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Agronegócios
Sexta - 28 de Abril de 2006 às 09:17

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Em entrevista ao Estado de S.Paulo, publicada no site do jornal nesta quinta-feira (27.04), o governador Blairo Maggi disse que irá se reunir com governadores de estados produtores como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná para discutir um plano de securitização das dívidas dos produtores rurais com o setor privado. A idéia é lançar um título para renegociar as dívidas dos produtores com fornecedores de fertilizantes, defensivos agrícolas, máquinas e outros insumos.

“Os produtores fizeram muitos investimentos, estão endividados”, disse Maggi à repórter Patrícia Campos Mello. “A prorrogação dos débitos do crédito oficial resolve apenas parte do problema”, acrescentou o governador.

A seguir, a entrevista concedida pelo governador ao Estado:

Qual a situação do Estado hoje, por causa da crise do agronegócio? O Estado está perdendo muito dinheiro. Em relação a 2005, tivemos queda de 15% na arrecadação de ICMS. Vamos ter perda de arrecadação de R$ 700 a R$ 800 milhões neste ano.

Como o governo vê a iniciativa dos produtores de decretar uma moratória branca, adiando os pagamentos a fornecedores de fertilizantes, defensivos, insumos e máquinas? Os produtores estão amargando um prejuízo direto. O produtor gasta R$ 1 mil para plantar um hectare de soja e recebe só R$ 700. Então não se trata de uma opção de não pagar os fornecedores, o produtor não tem como pagar. A medida do governo federal de prorrogar prazos do pagamento das dívidas de custeios e investimentos (o governo anunciou neste mês que vai renegociar dívidas de R$ 7,7 bilhões de custeio e investimentos, contraídas nesta safra) é uma boa alternativa, mas não resolve. Neste momento, além de discutir a moratória branca, se é que se pode chamá-la assim, pensamos na emissão de um título com resgate a longo prazo. A prorrogação dos débitos do crédito oficial resolve apenas parte do problema. A maioria das dívidas dos produtores é com o setor privado.

Então esse título seria uma forma de renegociação das dívidas com os fornecedores de fertilizantes, maquinário... O economista Paulo Rabello de Castro foi contratado pelas associações para discutir a idéia de se emitir um título de longo prazo, lastreado em produção, com aval do governo federal. Seria uma captação de recursos para pagar o setor privado, alongando essa dívida para uns 15 anos. O mercado compraria o título, seria uma securitização. A idéia ainda não foi levada ao governo. Teremos um evento com governadores de Estados produtores. Vamos unir Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais para discutir.

Como o governo do Estado vai lidar com os bloqueios que os produtores estão fazendo na BR-163? O governo tem de manter a ordem. Já houve uma liminar de um juiz federal para a desobstrução das rodovias e da questão dos bancos (os produtores estavam impedindo a abertura de agências bancárias em algumas cidades). A polícia conversou com os produtores, e fizeram um acordo para reabrir os bancos. Agora, os produtores não querem criar confusão, querem só chamar a atenção para o problema.

O sr. é produtor também. É a pior crise que a soja já viveu desde que o sr. começou a produzir? É a pior crise no cenário como um todo. Porque os produtores fizeram muito investimento, estão endividados. Já houve crise pior para a soja, com preços defasados e dólar de R$ 0,80, no Plano Real. Foi terrível. Mas não havia o nível de endividamento com o setor privado que existe hoje. É uma crise brava.

A exportação de soja do Estado deve cair? Fala-se em redução de 30% na área de produção de soja para a safra de 2006-2007. Mato Grosso é o maior exportador e terá 2 milhões de toneladas a menos de produção.

Além de um aval para a securitização da dívida com fornecedores, o que mais vocês esperam do governo federal? Olha, o diesel aqui no Estado custava US$ 0,35 o litro, e hoje custa US$ 1. O frete, por causa disso, saiu de US$ 30 por tonelada até o porto, para US$ 60 a US$ 70. Estamos pleiteando para o Centro-Oeste uma redução da Cide, não podemos ser tratados como Rio e São Paulo, estamos mais distantes, os custos de transporte são muito pesados. Os insumos subiram também. A mão-de-obra - custava US$ 150 um funcionário, hoje custa US$ 250. Para quem está no mercado de exportação, isso tudo pesa. Os custos estão muito altos.

As multinacionais estão reduzindo investimentos no Estado por causa da crise? A crise afasta os investimentos porque não temos mais o crescimento de antes. Essa crise tem atrasado novos projetos de esmagamento no Estado. A Cargill tinha um projeto para montar uma fábrica, até agora não se manifestou. A Bunge queria montar uma nova fábrica na região norte, também não se manifestou. Temos um adiamento de investimentos. Uma fábrica dessas é um investimento de US$ 40 a US$ 50 milhões. Bom, a Bunge já fechou a fábrica em Cuiabá. Está ficando caro para as multinacionais, o pessoal está assustado com os custos. O motivo dessa crise é cambial, tudo fica muito caro com o câmbio como está. Essas empresas que podem fechar e abrir em outro lugar, você não tenha dúvida de que vão fazer isso.





Fonte: Redação/Secom-MT

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