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Economia
Quarta - 03 de Maio de 2006 às 01:25

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Da apicultura, não se extraem apenas produtos como cera e mel, mas também prestação de serviço e desenvolvimento de outras culturas. É o que ocorre quando se usam abelhas melíferas como agentes polinizadores em lavouras de girassol e soja. "Colocando duas colméias por hectare, a média de aumento na produtividade da lavoura é de 40% a 60%", afirma o médico veterinário Gustavo Nadeu Bijos, consultor do Serviço Brasileiro de Aprendizagem Empresarial (Sebrae) em Mato Grosso do Sul.

Os resultados de pesquisas recentes nesta área serão apresentados por ele na palestra "O aumento da produtividade nas lavouras de girassol através da polinização apícola" durante o Enipec 2006 - Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária. O evento será realizado entre os dias 7 e 12 de maio em Cuiabá (MT).

Bijos explica que a polinização com abelhas é mais eficaz que outros métodos. "A abelha joga o pólen nos ovários das flores de forma mais eficiente do que outros agentes polinizadores como as borboletas, por exemplo". No caso da soja, os resultados se refletem no peso dos grãos, na qualidade do óleo e no aspecto do fruto. A forma de se fazer isso é simples: o agricultor contrata os serviços de polinização do apicultor durante a florada da cultura. O apicultor instala as colméias na lavoura e fica responsável pelo manejo.

Nas plantações de girassol, pesquisas apontam que os teores de óleo das sementes podem aumentar de 32,4%, com a polinização normal, para 38,8% com as melíferas. O retorno do investimento chega ao bolso: para cada dólar investido na plantação, afirma Bijos, o agricultor pode receber até 78 dólares.

O dono da lavoura não é o único que ganha com a polinização apícola. O apicultor tem aumento de renda prestando o serviço de "aluguel de colméias". Cada colméia alugada pode render R$ 30 a R$ 40 por quinzena. Nos pomares de maçã em Santa Catarina, por exemplo, chega a faltar colméia na época de florada. A técnica também está sendo usada nos pomares de melão no Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.

Em Mato Grosso, no município de Conquista D'Oeste, onde funciona a primeira cooperativa de apicultores do Estado, as lavouras de girassol tiveram aumento de 30% na produtividade com a técnica.

No entanto, estas iniciativas são pontuais. Na maioria das regiões apícolas, o apicultor só se interessa pelo mel e ainda paga para utilizar a lavoura. "A polinização ainda é muito recente no país como outra alternativa de renda para o apicultor. O Brasil está engatinhando nisso", afirma o consultor. Em outros países, a situação é diferente. "Os Estados Unidos só compram abacate do Chile se tiver sido polinizado porque o fruto sai mais perfeito. Na Argentina, estão fazendo testes na polinização de pasto para gado de corte e de leite", conta. Rússia e Israel também já adotam a técnica.

DIVERSIFICAÇÃO - A polinização apícola pode ser usada em diversas culturas como feijão, algodão, soja, girassol, maçã, laranja, melão e até berinjela. No entanto, lembra Bijos, o manejo é diferenciado para cada uma. Para que alcance resultados satisfatórios, o trabalho de polinização deve ser acompanhado de informações sobre os níveis de polinização, viabilidade econômica da execução do programa, estratégia de polinização, treinamento de pessoal, interpretação dos dados e acompanhamento constante dos resultados etc.





Fonte: Da Assessoria

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