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Cidades/Geral
Quarta - 10 de Maio de 2006 às 07:06
Por: Natacha Wogel

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A possibilidade de haver uma conexão entre João Arcanjo Ribeiro e a morte do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, assassinado em 2002, não pôde ser confirmada ontem durante seu depoimento concedido a cinco membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. O bicheiro voltou a negar que conhecesse algumas das pessoas supostamente responsáveis pelo crime, Ronan Maria Pinto, empresário de Transportes do ABC Paulista, e Sérgio Gomes da Silva, “o Sombra”, ambos “beneficiários” do esquema de propina que existia na prefeitura.

Arcanjo também disse desconhecer a suposta cozinheira de seu buffet Estância 21, Zildete dos Reis, que teria denunciado a ligação do bicheiro com a morte de Celso Daniel. “Na Estância 21 nunca teve cozinheira na época, era só cozinheiro. Dela, eu nunca ouvi falar, ela não existe”, declarou. Sobre o ex-segurança Joaci das Neves, que teria dito que Ronan, Arcanjo e Sérgio Gomes tramaram o crime na Estância 21, com a escolha inclusive da arama que seria utilizada, o bicheiro também disse que só o conhecia pela imprensa e por ter sido funcionário do sargento José Jesus de Freitas. “E vi que ele tinha problema mental, pela imprensa”, completou.

A suposta sociedade que Arcanjo teria com o empresário Ronan Maria Pinto nas offshores uruguaias em empresas de transportes também foi afastada pelo bicheiro. Ele disse aos senadores que sua offshore, a Lyman, em Montevidéu, apenas operava para si e que nunca fez qualquer negócio com o empresário. Também falou que nunca atuou no ramo de transportes, nem em Mato Grosso, ou qualquer outro estado.

Em síntese, Arcanjo repetiu as declarações já feitas à imprensa em entrevista coletiva durante aproximadamente uma hora e meia de depoimento. Por isso, não foi possível sequer estabelecer uma relação entre os jogos de contravenção praticados por ele por mais de 20 anos e a atividade de bingo, investigada pelos senadores que compuseram a sub-comissão em Cuiabá – Romeu Tuma (PFL-SP), presidente do ato, Wellington Salgado (PMDB-MG), Sibá Machado (PT-AC), Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS), relator, e Antero Paes de Barros (PSDB-MT).

A informação de que Arcanjo seria proprietário do bingo Palácios, localizado no Setor Sul de Brasília, também foi negada pelo bicheiro. Conforme os senadores, o ex-contador de Arcanjo, Luiz Alberto Dondo Gonçalves, que também está detido no presídio Pascoal Ramos, teria participação no empreendimento, agindo como ‘testa de ferro’ dele. “Eu tenho quase certeza que o Dondo não tem participação nesse bingo. Tive a oportunidade de ter bingo aqui em Mato Grosso e não quis, porque não acredito. Quando você não acredita, não adianta mexer. Meu íntimo nunca quis”.

Quanto à prática da contravenção no Estado, Arcanjo chegou a informar que dava um jeito para declarar os rendimentos à Receita Federal. “Eu sempre dava uma jeito para declarar o imposto. Pegava uma empresa que não estava ‘bem das pernas’ e declarava. Sabia que era melhor pagar imposto e justificar a renda”. A resposta do relator ao comentário foi que pediria à assessoria da Receita Federal para explicar como se cobraria imposto da contravenção penal e da marginalidade de qualquer atividade. “Isso é uma coisa nova para mim”.

Para o presidente da sub-comissão, Romeu Tuma, Arcanjo mentiu durante boa parte do depoimento. “Ele encobriu muitas coisas, colocando nas costas do Nilson (Teixeira, ex-gerente das factorings). É claro que a gente sente que ele está super-orientado, está preso e não tem nada a perder. Ele escamoteou alguns valores importantes nas perguntas. É um direito dele não se incriminar”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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