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Economia
Sábado - 29 de Abril de 2006 às 16:22

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A estratégia utilizada pela classe produtora em reter cargas agrícolas nas manifestações realizadas ao longo da semana pela classe, nas rodovias federais e estaduais, na avaliação da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e dos sindicatos rurais filiados à entidade, é uma sinalização clara de redução da Safra 2006/2007. “A próxima safra já está comprometida. Teremos uma redução significativa de produção, ao em torno de 30% até 50%, se não houver a implementação de medidas preventivas por parte do governo Federal. As nossas perdas já somam 250 dólares por saca, não plantando vamos deixar de ter este prejuízo. Não temos segurança em relação à recuperação da renda do setor para quitar os débitos”, constatou Homero Pereira.

O protesto dos produtores rurais que teve início de maneira espontânea está, aos poucos, contaminando todos os municípios mato-grossenses e até outros Estados. Mais do que isso, já tem o apoio da sociedade organizada. A reunião de avaliação do movimento e definição de novas estratégias, nesta sexta-feira (28.04) na Famato, além de produtores rurais de mais de 20 municípios, diretores das associações de Produtores de Soja (Aprosoja) e de Algodão (Ampa), contou com a participação de estudantes de agronomia das universidades, em Cuiabá, e do representante da União nacional dos Caminhoneiros (Unicam). No auditório lotado foi consenso que o movimento é um direito democrático, nasceu da base e não pode ser cerceado. “Na verdade, estas manifestações são a continuidade do movimento de alerta ao governo Federal que começou a ser realizado pelas lideranças ruralistas em novembro de 2004, Desde então, fizemos uma série de reuniões com as autoridades em Brasília e nada foi feito de concreto para recuperarmos a nossa renda”, ressaltou Pereira.



Os estudantes de agronomia, filhos de produtores rurais do interior do Estado, manifestaram a preocupação em relação às dificuldades enfrentadas pelos pais nas propriedades. A perda de renda da família ameaça a continuidade da formação profissional tão sonhada pelos pais de cada um. “O nosso custo somando faculdade e os gastos com habitação e alimentação é de quase R$ 2 mil. Vai ser difícil continuar estudando diante da atual situação financeira dos nosso pais”, resumiu o estudante da Univag, em Cuiabá,, Marcelo Pascualate, filho de um pequeno agricultor em Canarana. O presidente da Famato, em apoio ao estudantes, disse que vai negociar a renovação do convênio com a Univag que garante 20% de desconto aos filhos de produtores encaminhados pela entidade.

O representante da União Nacional dos Caminhoneiros do Brasil (Unicam) e membro do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Mato Grosso, Walter Pereira de Souza, também manifestou apoio do setor. “Se a agricultura parar, os caminhoneiros não terão mais nada que puxar no Estado. O setor de transporte já está caótico e, se a agricultura parar vai ficar pior ainda”, garantiu Walter de Souza.

Segundo Pereira, não há uma definição da dimensão total do movimento que teve início no município de Ipiranga do Norte (450 km de Cuiabá) - por isso, denominado Grito do Ipiranga - mas é certo que o protesto vai contagiar outros municípios e outros estados e cai acabar em Brasília. Os Estado de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Rodônia já aderiram.

Na terça-feira (02/05) o Estado de Goiás dá início a mobilização. Em Mato Grosso, também na semana que vem, municípios como Rondonópolis (230 km de Cuiabá) dão início ao protesto. O diretor da Aprosoja no município, Ricardo Tomczik acredita que governo não pode desarticular o setor que representa 80% da Balança Comercial do País, 40% dos empregos e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Nós estamos muito indignados com esta posição em nos deixar a margem deste processo de atenção que ele tem dado a alguns setores como banqueiros e a Petrobrás que teve o ano passado um lucro de 40 bilhões de dólares”, disse o produtor..

MEDIDAS URGENTES - As medidas consideradas imprescindíveis para que o produtor se mantenha na atividade e tenha competitividade no mercado internacional são: a redução da taxa de juros, a desoneração tributária, A importação de agroquímicos, a redução do valor do óleo diesel, do frete que hoje compromete 50% do custo de produção, e ainda a definição da ferrugem asiática como epidemia, um seguro rural compatível com a realidade do setor e investimentos em infra-estrutura.

São reivindicações de curto e médio prazos, que hoje representam o grande impasse para a manutenção da agropecuária mato-grossense.”A política macroeconômica do governo está tirando a nossa competitividade. A taxa de juros alta faz com que o real fique super valorizado frente ao dólar, o preço do combustível, é um item importante na nossa pauta de produção, pagamos aqui 50% a 70% a mais que os nosso vizinhos da Argentina no preço dos defensivos, ninguém suporta a carga tributária , pagamos 38% do consumo em impostos e há um total descaso com a nossa infra-estrutura”, justificou Homero Pereira. O presidente da Aprosoja, Rui Prado, disse que a ferrugem asiática extrapolou a capacidade de controle dos produtores rurais.





Fonte: 24Horas News

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