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Economia
Quarta - 10 de Maio de 2006 às 01:00

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Os criadores de suínos do Brasil podem ter uma propriedade ecologicamente correta e ainda ganhar dinheiro por evitar o aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera. Isso sem gastar um real sequer. A proposta é da AgCert, uma empresa irlandesa que já está no Brasil desde 2002, que trabalha com créditos de carbono. O trabalho da AgCert foi apresentado hoje (09) em uma palestra no IV Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec) pelo gerente regional de Operações Ambientais da empresa, Paulo Furtado.

Com aproximadamente 900 contratos assinados no Brasil, a AgCert constrói biodigestores nas propriedades de criação de suínos, que são lagoas de tratamento de dejetos, impermeabilizadas e cobertas com lona plástica. Por meio desses biodigestores é feito um pré-tratamento dos efluentes e captação dos gases da decomposição, aqueles que causam o efeito estufa. A queima desse biogás, como é conhecido, gera os chamados créditos de carbono, que são vendidos para os países mais industrializados, os maiores emissores de gás e, em conseqüência, com grande potencial de poluição do ar. Com o dinheiro desses créditos a AgCert paga a obra, a manutenção, operação, remunera o investimento e ainda repassa 10% do faturamento para o produtor.

Hoje, a AgCert tem no Brasil 450 biodigestores construídos em 228 propriedades rurais. Segundo Furtado, isso representa 60% da suinocultura brasileira. Mas não é qualquer propriedade que pode abrigar esse projeto. As especificações mínimas exigidas são 300 matrizes em ciclo completo ou 7,2 mil cevados por ano. “É uma forma das propriedades continuarem a crescer sem causar danos ao meio ambiente. É o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”, diz o gerente da AgCert.

Os contratos da AgCert com os suinocultores são fechados por 10 anos. Após esse período, o produtor paga R$ 1,00 pelo comodato do biodigestor. Furtado lembra que, além do tratamento dos dejetos e da queima do gás que gera os créditos de carbono, o suinocultor ainda ganha com o biofertilizante que é gerado no processo e com a transformação do gás metano em energia elétrica para consumo próprio. Toda a obra, manutenção e operação do biodigestor é de inteira responsabilidade da AgCert. Os biodigestores são certificados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Créditos de carbono – São certificados que países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, podem emitir para cada tonelada de gases do efeito estufa que deixa de ser emitida,ou seja, retirada da atmosfera. As Reduções Certificadas de Emissões (CERs), como são conhecidas, podem ser comercializados com países industrializados que não conseguem ou não desejam reduzir as suas emissões internamente. É como se comprassem o direito de poluir, investindo, em contrapartida, na preservação em países em desenvolvimento. O comércio mundial desses créditos começou com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto e um dos principais mercados é o europeu.

O Protocolo de Kyoto foi assinado na cidade de mesmo nome, no Japão, em 1997. As nações se uniram em um acordo global que prevê a redução de 5,2% das emissões dos principais gases poluentes, tendo como referência o nível registrado em 1990. O objetivo é fazer com que os países industrializados (os principais responsáveis pelo efeito estufa) façam a redução e controle na emissão de gases, atingindo a meta até 2008-2012.





Fonte: Da Assessoria

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