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Economia
Segunda - 24 de Abril de 2006 às 07:44
Por: Mariana Perez

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Há exatamente um ano, executivos da multinacional norte-americana Massey Ferguson ratificaram o interesse em construir a terceira filial brasileira da indústria de máquinas e equipamentos agrícolas em Mato Grosso. Passados doze meses, o discurso muda e assume tom de cautela.

A vinda ao Estado está adiada por tempo indeterminado, mas o executivo Eduardo Sousa Filho, coordenador de marketing da Massey, reforça que existe a vontade de expansão ao Estado e que a indústria “enxerga o imenso potencial que Mato Grosso detém. Existe a nossa pretensão e preferiria não utilizar a palavra adiada. É apenas uma questão conjuntural”.

Na quarta edição da Agrishow Cerrado -- realizada em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá), no ano passado --, em uma coletiva de imprensa, os executivos ratificaram a vinda ao Estado porque previam uma safra (05/06) melhor e a reação do câmbio a partir de 2006. Naquele momento arriscaram dizer que os investimentos da Massey podiam ter início em 2006 ou 2007 em Mato Grosso.

Entretanto, quando se torcia pela reação das commodities e do dólar -- há um ano --, tínhamos uma saca de soja cotada no Sul do Estado a R$ 27 e um cambio médio de R$ 2,60.

Mas o pior aconteceu. Neste momento a oleaginosa despenca para cerca de R$ 17 no Sul do Estado -- onde se obtém a melhor cotação às commodities -- e o dólar permanece em queda livre, e não supera a marca dos R$ 2,15.

Para esfriar ainda mais os ânimos, o economista e doutor em Economia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Alexandre Mendonça de Barros, não aposta em uma cotação superior a R$ 2,25 até o final deste ano.

Quando reafirmaram a vontade de investir em Mato Grosso, os executivos acreditavam no retorno da atividade produtiva do agronegócio aos níveis de 2004 e com o dólar em torno de R$ 3.

“São os sinais que a Massey Ferguson, do conglomerado AGCO, precisa para iniciar o processo de implantação de uma fábrica em Mato Grosso. Com esses e outros critérios atendidos em dois anos, a execução do projeto pode se materializar”, disseram há um ano.

O coordenador de marketing afirma que os recursos orçados para a planta em Mato Grosso não foram divulgados. “E mesmo que as cifras fossem conhecidas, certamente não estariam mais condizentes com a realidade do mercado e do Estado no momento”.

Sousa Filho não revela números, mas diz que as unidades fabris da Massey no Brasil, uma em Canoas (RS) -- onde são produzidos tratores -- e outra em Santa Rosa (RS) -- onde são produzidas colheitadeiras -- trabalham com capacidade ociosa.

“O mercado de colheitadeiras caiu 70% e a unidade de Santa Rosa vai iniciar um período de férias coletivas em maio. Já a planta de tratores está ociosa em 20%, por reflexos da queda de mercado em 30% para esta máquina”.

De maneira genérica, ele conta que o primeiro trimestre de 2006 foi parecido com o mesmo período de 2005. “Estamos num cenário onde não há mudanças. Há muita indefinição pela frente. Existe a necessidade de compra, mas o segmento não tem como fazê-la”.

ESTRATÉGIAS – De acordo com o coordenador de marketing da Massey Ferguson, “ciclos de crise acontecem no segmento agrícola e pecuário. E neste momento temos de nos adequar ao nosso custo, ao pessoal e ao mercado. Se os grãos estão em baixa, a uva, a cana-de-açúcar, o café e algumas área específicas da pecuária vão bem. A estratégia se resume na adequação de custos e ao mercado”.

Segundo Sousa Filho, a Massey Ferguson mantém as exportações, “mesmo sob um câmbio desfavorável, pois existem mercados consolidados. Exportamos máquinas produzidas no Brasil para 90 países, com grande penetração na América do Sul, Argentina, Venezuela e Estados Unidos”.

SALDO – No sábado, após o encerramento da participação da Massey na quinta edição da Agrishow Cerrado, o coordenador regional de vendas da empresa norte-americana, Márcio Porto, sem detalhes, disse apenas que houve venda de tratores e colheitadeiras, “mas abaixo do esperado, e olha que nós praticamente não tínhamos a intenção de vendas”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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