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Agronegócios
Sábado - 13 de Maio de 2006 às 20:50

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Os produtores de soja de Mato Grosso consideraram insuficientes as medidas anunciadas nesta sexta-feira pelo governo para apoiar a comercialização da safra e afirmaram que os protestos no Estado e no país devem ganhar mais força, segundo dirigentes da Aprosoja-MT, que reúne os integrantes do setor.

"Agora vamos intensificar os protestos. O governo está definitivamente brincando com a cara de quem produz. Para fazer um anúncio desse tipo, deveria ter ficado quieto", afirmou o diretor da Aprosoja Ricardo Tomczyk, agricultor de Rondonópolis, importante região produtora do Estado, onde há bloqueios em rodovias nas BRs 163 e 364.

"Está tudo fechado. Não passa nem bicicleta", disse ele, referindo-se aos bloqueios nas estradas utilizadas para escoar a produção até os portos do Sul e Sudeste e também para indústrias em Goiás. O Mato Grosso é o maior produtor nacional da oleaginosa.

Nesta sexta-feira, o governo federal anunciou que vai direcionar cerca de 1 bilhão de reais para auxiliar a comercialização da safra. Os recursos deverão ser destinados para a realização de leilões de prêmio de risco de opção privada (PROP).

Com o Prop, o governo deve bancar parte da diferença entre o custo de produção e o preço da soja no mercado físico. O prêmio deve variar de 1,50 a 6 reais por saca de 60 quilos, de acordo com a distância entre os centros produtor e consumidor.

Segundo Tomczyk, a medida pode apenas dar um "refresco" para aquele agricultor que ainda não vendeu. "Quem já vendeu a sua safra para pagar dívidas não foi contemplado. A medida é, no mínimo, injusta", destacou. Além disso, o diretor da Aprosoja considerou os recursos destinados ao Prop insuficientes. A diferença entre o custo de produção e o preço de mercado da soja no Mato Grosso, segundo ele, é de 10 reais por saca.

"Falando apenas de comercialização, precisaria de ajuda de 10 reais por saca colhida, independentemente se a soja foi comercializada ou não". O objetivo do anúncio seria reduzir os protestos de agricultores que tiveram início há três semanas no Mato Grosso e se espalharam por outros Estados. Segundo fontes da indústria, há o risco de desabastecimento com os bloqueios, e a falta de matéria-prima já estaria sendo percebida por várias empresas.

As medidas de apoio à comercialização surgem quatro dias antes da manifestação nacional de agricultores, prevista para a próxima terça-feira, que deverá contar com a presença de governadores em Brasília, em apoio às reivindicações dos produtores.

Produtores querem mais:

Segundo outro diretor da Aprosoja, Glauber Silveira, presidente da Comissão de Crédito da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), o Prop muitas vezes é inviável, pois os produtores participantes obrigatoriamente têm de estar adimplentes, algo difícil em situação de crise. Atualmente os produtores sofrem com a perda de rentabilidade em consequência do dólar fraco frente ao real.

Ele disse também que outras questões burocráticas para a participação nos leilões de Prop, como o credenciamento de armazéns junto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também dificultam a efetivação da ajuda governamental. Os agricultores querem medidas para garantir a renda dos produtores, acrescentou Silveira. "Mais uma vez o produtor está sendo enrolado... Essa ajuda é paliativa, o problema é de renda. Teria de ser uma medida que valesse para todas as safras e não apenas para essa", afirmou ele, que ainda espera para este mês novas medidas de apoio à produção.

O setor quer algum tipo de subvenção ao preço do diesel para reduzir os custos de produção e de frete, além de desoneração de importação de insumos agrícolas mais baratos, autorização para vendas de mais agroquímicos genéricos e redução da carga tributária.





Fonte: Reuters

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