Protesto dos produtores cresce e vai causar desabastecimento
Agricultores da região de Rondonópolis e caminhoneiros do Estado estão bloqueando a BR-163, que dá acesso a Campo Grande e São Paulo, e a BR-364, que dá acesso à Ferronorte e a Goiás, desde segunda-feira.
O protesto, que já dura cerca de 2 semanas, é contra o dólar baixo, o alto preço do diesel, o mau estado das estradas e pedem uma reestruturação de seu endividamento com o Banco do Brasil, tradings e fornecedores de insumos.
Os agricultores barram a passagem de qualquer veículo, e não apenas caminhões carregados de soja, adubos ou fertilizantes.
O bloqueio está revoltando caminhoneiros de outros Estados que estão presos na BR-163.
"Estou devendo R$ 500 nas Casas Bahia e nem assim pedi para o Lula ajudar", dizia o caminhoneiro Messias dos Santos. "Preciso desta viagem para pagar o armário que comprei". Santos estava levando uma carga de sorvetes de São Paulo a Cuiabá, num caminhão frigorificado.
"Não temos culpa se a agricultura foi mal, ninguém mandou pegar mais dinheiro do que podiam pagar", disse o caminhoneiro Israel Hort, que vinha de Santa Catarina.
Ele ficou preso um dia no bloqueio de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul, e estava parado na fila de Rondonópolis desde as 8h de ontem. "Meu carregamento de bananas está apodrecendo", reclamou.
O único veículo autorizado a furar o bloqueio foi um carro funerário, que se dirigia a Rondonópolis.
Os caminhoneiros de MT e MS aderiram ao protesto e pararam na barreira voluntariamente.
O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo Silva, o China, anunciou ontem o apoio ao movimento. "Temos as mesmas reivindicações que os agricultores", disse China.
Ele está orientando os caminhoneiros a pararem a partir de hoje. Ontem, a cidade de Rosário, na Bahia, aderiu ao protesto.
O objetivo é impedir o escoamento da safra da região baiana de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.
Já são mais de 40 municípios em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Bahia que estão bloqueando estradas em protesto. Eles prometem bloquear o escoamento da safra de grãos por tempo indeterminado. Os manifestantes estão barrando caminhões, bloqueando a saída de tradings como a ADM, Bunge e Cargill e Amaggi, e queimando máquinas agrícolas e tratores na pista.
Nesta semana, as cidades de Cascavel e Maringá, no Paraná, Ourinhos, em São Paulo, e Goiás devem aderir ao movimento.
O movimento começou no dia 18 de abril no Norte do Mato Grosso e foi batizado de Grito do Ipiranga, por causa da cidade onde se originou, Ipiranga do Norte.
O governador, Blairo Maggi, afirmou que os embarques de soja e derivados podem ser interrompidos na semana que vem, por causa dos bloqueios dos armazéns das tradings e das estradas. Os bloqueios das tradings ameaçam o cumprimento de contratos do País de exportação de soja.
"O movimento vai continuar e vai causar desabastecimento", disse Rui Ottoni Prado, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja). "É bom se prepararem, porque vai faltar óleo de soja no País", disse um agricultor.
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