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Economia
Quarta - 10 de Maio de 2006 às 08:12
Por: Mariana Peres

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As indústrias beneficiadoras do Estado e as cerâmicas deflagraram ontem à tarde apoio ao movimento Grito do Ipiranga. De mãos dadas, os empresários e empregados dos dois segmentos caminharam cerca de um quilômetro até o Trevo do Lagarto. Com apoio de caminhões e carretas, as saídas da BR 163 (Jangada) e a BR 070 (Cáceres) ficaram bloqueadas por cerca de três horas e meia. Com a intensificação dos protestos no Norte mato-grossense, as indústrias calculam que deixaram de faturar cerca de R$ 7 milhões nas últimas semanas.

A partir das 9h, os empresários e os empregados estarão concentrados no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, onde avaliam um novo bloqueio e fazem os últimos ajustes para uma carreata pelas ruas de Várzea Grande e Cuiabá, com a possibilidade de interdição do tráfego sobre a ponte Júlio Muller. Os manifestantes pretendem bloquear o acesso às BRs por dois dias.

A mobilização de ontem reuniu, segundo o Sindicato das Indústrias de Alimentação em Mato Grosso (Siamat), representantes de 64 indústrias que beneficiam o arroz. “Tivemos 100% de adesão. Temos de alertar que 2,5 mil empregos estão em risco e que inúmeros investimentos no Estado também. Apesar dos prejuízos somos solidários ao Grito do Ipiranga porque dependemos do produtor”, explica o presidente do Sindicato patronal, Marco Lorga.

Lorga destaca que a adesão serve de alerta para a eminência do desabastecimento do mercado, “com a conseqüente geração de demissões”. O presidente destaca que o volume em estoques nas indústrias dura no máximo 15 dias. “Já estamos trabalhando com a capacidade ociosa em 70%. Sem produto, vamos parar e demitir”, reforça.

Desde o início do ano o beneficiamento estadual vem sendo reduzido. Ora por problemas de logística, preços para o arroz, concorrência desleal ou falta de matéria-prima. “lutamos para sobreviver, mas com essa redução da participação do Estado no mercado nacional, perdemos espaço para o Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o abastecimento é normal. Além das perdas financeiras, vamos levar uns cem dias para reconquistar espaço no mercado interno”, avalia.

A quebra no fluxo de produto, na indústria, deverá, segundo o Siamat, ocasionar a falta do produto nas gôndolas dos supermercados nas próximas semanas, “se o movimento no Norte continuar represando a produção”.

Até o início dos bloqueios no Norte de Mato Grosso, as indústrias produziam cerca de 100 mil toneladas (t) ao mês. “Agora, existem 30 mil/t em estoque. Além das 350 mil/t nas mãos dos produtores – e impedidas de serem escoadas – existem outras 250 mil/t com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que se realizasse as Aquisições do Governo Federal (AGF), poderia adiar um pouco o desabastecimento”.

Lorga lembra que da safra passada para atual ficaram cerca de 400 mil/t de estoque de passagem, “gordura que está sendo consumida neste período de bloqueios”. A queda na produção de arroz no Estado é de quase 70%, passou de 2,2 milhões/t, para as atuais, 850 mil/t. “Juntando o estoque de passagem com a produção desta safra, temos 1,25 mil/t, volume que atende à capacidade instalada atual. Nossa luta é para que em dezembro deste ano não estejamos com estoques interno zerados e também sem o grão na mão do produtor”.

O empresário Francisco Manzano, da MM Arroz, está praticamente com 100% da capacidade ociosa há 40 dias. Dos 42 funcionários, restam 14.

O diretor comercial da terra Nova Agropecuária, Herbert Dantas, em quatro meses a indústria deixou de faturar cerca de R$ 500 mil e os estoques existentes duram uma semana.

APOIO -- O segmento industrial de cerâmicas também aderiu ao movimento. Um dos empresários, José Sobrinho, disse que os fornos são movidos á palha de arroz. “Se as beneficiadoras estão sem o cereal, estamos sem a palha. Trocar esta matriz energética por pó de serra acrescenta um custo inviável ao segmento”.

MOVIMENTO -- Ontem, carros de passeio e ônibus ficaram com a passagem bloqueada por pouco mais de uma hora, entre 15h10 e 16h30, quando tiveram o acesso liberado. Os caminhões, carregados ou não, ficaram no bloqueio até às 17h30.

O inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Reinan Araújo, explica que o movimento transcorreu sem transtornos, mas destaca que o bloqueio não reteve muitos veículos. “Não mensuramos o tamanho do congestionamento, mesmo porque o tráfego pela BR está reduzido, pois no Norte do Estado existem várias obstruções”. Ele destaca que hoje, com a retomada dos bloqueios, a PRF está reforçando o efetivo no local.





Fonte: Diário de Cuiabá

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