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Economia
Sexta - 28 de Abril de 2006 às 14:22
Por: Daniele Danchura

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Uma das exigências dos produtores rurais será atendida pelo governo federal. O Banco do Brasil anunciou ontem a prorrogação de dívidas rurais vencidas e a vencer em 2006 dos programas de financiamento e custeio de safra. Em Mato Grosso essas dívidas totalizam R$ 776 milhões, mas apenas R$ 476 milhões serão refinanciados, conforme os produtores se adaptem às exigências bancárias. Os outros R$ 300 milhões terão que ser negociados pelo processo comum do banco.

Dos R$ 476 milhões, R$ 300 milhões serão direcionados para investimento, R$ 30 milhões para custeio e R$ 146 milhões para CPR (Cédula de Produto Rural - título cambial que permite ao produtor ou às cooperativas antecipar recursos obtidos com a venda da produção).

No total, a dívida de R$ 776 milhões está dividida da seguinte forma: R$ 330 milhões de custeio, R$ 146 milhões de investimento (total que está em atraso, sem as parcelas que irão vencer) e R$ 300 milhões de CPR. “Todas as parcelas de investimento serão parceladas, menos as do FAT-integrar (Fundo de Amparo ao Trabalhador). As demais, do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Finame, Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) e MCR-6.2 e 6.4 (Manual do Crédito Rural) entram no pacote”, explicou o superintendente do Banco do Brasil em Mato Grosso, Renato Barbosa.

Segundo ele, essa prorrogação será feita apenas para as parcelas vencidas em 2006, e que irão vencer até julho deste ano. O produtor que tiver outras parcelas vencidas não poderá aderir à prorrogação. “Não precisa de muita burocracia para prorrogar os investimentos. Basta apresentar uma carta até 30 de julho”, completou Barbosa. v No caso do custeio, só poderá fazer o re-refinanciamento quem já havia feito o refinanciamento no ano passado, em relação às safras 2004 e 2005, de dois ou três anos. “Quem fizer agora poderá refinanciar em até cinco anos, em cinco parcelas anuais de 25%, com juros de 8,75% e o valor inicial da dívida. Sem pagar multas de inadimplência e manterá o crédito”, contou o superintendente.

O produtor que está com parcelas atrasadas não fez o refinanciamento de dois ou três anos, e o que fez a prorrogação para março e abril deste ano não poderá fazer o refinanciamento. “Eles só poderão fazer um rescalonamento normal pelo banco”, esclareceu Barbosa.

Até o final do ano passado, a dívida total de estoque de aplicação era de aproximadamente R$ 5 bilhões. Atualmente, apenas 19% restaram, totalizando R$ 960 milhões, sendo R$ 746 milhões vencidos e que irão vencer mais os R$ 204 milhões que ainda estão em aberto no caso de produtores que fizeram propostas, mas ainda não aderiram ao prorrogamento das dívidas para março e abril deste ano. Neste caso, o prazo se encerra hoje. “Nós tivemos R$ 204 milhões de propostas, num total de 546 produtores que formalizaram as propostas. Destes, R$ 77 milhões foram contratados e já deram a entrada, totalizando R$ 15,4 milhões em entrada. Restam ainda R$ 127 milhões que ainda não foram contratados, e que devem decidir isso até amanhã (hoje)”, concluiu o superintendente.

BB trabalhará com mercado de opções

O superintendente do Banco do Brasil, Renato Barbosa, acredita que o refinanciamento das dívidas é um investimento que interessa a todos os produtores agrícolas, apesar da maioria no caso do custeio ter que buscar outros canais de negociação. “A maioria dos clientes irá fazer uma nova safra. Muita gente vai fazer o esforço necessário para continuar, mas para isso acredito que os produtores vão ter que reduzir a área plantada. Eles terão pouco investimento do setor privado e não é inteligente deixar o banco para trás”, ressaltou.

De acordo com Barbosa, para as safras 2006 e 2007 o Banco do Brasil fará uma trava de preços, ou seja, trabalhará com mercado de opções. “Todos os custeios terão que ter a aprovação do preço da saca para ficar protegido, e se acharmos conveniente pediremos o Hed-Cambial, onde o produtor fecha um valor do dólar futuramente, ou seja, vai orçar o que irá receber adiante”, explicou. Barbosa acredita que isso possa limitar os financiamentos, mas espera que “as pessoas sejam inteligentes e façam a adesão. Quem não quiser que procure outro para financiar”, alertou.

Apicultura será um dos assuntos do Enipec 2006

Da apicultura não se extraem apenas produtos como cera e mel, mas também prestação de serviço e desenvolvimento de outras culturas. É o que ocorre quando se usam abelhas melíferas como agentes polinizadores em lavouras de girassol e soja. “Colocando duas colméias por hectare, a média de aumento na produtividade da lavoura é de 40% a 60%”, afirma o médico veterinário Gustavo Nadeu Bijos, consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Mato Grosso do Sul. A técnica já está sendo usada em Mato Grosso, no município de Conquista D'Oeste, onde funciona uma cooperativa de apicultores.

Os resultados de pesquisas recentes nesta área serão apresentados pelo consultor na palestra “O aumento da produtividade nas lavouras de girassol através da polinização apícola”, durante o Enipec 2006 – Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária. O evento será realizado entre os dias 7 e 12 de maio em Cuiabá.

Bijos explica que a polinização com abelhas é mais eficaz que outros métodos. “A abelha joga o pólen nos ovários das flores de forma mais eficiente do que outros agentes polinizadores como as borboletas, por exemplo”. No caso da soja, os resultados se refletem no peso dos grãos, na qualidade do óleo e no aspecto do fruto. A forma de se fazer isso é simples: o agricultor contrata os serviços de polinização do apicultor durante a florada da cultura. O apicultor instala as colméias na lavoura e fica responsável pelo manejo. Nas plantações de girassol, pesquisas apontam que os teores de óleo das sementes podem aumentar de 32,4%, com a polinização normal, para 38,8% com as melíferas. O retorno do investimento chega ao bolso: para cada dólar investido na plantação, afirma Bijos, o agricultor pode receber até 78 dólares.

O dono da lavoura não é o único que ganha com a polinização apícola. O apicultor tem aumento de renda prestando o serviço de “aluguel de colméias”. Cada colméia alugada pode render de R$ 30 a R$ 40 por quinzena. Nos pomares de maçã em Santa Catarina, por exemplo, chega a faltar colméia na época de florada. A técnica também está sendo usada nos pomares de melão no Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia. Em Mato Grosso, no município de Conquista D’Oeste, onde funciona uma cooperativa de apicultores, as lavouras de girassol tiveram aumento de 30% na produtividade com a técnica.

No entanto, essas iniciativas são pontuais. Na maioria das regiões apícolas, o produtor só se interessa pelo mel e ainda paga para utilizar a lavoura. “A polinização ainda é muito recente no país como outra alternativa de renda para o apicultor. O Brasil está engatinhando nisso”, afirma o consultor. Em outros países, a situação é diferente. “Os Estados Unidos só compram abacate do Chile se tiver sido polinizado, porque o fruto sai mais perfeito. Na Argentina, estão fazendo testes na polinização de pasto para gado de corte e de leite”, conta. Rússia e Israel também já adotam a técnica.

Diversificação

A polinização apícola pode ser usada em diversas culturas como feijão, algodão, soja, girassol, maçã, laranja, melão e até berinjela.

No entanto, lembra Bijos, o manejo é diferenciado para cada uma. Para que alcance resultados satisfatórios, o trabalho de polinização deve ser acompanhado de informações sobre os níveis de polinização, viabilidade econômica da execução do programa, estratégia de polinização, treinamento de pessoal, interpretação dos dados e acompanhamento constante dos resultados, etc. A apicultura é uma das 11 cadeias produtivas contemplada pela programação de palestras do Enipec 2006.





Fonte: Da Assessoria

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