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Cidades/Geral
Quarta - 10 de Maio de 2006 às 07:50

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Início 10h35. O senador Romeu Tuma (PFL/SP) abriu a sessão da CPI dos Bingos parabenizando Mato Grosso pelo aniversário comemorado ontem.

Explicou ainda que João Arcanjo Ribeiro conseguiu um habeas corpus perante ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe reservava o direito de não responder às questões que julgasse poder incriminá-lo de alguma maneira.

O colega dele, senador Juvêncio da Fonseca, foi designado como relator da CPI.

De fato quem deveria fazer a maior quantidade de perguntas, mas a ordem que havia sido previamente estabelecida foi quebrada algumas vezes. Os senadores, eventualmente, repetiram perguntas mudando apenas o enunciado delas. Leia abaixo as perguntas feitas pelo parlamentares ao "Comendador". Inicialmente eram previstas 16 perguntas, mas o número foi bem maior. v Tuma informou a Arcanjo que ele teria 30 minutos para se manifestar antes que a sessão começasse. Ele não quis fazer uso desse direito e disse que estava interessado em responder as questões dos senadores.

Juvêncio Fonseca - Bom dia. Arcanjo, em 1985 o senhor passou à atividade de exploração do jogo do bicho. Em 1994, o senhor começa a atuar no ramo das factorings, em 95 nas off-shores, depois nas caça-níqueis, e em 2002, é desencadeada a Operação Arca de Noé. O senhor é tido como pessoa muito influente, principalmente na área de contravenção penal, justamente em ações que trazem sérios prejuízos ao país. Dentro desse aspecto, gostaria que o senhor nos relatasse quais as suas atividades. Qual a sua ligação com donos de bingos em Brasília?

Arcanjo - Senador Juvêncio comecei no jogo do bicho em 1980. Nunca mexi com bingo. Nem aqui, nem fora daqui, nem em Brasília. Nem com máquinas caça-níqueis. Sei que duas empresas tinham interesse.

Romeu Tuma - Quais?

Arcanjo - Não conheço as empresas. Conheço as pessoas. Uma é o sargento Jesus. José Jesus de Freitas, era daqui mesmo. Estava sendo intermediário.

Romeu Tuma - A área era sua?

Arcanjo - Do jogo do bicho e do cassino, sim.

Romeu Tuma - Intermediando para quem?

Arcanjo -Para um tal de Sérgio, de Minas Gerais

Romeu Tuma - Você atuava como no jogo do bicho, tinha um "habeas corpus" para trabalhar?

Arcanjo -Não.

Juvêncio Fonseca - Como conseguiu adquirir tanta riqueza? Como obteve tanto lucro?

Arcanjo -Eu tinha draga em Peixoto, Alta Floresta, vendia ouro para a Caixa e paro o Banco do Estado, o Bemat.

Juvêncio Fonseca - Jogos?

Arcanjo - Sim.

Juvêncio Fonseca - Bingos?

Arcanjo - Não, senhor

Juvêncio da Fonseca - Tinha garimpos?

Arcanjo - Sim.

Sibá Machado - Era intermediador?

Arcanjo - Não, não.

Sibá Machado - Mas movimentava um volume muito grande?

Arcanjo - Sim. Em um ano cheguei a vender 480 kg de ouro para a CEF e o Estado.

Juvêncio da Fonseca - Agiu como intermediador? Pode falar.

Arcanjo - Só posso falar do que posso provar. Vendi pra CEF, para o Bemat, vendi para outras pessoas, mas não tenho como provar.

Romeu Tuma - Sem documentação comprobatória?

Arcanjo - Sim

Juvêncio da Fonseca - Então a venda de ouro servia para lavagem de dinheiro?

Arcanjo - Existia isenção. Eu tinha garimpo. Todo mundo trabalhava livre.

Juvêncio da Fonseca - A atividade dá lucro?

Arcanjo - É alto.

Juvêncio da Fonseca - Factoring dá muito dinheiro. O que você pode falar sobre lavagem de dinheiro e processo político?

Arcanjo - Sempre fui um homem simples. Nem na minha casa eu mandava. Sempre voltado às empresas, ao trabalho. Eu tinha uma pessoa que não era muito boa e por isso contratei outra pra cuidar dos negócios.

Romeu Tuma - Dondo?

Arcanjo - Ele fazia a contabilidade em mais de 100 empresas. Ele atuava em todas as minhas empresas, não ia buscar outro.

Romeu Tuma - As factorings eram autorizadas pelo Banco Central?

Arcanjo - Sim.

Romeu Tuma - As negociações eram feitas só com empresas particulares?

Arcanjo - No princípio, sim. Só operações financeiras, mas depois começou a fazer empréstimos.

Romeu Tuma - Descontava-se cheques que eram usados por comitês financeiros em campanhas políticas?

Arcanjo - Eu acho que campanha não, mas houve muita troca sim.

Romeu Tuma - Você possui uma relação, nomes, alguém dentro da política eleitoral?

Arcanjo - Se fosse pra partido mandavam no nome da empresa. Os cheques eram sempre nos nomes das empresas. Mesmo que fosse lá fazer empréstimo.

Juvêncio da Fonseca - Alguma vez a factoring trocou cheque pré-datado para comitê de campanha?

Arcanjo - Nunca

Juvêncio da Fonseca - Nunca ou não tem certeza?

Arcanjo - Não tenho certeza.

Wellington Salgado - Uma pessoa poderia ter feito doações e os cheques terem sido trocados nas factorings?

Arcanjo - Pode sim.

Romeu Tuma - O senhor fez operações com bingos?

Arcanjo - Não senhor

Antero Paes - Matéria jornalística do Correio Brasiliense cita que Dondo tinha participação no Palácios Bingo, em Brasília...

Arcanjo - Se tiver, é dele.

Antero Paes - Tem matéria jornalística.

Arcanjo - Matéria é uma coisa, mas tem que provar que é verdadeiro. Eu nunca quis ter bingo em MT.

Romeu Tuma - Arcanjo saiba que isso não é uma acareação.

Arcanjo - Não, não. Ok.

Romeu Tuma - Os cheques das factorings foram compensados por quais factorings?

Arcanjo - Uma coisa é certa. A Vip não fazia empréstimos. Só a Confiança Factoring.

Sibá Machado - Quais os seus negócios?

Arcanjo - Tinha várias factorings, a Rondon, a Tangará, a Confiança, a Vip.

Sibá Machado - Não estamos aqui para tratar de todos os seus negócios lícitos. O senhor de garimpeiro, ex-policial, partiu para negociar com a CEF, com o Bemat... O senhor fez ou não negociatas? Intermediou ou não a venda de ouro pra fora?

Arcanjo - Intermediação não. Porque não havia lucro.

Sibá Machado - Suas empresas foram procuradas para realizarem doações em campanhas?

Arcanjo - Doações, não senhor.

Sibá Machado - Sua relação com Dante de Oliveira?

Arcanjo - Dante? Excelente ex-governador. Gente boa, mas eu sempre me manti a distância.

Sibá Machado - Nunca foi procurado pra fazer campanha?

Arcanjo - Não. Não. Eu tinha uma pessoa que fazia isso pra mim. O Nilson. Ele tinha autonomia pra fazer negócios. Tinha experiência para avaliar riscos.

Juvêncio Machado - Celso Daniel. Uma ex-cozinheira sua, Zilate dos Reis, do buffet , declarou que ouviu de Joaci das Neves, ex-segurança, que e Ronan e Gomes estariam planejando assassinar o prefeito. O senhor conhece, tem conhecimento do que se passou?

Arcanjo - Não eu não tinha serviço de buffet. Na Estância 21 eu tinha só cozinheiros homens. Joaci das Neves, pelo que sei pela imprensa, é um homem que tem problemas mentais.

Juvêncio Machado - É o que vem acontecendo com as testemunhas hoje. Todo mundo subitamente está contaminado. Porque sempre falam que está desequilibrado.

Arcanjo - Desculpe. Eu não sabia.

Juvêncio Machado - O Joaci declarou que viu o Ronan (Maria Pinto, empresário do setor de transportes de São Paulo) na sua casa?

Arcanjo - Não o conheço. Como pode? Nunca foi em minha casa.

Zaid Arbid (advogado de Arcanjo) - Eu pediria um pouco de reciprocidade do senhor senador, Juvêncio.

Romeu Tuma - Fica aqui registrado.

Zaid Arbid - Essa testemunha citada, comprovadamente, possuí problemas mentais. Existem dois pesos e duas medidas para ela. Quando se referia a um representante do TJ foi considerada incapaz. Não se pode fazer um julgamento precipitado.

Juvêncio da Fonseca - Por isso que advogado não tem que se manifestar.

Zaid Arbid - Tenho sim. Porque consta na decisão (refere-se ao HC) que o senhor não leu.

Juvêncio da Fonseca - Sou senador. Posso fazer qualquer pergunta aqui.

Romeu Tuma - Não vou impedir ninguém de fazer perguntas, mas o senhor pode se recusar a responder, conforme decisão do STF. O senador Juvêncio também é um jurista, um legislador.

Arcanjo - Eu respondo.

Juvêncio da Fonseca - Depois de ler trecho do HC. Aqui não consta em momento algum que o advogado pode se manifestar. Diz que as prerrogativas devem ser respeitadas e isso está sendo feito. Eu faria também, sou advogado.

Romeu Tuma - Pedimos a vossa excelência que reconsidere.

Juvêncio da Fonseca - Senhor Arcanjo. Sem maldade nenhuma. O senhor conhece Ronan Maria ou Sérgio Gomes.

Arcanjo - Vi uma matéria, uma vez, na Veja. Nunca tive contato.

Romeu Tuma - O senhor nunca fez negócios com empresas de ônibus por meio de off shores?

Arcanjo - As minhas nunca. Só fazia operações pra mim.

Juvêncio da Fonseca - Vossa senhoria disse que explorava um cassino, máquinas caça-níqueis. Como funcionava esse esquema?

Arcanjo - Meu cassino nunca teve caça-níqueis. Teve roleta.

Juvêncio da Fonseca - Mas o senhor não pagava impostos.

Arcanjo - Mas eu jogava pra uma empresa que estava ruim das pernas porque era melhor pagar os impostos. Aqui no Brasil se você achar uma mala com dinheiro e pagar impostos tudo se torna legal.

Sibá Machado - A imprensa revela que seu patrimônio é de R$ 1,2 bilhões.

Arcanjo - Não senhor, é de R$ 400 milhões.

Sibá Machado - Destaque o que lhe é mais lucrativo.

Arcanjo - Factorings.

Sibá Machado - Em volume?

Arcanjo - Responde a 60 % do patrimônio. Ainda tenho outras empresas em MT e um hotel em Orlando.

Sibá Machado - O senhor possui empresas no Uruguai, Itália, em outros Estados?

Arcanjo - Não senhor.

Sibá Machado - O senhor teve ou não teve atuação em campanhas? E nas máquinas caça-níqueis? O que o Nilson fazia?

Arcanjo - Não. Ele tinha 100% de autonomia.

Sibá Machado - Uma gráfica possuí uma dívida de R$ 5 milhões com o senhor?

Romeu Tuma - Essa dívida pode ter sido executada?A que se referia o empréstimo?

Arcanjo - É possível.

Sibá Machado - O senhor faz agiotagem?

Arcanjo - Antes ou depois das factorings? Não fiz porque eu já tinha factoring.

Welington Salgado - Todo o seu dinheiro investiu em factorings?

Arcanjo - Também investi em peixes. Vendia 500 toneladas ao mês.

Welington Salgado - Quanto dá isso?

Arcanjo - Vendia a R$ 2 o kg

Welington Salgado - Bom, a imprensa declara que o senhor tem R$1,2 bi?

Arcanjo - Não é tudo isso. Agora o giro das factorings deve dar tudo isso.

Welington Salgado - O senhor declarou que é um "bicheiro à moda antiga". Que não queria as máquinas aqui. Vou ser direto. O senhor olha nos olhos. O senhor sofreu algum atentado? Mandou matar algum jornalista? Tem alguma marca no corpo?

Arcanjo - Não.

Welington Salgado - Então o senhor está preso porque? Evasão de divisas?

Arcanjo- Encontraram dinheiro e disseram que era meu. Disseram que eu mandei para fora do país. Terão que provar. Fui condenado por causa de uma arma, que disseram ser de uso restrito, mas que tinha registro junto à Secretaria de Segurança. Pois é, quero saber porque ela tem registro se era de uso restrito?

Welington Salgado - O senhor é dono de alguma empresa de ônibus em Santo André (SP) ou em Cuiabá?

Arcanjo - Não.

Welington Salgado - Não foi dono de bingo, vivia de factorings, operava com os três poderes?

Arcanjo - Judiciário e Executivo não, legislativo sim. Pode ser que tenha feito operações particulares.

Welington Salgado - A melhor idéia seria grampear o senhor. Porque tudo isso aconteceu? Porque tudo isto está acontecendo?

Arcanjo - Eu faço essa pergunta pra você também...Não cometi assassinatos eu provo.

Welington Salgado - Pra mim não...

Welington Salgado - O senhor é bicheiro a moda antiga. Eu já ouvi o juiz Julian, Julier, que tem mais força na caneta do que na fala, um juiz novo... Por que razão o senhor está preso?

Arvcanjo - Estou aguardando recurso de apelação. Confio na Justiça.

Romeu Tuma - O senhor acha que foi colocado como laranja?

Wellington Salgado - O senhor senador tem faro de polícia, sabe melhor que eu. O que está havendo?

Romeu Tuma - Compete a nós investigarmos o que está errado.

Wellington Salgado- O senhor tem algo com a morte de Celso Daniel? Tem com o jogo do bicho.

Arcanjo - Não.

Romeu Tuma - Não estou ligando seu nome a um crime, mas seu nome não não caiu de um laranjal.

Juvêncio da Fonseca - Nilson Teixeira afirmou em depoimento em 21 de junho de 2005 à Justiça Federal que valores altos foram trocados por meio de assessores da Assembléia Legislativa nas factorings.

Arcanjo - Foi o Nilson quem disse.

Juvêncio da Fonseca - Está confirmado.

Juvêncio da Fonseca- Valores altos, R$ 200 mil, R$ 500 mil. Não é documentação legal. Não se podia fazer esse tipo de operação. Só ordens de pagamentos.

Arcanjo- Ele declarou é verdade. Sou o dono e vou ter que responder por isso.

Romeu Tuma - Ele tinha 100% de confiabilidade? Os repasses da AL foram ilegais. Nilson serve como boa testemunha. Isso é uma grande dificuldade em se acabar no Brasil. A "agiotagem legalizada".

Antero Paes de Barros - Suas factorings fizeram negócio com a destilaria Alto Libra?

Arcanjo - Acho que sim.

Antero Paes de Barros- Para que o senhor saiba ela aparece como doadora de campanhas, assim como a Concremax, a Vitória Régia, a Geo-Solo, o Modelo, fizeram operações nas suas factorings e foram doadoras de campanhas.

Antero Paes de Barros - O senhor conhece Gilberto Alves Costa?

Arcanjo- Não.

Antero Paes de Barros - Ricardo Adriene? Rafael Bernardes?Terezinha Bernardes? José Renato Leal? Ronan Maria Pinto? Getúlio Fernandes Soares? Henrique George Scudell?

Arcanjo- Não.

Antero Paes de Barros - O senhor tem alguma ligação com as empresas Sol Bus, Expresso Nova Cuiabá, Rotedalli e Cidade Sol? Só para o senhor saber, todas atuam aqui e também em Santo André.

Arcanjo - Não.

Antero Paes de Barros - O senhor disse que não tem ligação com o Bingo Palacius. Valdomiro Diniz procurou Dondo para tratar de assuntos...Qual o nome da sua off-shore?

Arcanjo - Leman.

Antero Paes de Barros - E a Roanocak?

Arcanjo - Não é minha.

Antero Paes de Barros - É do Ronan.

Antero Paes de Barros- As pessoas que estiveram no Uruguai para abrir a off shore foram os que estiveram lá para abrir pro Ronan.

Antero Paes de Barros - A Agepar é sua?

Arcanjo - Não senhor.

Antero Paes de Barros - Quando o senhor esteve preso recebeu a visita de um juiz? De alguém da PF, do procurador Pedro Taques?

Arcanjo - Sim, por duas vezes

Sibá Machado - Quem foi Luiz Alberto Dondo?

Arcanjo - Um grande contador prestou assessoria pra mim, por meio da Diego Contabilidade.

Sibá Machado - Mas o Nilson é quem operacionalizava?

Arcanjo - Sim.

Sibá Machado - Mas o senhor parece que não sabia o que se passava.

Arcanjo - Eu recebia relatórios. Eu não sabia de algumas coisas.

Sibá Machado - Quem é Adolfo Sesini?

Arcanjo - Trabalhou pra mim

Sibá Machado - Silvia Shirata era sua sócia?

Arcanjo -Tinha 1% do negócios

Sibá Machado - O senhor fez negócios com AL sabia que era maneira de legalizar dinheiro e o senhor sabe que isso não pode ser feito. O senhor tinha conhecimento desse dinheiro? A AL é uma casa sem fins lucrativos. Então...

Arcanjo -Foi o Nilson quem disse. Não estou fugindo da responsabilidade.

Arcanjo - A empresa fez, respondo por isso.

Sibá Machado -Ele tinha autonomia. Afirmava que pagava em dinheiro.

Arcanjo - A factoring não tinha cofre, o dinheiro ficava no banco.

Juvêncio da Fonseca - Porque falam tanto que esse bingo é seu?

Arcanjo - Para desviar a atenção. Eu poderia abrir uma aqui. Porque faria isso lá?

Juvêncio da Fonseca- Mas o senhor abriu um hotel em Orlando? Poderia ter aberto aqui?

Arcanjo -Quem disse que não tenho aqui? Poderia ter. Poderia ter aberto um bingo se quisesse. Cheguei a alugar o prédio, mas desisti. Não deu vontade. Não foi amor. Não gostava disso.

Romeu Tuma - O senhor disse que sabia que atuava na ilegalidade. O senhor usou testas de ferro?

Arcanjo - Não usei. Não tenho testa de ferro.

Juvêncio - O bingo é um negócio disputadíssimo. Por que o senhor não atuou?

Arcanjo - No meu íntimo, não deu vontade. Aqui em Mato Grosso existiram três bingos, muito bonitos, fui na inauguração. Era legal.

Romeu Tuma - Sei que o senhor está mentindo pra mim. Não vou te apertar. O senhor não tem obrigação de se comprometer, mas não tem como sair fora. O senhor enriqueceu sem pagar, nunca tomaram seu dinheiro...

Arcanjo - Não senador. Vão dizer que além de negão sou mentiroso. Eu não queria caça-níqueis. Não queria os bingos.

Romeu Tuma - O senhor era muito amigo de políticos. Ninguém incomodava. Era considerado um bom policial. Qual a sensação de ser um combatente... essa é uma questão que até me emociona....Como alguém que era combatente entra para o mundo do crime?

Arcanjo - Eu sou um contraventor. A verdade vai ser mais forte. Vou provar. A verdade vai aparecer.

Romeu Tuma - O que fez o senhor para essa passagem?

Arcanjo - Não existe no Brasil cidade sem jogo do bicho.

Romeu Tuma - O senhor confirma o depoimento de Nilson? Que Avalone e Novelli faziam operações em nome do governador da época, Dante?

Arcanjo - Sim.

Romeu Tuma - Peço que o depoimento seja anexado aos autos.

Sibá Machado - Inteligência não tem nada haver com escolaridade. Diante de tantas adversidades é muita coisa levantar R$ 1,2 bilhão por mais que a economia seja pulsante. Acho o senhor uma pessoa muito inteligente. O senhor conseguiu crescer sem ajuda de um amigo, sem apoio de um policial...conseguiu operar sem jamais ser molestado. Nos filmes vemos que isso é impossível.

Arcanjo - Isso é coisa de filme. Na vida é diferente.

Arcanjo - Posso ir ao banheiro?

Romeu Tuma - Estamos finalizando.

Romeu Tuma - O senhor conhece Fernando Neuman, procurador da Roanoack?

Arcanjo - Não senador, não conheço.

Welington Salgado - O senhor recebeu comenda de quê?

Arcanjo - Pela Câmara. Comenda Pascoal Moreira Cabral... não lembro quem me deu.

Welington Salgado - O senhor diz que faz tudo com amor, mas não dá para operar factoring por amor. É dinheiro...

Arcanjo - Mas eu gostava.





Fonte: A Gazeta

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