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Internacional
Quinta - 11 de Maio de 2006 às 14:54
Por: Luis Jaime Acosta

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O candidato do Pólo Democrático Alternativo (esquerda), Carlos Gaviria, anunciou que, se for eleito presidente da Colômbia, manterá a independência frente a outros governos latino-americanos e não vai aderir à aliança formada por Cuba, Venezuela e Bolívia.

Gaviria, 69, aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição do dia 28, com 13 por cento, dois pontos atrás do candidato do Partido Liberal, Horacio Serpa.

O dirigente de esquerda mantém um rumo ascendente na pesquisas, razão pela qual analistas prevêem que ele terminará em segundo lugar, atrás do presidente Alvaro Uribe, franco favorito à reeleição, com quem poderia eventualmente disputar um segundo turno.

"Acima de tudo acho que é preciso preservar a soberania nacional e, portanto, manter a independência do país", disse Gaviria à Reuters na tarde de quarta-feira, na velha casa em estilo vitoriano, no centro de Bogotá, onde funciona a sede da sua campanha.

"Não gosto de alinhamentos, digamos, a priori, que indicam linhas de conduta traçadas de antemão e geralmente muito inflexíveis. Acho que eu manteria muito boas relações com esses países [governados pela esquerda], mas também com outros."

Gaviria, ex-professor universitário, ex-parlamentar e ex-ministro da Corte Constitucional, afirmou que as similaridades políticas podem ser um catalisador positivo nas relações entre os países, mas que as diferenças não devem criar inimizades.

Os governos de Cuba, Venezuela e Bolívia, sob a liderança dos carismáticos presidentes Fidel Castro, Hugo Chávez e Evo Morales, formaram uma aliança de cooperação, com fortes críticas aos Estados Unidos. Já a Colômbia, a exemplo de Peru e Equador, está prestes a adotar um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos.

Em tom pausado, Gaviria garantiu que seu eventual governo manterá relações com os EUA, mas com independência.

"É claro, eu acharia uma torpeza pensar que com os Estados Unidos não devem haver relações ou que devem ser ruins, o que sim é necessário é marcar uma pauta, no sentido de que inclusive com os Estados Unidos, uma potência, a maior política, econômica e militar, as relações devem se colocar num plano de liberdade", disse Gaviria.

O candidato admitiu que a esquerda não consegue na Colômbia os mesmos avanços eleitorais de outros países latino-americanos. Segundo ele, isso se deve à ação de guerrilhas marxistas, que não contam com apoio popular.

Gaviria, que promete lutar contra a pobreza e solucionar o violento conflito interno pelo diálogo e a negociação, insistiu que a maior guerrilha do país, as Farc, não são terroristas, e sim uma organização insurgente que usa o terrorismo.

"Sua qualidade de insurgentes é inegável, porque chegaram justamente a pegar em armas porque tinham um projeto de sociedade distinto, e é importante que se tenha em conta essa qualidade, porque é a que permite uma aproximação para o diálogo."

Essa posição merece fortes críticas do presidente Uribe, que o acusa de ser complacente com o terrorismo e com grupos como as Farc, qualificados de terroristas por Estados Unidos e União Européia.

Gaviria prometeu que seu eventual governo manterá a segurança jurídica para investidores e empresas, mas advertiu que não aceitará violações dos direitos dos trabalhadores.

"Penso que a segurança jurídica é para todo mundo, e que em um clima de paz como o que nós aspiramos a criar, por uma parte atacando as razões do conflito, e por outra criando um clima propício para o diálogo, os investidores teriam já uma certa segurança assegurada."

O candidato defendeu uma reforma tributária que isente alimentos básicos e serviços domiciliares e taxe patrimônios líquidos superiores a 429 mil dólares.





Fonte: Reuters

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