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Educação/Vestibular
Sábado - 22 de Abril de 2006 às 11:40

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Cerca de 35 mil livros didáticos para ensino fundamental estão abandonados em depósitos improvisados da cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, desde o início do ano letivo, sem uso.

O lote do "desperdício" custou R$ 210 mil aos cofres públicos (99% pago pela União e 1% pelo Estado) e seria repassado gratuitamente ao município.

Os livros haviam sido solicitados pelo prefeito Roberto Peixoto (PSDB) ao governo paulista no final de 2005. Posteriormente, porém, optou por comprar apostilas de um sistema educacional privado ao custo de R$ 33,4 milhões por três anos. Há 45 mil alunos atendidos. O Orçamento da cidade é de cerca de R$ 300 milhões.

Como haveria uma duplicidade de gastos, já que parte da verba para o sistema apostilado também é oriunda de recursos federais, o governo estadual, que faz a intermediação de repasse desse tipo, não entregou os livros à prefeitura, guardando-os em salas de aulas desativadas na cidade.

Procurada pela Folha, a Secretaria Estadual da Educação, do governo Cláudio Lembo (PFL), disse que parte dos livros já foi remanejada para outras escolas da região, mas não disse quantos nem quando isso ocorreu. Segundo a secretaria, a prefeitura deveria ter informado previamente que não tinha mais interesse nos livros. A prefeitura disse que não avisou porque pretendia ficar com o livros. Afirma que as apostilas e os livros poderiam ser utilizados conjuntamente.

Em 2005, ao analisar a compra de apostilas com verba federal, a Controladoria Geral da União apontou que esses casos configuram improbidade administrativa, por desperdício de verba.

Convênios

A adoção de apostilas de sistemas de ensino privado por prefeituras paulistas é prática cada vez mais comum. Em janeiro, a Folha mostrou que ao menos 129 dos 645 municípios estavam preferindo comprar apostilas e firmar convênios com esses sistemas de ensino a utilizar os livros do Ministério da Educação. Mas apenas 85 tinham avisado ao MEC que não iriam usar os livros.

O vereador Jefferson Campos (PT) solicitou a abertura de inquérito no Ministério Público Federal de Taubaté. Segundo Silvio Prado, do sindicato dos professores, em ao menos um dos dois depósitos os livros estão armazenados em condições precárias. "Os professores estavam se queixando do abandono", disse Prado.

Outro lado

Procurada pela Folha, a Prefeitura de Taubaté (130 km de SP) disse que pretendia utilizar os livros conjuntamente com as apostilas. De acordo com a administração, optou-se pelas apostilas porque os livros, do Programa Nacional do Livro Didático, não supriam "a demanda municipal".

"Na escolha, foi levada em consideração a preocupação de garantir uma linha pedagógica, além da continuidade do processo de ensino e aprendizagem", afirma a prefeitura.

O pacote do sistema apostilado, segundo a prefeitura, inclui programa de formação continuada dos professores, material didático, como apostilas, softwares, cartazes, portal de educação na internet e a agenda do aluno.

Ainda de acordo com a prefeitura, o programa atenderia somente alunos do ensino fundamental, enquanto o sistema apostilado inclui a educação infantil, o ensino fundamental e a educação de jovens e adultos.

A Secretaria de Estado da Educação diz que parte dos livros, sem dizer quantos, já foi remanejada para outras cidades da região. Não esclareceu também quando isso ocorreu.





Fonte: 24HorasNews

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