Análise: Calote alto das empresas é desafio para avanço dos investimentos
Os dados recentes sobre o mercado de crédito ainda revelam barreiras à retomada da atividade econômica.
O cenário de inadimplência de pessoas físicas ensaia uma recuperação, embora moderada. Mas as empresas --responsáveis pelos investimentos-- ainda apresentam alto nível de calote, sem sinal animador de melhora.
A inadimplência (que considera atrasos nas prestações acima de 90 dias) de pessoas físicas encerrou 2012 em 7,9%, repetindo o pico de vários meses do ano passado.
Apesar dessa fotografia ruim, os atrasos entre 15 e 90 dias nos empréstimos caíram de 6,9% em abril para 5,9% em dezembro. O movimento é citado pelos bancos como indicador de que a inadimplência tende a cair.
Essa esperada tendência, combinada à continuação da queda nas taxas de juros dos empréstimos, seria um sinal animador para a economia.
O problema é que a atividade no Brasil não está patinando por falta de consumo das famílias.
Como o próprio BC reconheceu em documento divulgado anteontem e economistas têm repetido à exaustão, a economia brasileira enfrenta gargalos de oferta.
Não há produção suficiente para atender à demanda das famílias, que, mesmo mais endividadas e lidando com o ritmo mais lento de expansão do crédito, continuam beneficiadas por um mercado de trabalho vigoroso.
Os motivos citados para a fraqueza da oferta são muitos: crise mundial, maior interferência do governo na economia doméstica, medo de apagão.
Outra pista revelada pelos dados de crédito é que o setor empresarial tem encontrado dificuldade para reduzir seu patamar de calote.
A inadimplência das pessoas jurídicas ronda 4% --nível historicamente elevado-- desde outubro de 2011. Atrasos em empréstimos entre 15 e 90 dias também não apresentaram melhora significativa: estão um pouco acima de 2% desde o início de 2011.
Os calotes das empresas dispararam principalmente na modalidade de conta garantida, cuja taxa de juros --embora também tenha recuado-- beira os 90%.
O desafio das empresas de sair do vermelho pode contribuir para o atraso na retomada dos investimentos
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