"A eurozona já não está em tratamento intensivo", declarou o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, na cúpula empresarial entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) realizada em Santiago do Chile, prévia à dos líderes das duas regiões que acontece ao longo do fim de semana.
Na cerimônia de encerramento do encontro, que reuniu um forte grupo de empresários europeus e latino-americanos, o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, deixou claro que a UE "já não é o que foi, em termos de governança econômica, antes da crise".
Barroso lembrou que os 27 tomaram medidas para "redesenhar" sua estrutura econômica e "corrigir os desequilíbrios" orçamentários e econômicos, e que "mantiveram a integridade da zona do euro".
"Aguentamos a crise e estamos prontos para escrever o próximo capítulo de integração política e econômica da Europa", concluiu o presidente da CE, acrescentando que a "Europa continua sendo a melhor economia do mundo", com 500 milhões de consumidores.
Levando em conta que a UE é o principal investidor estrangeiro direto na América Latina, Barroso disse ainda que o comércio deve ser "parte integrante da recuperação europeia", e ressaltou que, para isso, é necessário rejeitar qualquer forma de protecionismo.
Van Rompuy enfatizou igualmente a necessidade de contar com algumas regras claras para fomentar investimentos de qualidade entre as duas regiões. A chanceler alemã, Angela Merkel, que também participou do encerramento, defendeu igualmente o livre-comércio como "a melhor maneira de desenvolver nossas relações econômicas".
"Em tempos difíceis, e Europa viveu anos difíceis, ninguém pode pensar que a melhor maneira de superar essas dificuldades é o protecionismo", concordou, e reafirmou a necessidade de uma "concorrência justa" em nível internacional. "A UE é nossa pátria, mas devemos atuar com todo o mundo para superar a crise. É preciso entrar em concorrência com vocês. queremos investimento aqui e que vocês invistam na Alemanha e na Europa", argumentou.
O presidente do Chile e anfitrião da reunião, Sebastián Piñera, insistiu que a região quer "estabelecer os fundamentos para uma relação de maior colaboração e maior simetria". Na opinião de Piñera, a "nova relação" que querem impulsionar a Celac e a UE requer "mais liberdade, mais inovação, mais empreendimento, liberdade de comércio e menos protecionismo".
" América Latina está vindo de dez anos de crescimento, de fortalecimento da democracia e do Estado de direito praticamente em todos os países que integram essa comunidade", ressaltou. Para o presidente do México, Enrique Peña Nieto, "com a internacionalização das empresas de ambos os continentes podemos fortalecer nossas economias, gerar mais empregos e mais bem-estar para os cidadãos de nossos povos".
"O México oferece hoje não apenas estabilidade econômica e certeza, mas também um mercado aberto e confiável para fazer negócios", afirmou. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que encerrou com seu discurso a cúpula empresarial Celac-UE, disse que o setor privado tem um papel "fundamental" no futuro que os líderes políticos estão tentando traçar para a região.
"As duas regiões precisam uma da outra. Na América Latina temos energia, capacidade de aumentar a produção de alimentos, e recursos de todo tipo (...). Mas necessitamos de tecnologia e outras coisas da Europa", concluiu Santos.
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