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Economia
Sábado - 22 de Abril de 2006 às 16:50

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"O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse neste sábado em discurso na reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional, que o Brasil se compromete com um superávit primário de "pelo menos 4,25%" em 2006. No dia anterior, o ministro deu declarações contraditórias sobre o superávit em entrevistas. Num momento disse que um superávit superior a 4,25% era coisa de "ortodoxos" e que quem defende uma margem maior quer na verdade que o governo reduza os gastos com programas sociais. Em outro, disse que era possível que o superávit ficasse um pouco acima, 4,3% ou 4,35%.

Existe uma desconfiança entre analistas, especialmente no mercado financeiro, quanto à capacidade de o país cumprir neste ano a meta dos 4,25%, por causa do aumento dos gastos públicos.

Neste sábado, quando questionado em entrevistas sobre o que mudou, Mantega disse que o que queria dizer, quando afirmou que o superávit não seria ampliado, é que não seria muito mais elevado, como 6% ou 7%. "O que eu quis dizer ontem é que fazer um superávit muito elevado significa reduzir gastos sociais", afirmou.

Ele disse que o tamanho exato do superávit vai depender da arrecadação. "Se houver uma arrecadação inesperada e se houver tempo podemos usar para investimento. Se acontecer mais para o fim do ano, pode ser que não tenhamos tempo de gastar e o aí o superávit pode ser maior", disse o ministro.

Otimismo

No discurso no Comitê, Mantega disse que o governo vai continuar com a política macroeconômica atual e traçou um cenário otimista para a economia brasileira. Disse que o país vai crescer entre 4% e 4,5% neste ano (a projeção do Fundo é de 3,5%), com expectativa de inflação de 4,5%. "Nossos fundamentos são fortes e acreditamos que estamos iniciando uma nova tendência de um crescimento acelerado e sustentado", afirmou.

Na discussão sobre como corrigir os desequilíbrios globais ¿ déficit nos Estados Unidos e excesso de poupança em outros países, principalmente China ¿ o ministro praticamente repetiu a receita oficial do Fundo.

Ele disse que é preciso uma ação coordenada, que inclua aumento da poupança nos setores público e privado nos Estados Unidos, maior flexibilidade da moeda nos países emergentes da Ásia e reformas estruturais para promover o crescimento na Europa e Japão.

Na reunião, o presidente do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, disse que o país está adotando medidas para aumentar o mercado interno, estimular o consumo, abrir o mercado, melhorar o regime de câmbio e reestruturar o comércio exterior. Ele também disse que o país já desvalorizou a moeda no ano passado em relação ao dólar.

O secretário do Tesouro americano, John Snow, disse claramente que o país não vai aceitar a pressão dos outros países para reduzir o déficit na conta corrente. "Não se pode e não se deve esperar que os Estados Unidos resolvam sozinhos o problema. Temos um papel importante, mas não temos uma meta específica de conta corrente em mente", afirmou Snow.

Numa reunião que teve na sexta-feira à tarde com o vice-conselheiro de Segurança Nacional para Assuntos Econômicos da Casa Branca, Faryar Shirzad, a pedido do governo americano, Mantega disse que cobrou uma posição a respeito do déficit americano, e falou sobre a importância de concluir a Rodada de Doha da OMC (Organização Mundial de Comércio).

O ministro também disse ter pedido a atuação do governo americano para abrir o mercado ao etanol brasileiro, que atualmente enfrenta uma sobretaxa de US$ 0,50 por galão.

"Ele demonstrou simpatia e disse que podemos repensar esta questão juntos", contou Mantega. O ministro também se encontra com o secretário John Snow, mas disse que não iria discutir nenhum tema específico.




Fonte: BBC Brasil

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