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Economia
Terça - 09 de Maio de 2006 às 07:46
Por: Mariana Perez/Bruno Garcia/Dan

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Como o prometido, produtores rurais de Mato Grosso voltaram a realizar uma nova ofensiva de protestos do Grito do Ipiranga. Agora os bloqueios às rodovias, ferrovias e às empresas são por tempo indeterminado. Ontem, os trilhos da Ferronorte voltaram a ser obstruídos, desta vez com uma mistura de terra e cascalho, na altura do município de Alto Taquari (510 quilômetros ao Extremo Sul de Cuiabá). Mesmo carregados no terminal de cargas da ferrovia, em Alto Araguaia (460 quilômetros ao Sul de Cuiabá), 134 vagões foram impedidos de seguir viagem até o porto de Santos.

Ao Norte, desde a meia noite de ontem, todos os carregamentos de carne bovina estão retidos pelo bloqueio feito em Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá).

Em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá), além da interdição das BRs 364 e 163, os manifestantes queimaram uma colheitadeira ao lado do Posto Trevão, onde estão montadas as barreiras, no entroncamento entre as duas rodovias. O produtor Aimoré Moreira ateou fogo na máquina como mais uma forma de chamar a atenção para a crise da agricultura.

FERRONORTE -– O produtor de Alto Araguaia, Guiomar Borges, explica que a obstrução aos trilhos chegou a ser feita pela manhã, “mas que houve muita pressão por parte da Ferronorte. Acabamos liberando o tráfego, mas os produtores de Alto Taquari interditaram os trilhos à tarde. Apesar de tudo, temos aqui o apoio de multinacionais como Cargil e Galvani”. O presidente da Brasil Ferrovias -- controladora da ferrovia --, Elias Nigri, não retornou o contato.

Com a trégua de sábado e domingo, Borges conta que 134 vagões foram carregados, o equivalente a 13,4 mil toneladas. “Estão parados 121 vagões de farelo de soja da Ferronorte, três com soja da Cargil e 10 com óleo vegetal da Coinbra. As entradas para as empresas do terminal de Alto Araguaia estão bloqueadas”. Segundo produtores, 20 mil/t são operadas/dia no terminal de cargas de Alto Araguaia.

A menos de 100 quilômetros dali, em Taquari, o gerente sindical Rudimar Lang, confirma a interdição e vai além. “O acesso ao terminal de combustíveis da ferrovia -- um pool da Ipiranga e Petrobras -- também está trancado". No bloqueio à rodovia MT-100 -- que liga o Estado a Goiás e ao Mato Grosso do Sul -- cerca de 300 caminhões estavam retidos até o final da tarde de ontem. “Hoje, o movimento será incrementado em Alto Garças, com produtores de Mato Grosso e Goiás, e também reforçado em Rondonópolis”.

SINOP – “A finalidade dos manifestantes com o bloqueio do tráfego de carnes é desabastecer o mercado na esperança de obter reflexos positivos com a ação”, afirma um dos líderes do protesto, o presidente do Sindicato Rural de Feliz Natal, Sérgio Barbieri. “Se não for resolvido nada na reunião com o ministro da Agricultura [hoje], iremos bloquear todos os caminhos, com ou sem carga”.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), Luís Carlos Freitas, estima que caso o bloqueio seja geral no Estado, os frigoríficos deixarão de movimentar mais de R$ 9 milhões diariamente. Esses números poderiam ser maiores, pois houve uma redução na capacidade de abate das indústrias em 50%, deste a última semana, com a intensificação dos protestos. “Constatamos uma redução nos abates que devem estar em torno de 18 mil cabeças dia, isso representa metade do nosso potencial”, afirma.

Questionado se existe a possibilidade de desabastecimento de carne no mercado estadual e nacional, o presidente do Sindifrigo afirma que nos grandes centros (São Paulo e Rio de Janeiro) as chances são grandes. No Mato Grosso as plantas abastecerão “tranquilamente” as necessidades.

MOVIMENTO -– As manifestações completam hoje 23 dias desde o início em Ipiranga do Norte (162 quilômetros de Sinop), quinze dias da adesão dos produtores do Nortão e nove dias de mobilizações no Sul do Estado.





Fonte: Diário de Cuiabá

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