guillermo Torres. ¿São seis anos de permanente tensão no país. Nesse período, foram gerados conflitos políticos, sociais e muitos presidentes caíram por causa dos hidrocarbonetos¿, afirmou o ministro de Planejamento, Carlos Villegas. Outro assessor direto de Morales completou: ¿Ele não podia perder mais tempo ou também enfrentaria a pressão das ruas¿.
A recuperação do controle do gás e do petróleo produzido na Bolívia foi a principal bandeira da campanha eleitoral de Morales. Mas ninguém sabia ao certo que conceito ele adotaria, na prática, para a nacionalização ¿ se confisco dos bens das empresas ou a maior participação do Estado nas petroleiras, como indica o decreto ¿Heróis do Chaco¿, que anunciou no dia primeiro de maio.
Histórico Evo Morales foi eleito em dezembro passado com cerca de 54% dos votos. Resultado possível graças à vitória que registrou até mesmo nos departamentos (Estados) em havia maior oposição à nacionalização, como Santa Cruz de la Sierra, na fronteira com o Brasil.
Cem dias depois da sua posse, em 22 de janeiro, o presidente viu sua popularidade minguar 12 pontos percentuais, de acordo com diferentes pesquisas de opinião.
Coincidência ou não, após esses resultados ele intensificou seus anúncios de governo, como a nacionalização de hidrocarbonetos e a recuperação de terras improdutivas ou inconstitucionais ¿ aquelas que são exploradas a 50 quilômetros da fronteira.
¿Nós precisávamos de alguém como Evo, que atende nossos pedidos que vem de décadas e décadas atrás¿, disse um recepcionista do hotel Presidente, em La Paz, eleitor de Morales.
O decreto de nacionalização praticamente obedece, segundo Torres, a lei de hidrocarbonetos aprovada no ano passado, em meio a uma forte crise política e social.
Aquela lei nasceu depois de um plebiscito realizado, em 2004, durante o governo do presidente Carlos Mesa. Mesa, que era vice do presidente deposto Gonzalo Sánchez de Lozada, foi obrigado a renunciar, em 2005.
A crise institucional e os protestos levaram à queda também dos presidentes da Câmara e do Senado. A lei não tinha agradado completamente a exigência popular. E num período de cinco anos, a Bolívia tinha seu sexto presidente ¿ o então presidente da Suprema Corte de Justiça, Eduardo Rodríguez.
A diferença entre aquela lei e o atual decreto, destaca Torres ¿ um dos autores da lei de hidrocarbonetos ¿ é o aumento de 50% para 82% do pagamento dos lucros dos campos de petróleo de São Alberto e São Antonio. Estes são os dois maiores campos da Bolívia, administrados pela Petrobras e um pequeno grupo de empresas estrangeiras.
Dona da segunda maior reserva de gás da América Latina e de um dos maiores índices de pobreza da região, a Bolívia já provou outros processos parecidos de nacionalização ¿ na tentativa de melhorar a distribuição de renda, a partir de seus próprios recursos naturais.
Essa é a terceira nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos. A primeira foi em 1937 e a segunda em 1969. Nos dois casos, elas contaram com a presença das Forças Armadas, ocupando as refinarias.
Um alto funcionário boliviano de um organismo internacional disse que Morales atendeu o ¿imaginário popular¿ ao mandar os soldados ocuparem, no dia 1º de maio, os terminais de petróleo e de gás do país.
¿Tradicionalmente, as nacionalizações podem acabar em golpe e foi para evitá-lo e para garantir o abastecimento ao Brasil que chamamos as Forças Armadas¿, justificou, mais de uma vez, o ministro de hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada.
As duas nacionalizações anteriores não foram bom negócio para o país, como recordou o alto funcionário boliviano do organismo internacional. Somente no ano passado a Bolívia terminou de pagar a indenização pela sua medida de 1969.
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/301206/visualizar/
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