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Cidades/Geral
Domingo - 07 de Maio de 2006 às 08:32

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Os traficantes do bairro Jardim Vitória estão ditando normas para serem seguidas pelos moradores. "As Regras da Baixada" estão impressas em cartazes, colados nas portas de pequenos comércios e áreas públicas de grande circulação. Prevêem que se não forem cumpridas o transgressor será "duramente penalizado com atestado de óbito".

Entre as regras está a proibição de uso de drogas próximo a pessoas e moradias do bairro e a proibição de roubos entre as ruas 23 e 31. Na lista de normas não é permitido roubar coletivos e as instituições que beneficiam o bairro. A terceira "cláusula" está relacionada diretamente ao grupo e diz que "é expressamente proibido prejudicar os irmões (sic) da baixada com calotes. Entregando, ou seja, não prejudicar para não ser prejudicado".

Está cláusula seria a mais importante da lista de recomendações e está relacionada a recente prisão de um membro da gangue, acusado de estupro. O objetivo do grupo é intimidar a comunidade para evitar que denuncie outros criminosos.

O "contrato" tem data de 27 de abril e um espaço destinado a assinatura dos moradores, para confirmarem que estão cientes das novas regras. Elas teriam sido coladas em diversos pontos por uma adolescente, namorada de um dos supostos líderes da "baixada". A ação foi feita com tranqüilidade, durante o dia.

A certeza de impunidade em relação a traficantes, estupradores e assaltantes que moram na região faz com que a lei do silêncio impere. A própria polícia diz que no Jardim Vitória é difícil obter informação sobre criminosos entre a comunidade. O comerciante C. que já teve o pequeno mercado assaltado várias vezes, confirma que não adianta se rebelar contra os criminosos. "Eles roubam e são presos em flagrante pela Polícia. No outro dia já estão soltos e passam rindo pela gente". Ele cita o caso de um comércio vizinho que foi roubado na manhã de domingo e na terça-feira o criminoso já tinha voltado para o bairro.

"Os traficantes daqui quando são presos já encontram pelo menos 2 advogados esperando por eles na delegacia. Essa é a nossa Justiça", desabafa N., comerciante pequeno que como todos os demais paga um segurança particular para ficar o dia todo diante do pequeno mercado.

Para motoristas e cobradores de ônibus que trabalham na região, a "cláusula" que prevê que roubo a ônibus no Jardim Vitória é "mancada gravíssima", não tem nenhum efeito concreto. "Os assaltos e atos de vandalismo fazem parte da rotina. É quase um castigo trabalhar aqui", garante.

Trabalhadores do transporte dizem que nos finais de semana a situação é ainda mais crítica. Poucos pagam passagem. Simplesmente pulam as catracas em grupos. Praticam os assaltos e depois saem tranqüilamente até um bar próximo onde gastam o dinheiro roubado.

A escuridão do local onde deveria haver uma praça e ficam os coletivos no ponto final é uma das maiores aliadas dos criminosos.





Fonte: Gazeta Digital

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