Risco faz PM mudar local de audiência

O bicheiro João Arcanjo Ribeiro deve prestar depoimento aos senadores membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos no auditório do Comando Geral da Polícia Militar ou em uma sala do Comando do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na próxima terça-feira. A iniciativa partiu do comandante do Bope, Gilson Farid, por acreditar que a penitenciária Pascoal Ramos não seria o local ideal para receber parlamentares e o público que estará presente na audiência.

“Nós tomaremos a decisão sobre qual será o local na segunda-feira, depois de uma reunião na superintendência da Polícia Federal, que fará a segurança dos parlamentares. Eu dei essa sugestão ao secretário de Segurança (Célio Wilson) e ele acatou, pensando na melhor acomodação de todos que participarão da audiência. Além disso, o presídio é um local de altíssimo risco. Não é sensato levar parlamentares e o público a um local cheio de presos”, argumentou Farid.

Assim, o bicheiro será transladado pelo efetivo do Bope, com aproximadamente 80 homens, para o local definido. O Comando do Bope fica na rodovia que vai para o Distrito da Guia e o Comando Geral da PM, no final da avenida do CPA.

O depoimento de Arcanjo está agendado para 10h30, segundo a programação fornecida pela Secretaria de Segurança Pública. Os senadores que virão a Mato Grosso, com chegada prevista para o final da tarde de segunda-feira, são Romeu Tuma (PFL-SP), presidindo a comissão, Sibá Machado (PT-AC), Wellington Salgado (PMDB-MG), Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS) e Leomar Quintanilha (PC do B – TO).

A oitiva de Arcanjo foi definida como importante para as investigações pelo presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), tendo em vista o longo período em que comandou uma atividade de jogo de azar. “O Arcanjo tem ligações com jogos de azar, de bingos. Ele pode ter contatos e conexões que a CPI investiga. Vamos tentar informações sobre a sociedade dele com Ronan Maria Pinto. Isso já foi constatado”, comentou na semana passada.

A CPI dos Bingos estabeleceu ligações do bicheiro com o empresário de Transportes, Ronan Maria Pinto, um dos acusados de beneficiar-se com o esquema de propina da prefeitura de Santo André (SP), cujo prefeito, Celso Daniel, foi assassinado em 2002. No início desta semana, Arcanjo disse em entrevista coletiva que não conhece o empresário e não sabe nada sobre a morte do prefeito Paulista.

AUDIÊNCIA - Mais uma audiência nos processos que apuram homicídios a mando de João Arcanjo foi agendada pela Justiça. No dia 13 de junho, o bicheiro comparecerá à inquirição de quatro testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público no processo sobre a morte do empresário Mauro Manhoso, agendada pelo juiz substituto da 13ª Vara Criminal de Cuiabá, Lídio Modesto da Silva Filho. Os nomes dos depoentes não foram divulgados pelo cartório da 13ª vara porque as intimações estão em aberto.

Mauro Manhoso foi morto em outubro de 2000, executado no centro da cidade por Hércules de Araújo Agostinho, já condenado pelo crime. No interrogatório a que foi submetido, no dia 6 de abril, Arcanjo negou que fosse o mandante do assassinato.

Ainda nos próximos dia 8 e 17, o bicheiro também acompanhará outros depoimentos de testemunhas, a primeira no fórum de Várzea Grande, sobre a chacina de três rapazes, crime pelo qual também é acusado de mandante. A segunda audiência é para a oitiva de duas testemunhas de defesa no processo da morte de Sávio Brandão que ainda faltam depor.