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Nacional
Sábado - 06 de Maio de 2006 às 21:40

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No centro da pior crise política da sua gestão, a governadora Rosinha Garotinho transferiu seu gabinete para a sede do PMDB, no Centro do Rio, de onde pode despachar com o secretariado e acompanhar a greve de fome do marido, o ex-governador Anthony Garotinho. Em entrevista a O DIA, ela acusou empresas de comunicação de perseguição política e aproveitou para atacar líderes nacionais peemedebistas. "Eles querem fazer (convenção) porque querem continuar sendo beneficiados com carguinhos no governo Lula", disse.

Ao lado do procurador-geral do estado, Francesco Conte, Rosinha anunciou que entrou na Justiça contra as Organizações Globo e a revista Veja, edindo direito de resposta às acusações. Ela disse que a Fundação Roberto Marinho participa de um convênio com o governo do estado e o Viva Rio na área educacional.

"O Viva Rio, que é uma ONG ligada às Organizações Globo, participa da mesma forma que eles estão denunciando as outras. Baseado na mesma lei. E o Viva Rio, contratado por nós, contratou serviço da Fundação Roberto Marinho. É parceria com o governo do estado", disse Rosinha. Em respostas às pressões internas no PMDB, governadora diz estar pronta para lutar contra os governistas na legenda pelo espaço do marido na disputa à Presidência. Afirma, porém, não se surpreender com uma derrota. "Não nascemos políticos", falou.

Acompanhe a entrevista feita pelo O Dia.

Como o governo do estado pretende responder e se defender de denúncias?

Agora, na Justiça. Todo mundo acompanhou, por parte das Organizações Globo, desde o Fantástico de domingo passado que, se nós apresentássemos as documentações e as respostas, que as Organizações Globo colocariam. Pois nós demos as respostas e eles não colocaram. Hoje (sexta-feira), o advogado do Garotinho e o procurador do estado entraram na Justiça pedindo direito de resposta, documentado.

A senhora vai apresentar os contratos? Tudo documentado.

Uma denúncia é de que três ONGs ¿ IBDT, Inap e Inep ¿ concentraram R$ 82 milhões, 32% do total investido pela Fesp.

Olha, nós não medimos nenhuma irregularidade pelos recursos anunciados que uma ONG, duas, três, quantas forem, recebem do governo do estado. Nós medimos se o serviço foi prestado.

E o serviço foi prestado? Com certeza foi prestado. Farmácia Popular, Emergência em Casa, os Reservistas da Paz. Está tudo lá.

Mas não é estranho que essas ONGs tenham participado de doações para a campanha?

Mas essas ONGs não participaram de doações para a campanha.

Mas não é estranho que alguns integrantes sejam sócios de firmas que fizeram doações... A legislação, quando me manda contratar qualquer empresa e ONGs, não me manda investigar os sócios. Ela tem que estar constituída, regularizada, com a documentação em dia. Não me manda investigar antecedentes, os sócios, nada disso.

E quem fiscaliza a prestação desses serviços?

O Tribunal de Contas do Estado. A própria auditoria de cada órgão. Passamos por várias auditorias: interna de cada órgão, do estado e o Tribunal de Contas e, ainda assim, eu criei uma comissão, presidida pelo meu procurador-geral, Francesco Conte,para rever tudo isso.

É normal que uma fundação concentre tantos recursos, seja responsável por tantas pastas e que destine 95% desses recursos a empresas sem licitação? Uma das obrigações da Fesp é essa.

O quê?

Contratar, arregimentar serviços, pessoas, selecionar e treinar. E eu estou completamente dentro da lei. Eu posso contratar as ONGs, da forma que estão sendo, dentro da lei. E ainda assim tivemos o cuidado de pegar a que apresentou menor preço. Todos os governos dentro do País trabalham nesta lei (8.666). Não fui eu que criei a lei. Se alguém está contrário, entra contra a lei e manda acabar com ela.

O que está em questão não é só a forma como a contratação dessas ONGs foi feita, mas a coincidência de que várias delas têm vínculos com secretários de estado e a pré-campanha do ex-governador Anthony Garotinho. Não é uma coisa de fachada. A Fundação Pró-Cefet é tão reconhecida que a Petrobras está gastando aqui para fazer um programa igual ao nosso.

A questão não é de contratações, mas também dos vínculos que essas organizações possuem, seja através de seus sócios...

Se tem o menor preço, se está enquadrada na legislação, qual é a dúvida? Porque do jeito que as Organizações Globo estão colocando essa questão, é para querer insinuar que tem desvio de verba. Não tem. Foi cadastrada, deu o menor preço, está enquadrada na legislação e o serviço está sendo prestado.

E a senhora tem tudo isso documentado? Tudo documentado.

Quantas pessoas são empregadas hoje através da Fesp?

Não tem esse número. Quantas pessoas? Olha, nós temos o programa Emergência em Casa, os Reservistas da Paz, a Farmácia Popular. São vários programas que estão incluídos dentro da Fesp porque ela tem a capacidade para fazer isso.

Teríamos acesso a esses papéis? Quantas pessoas, empresas... Está no Tribunal (de Contas). Tudo lá. Tudo tem que ir para lá.

A senhora apóia a iniciativa de investigar aquelas pessoas que foram aos jornais e disseram: ¿Eu não sou sócio disso, não. Botaram meu nome aí¿?

Onde?

Alguns sócios de empresas doadoras. Mas aí é a empresa ver isso. Não cabe ao governo do estado estudar quem é sócio. A documentação exigida por lei não pede isso. Se a ONG, por acaso, ou qualquer empresa, tiver algum tipo de problema, é a Receita Federal, não sou eu. O que é do governo do estado está legal.

O ex-governador disse que vai devolver os R$ 650 mil arrecadados.

O Garotinho disse que vai devolver porque começaram a atacar, porque ilegalmente não existe nada. Numa forma e num gesto de tentar mostrar maior transparência, mais do que colocar na Internet, num gesto ainda de mostrar maior transparência, disse: ¿Está criando confusão, é isso? Ilegal não é, então, eticamente, eu vou devolver¿.

E vai devolver? Vai devolver.

De onde virá o dinheiro?

A comissão está levantando agora doações para poder devolver.

O partido está fazendo? Exatamente. O dinheiro foi depositado na conta do PMDB, foi em cheque nominal, foi gasto com tudo o que está na prestação de contas do PMDB, portanto também não teve desvio de recursos.

Então o partido está fazendo uma grande coleta entre os militantes?

Eu não sei como o partido vai fazer. Pode ser doação de empresa, de militantes.

Isso ainda não está estruturado? Não. A comissão do partido está vendo. O quadro é que estão fazendo um levantamento. Parece que os prefeitos se prontificaram a ajudar, aí eu não sei qual é, mas vai estar, de qualquer maneira, na prestação de contas.

E há possibilidade de o ex-governador participar da convenção no dia 13? Ele, pessoalmente, não, mas dependendo do estado de saúde dele eu vou estar lá. Existe um grupo de deputados que está preparando um pessoal para levar lá. Para mim, a convenção é um golpe. Eles querem fazer para ficar tumultuando porque querem continuar sendo beneficiados com carguinhos no governo Lula.

Na hipótese de não haver candidatura, qual o destino da família Garotinho no Rio?

Nós não nascemos políticos. Vamos trabalhar em outra coisa, outro setor.

Em quê? Eu sou radialista, o Garotinho é radialista.

Voltariam para Campos?

Não sei. É muito cedo para falar isso. Voltar para Campos, ficar no Rio, ir para qualquer lugar, para mim não é isso.




Fonte: O Dia

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