Rússia endurece oposição a sanções da ONU ao Irã

Endurecendo sua oposição às sanções contra o Irã, a Rússia declarou nesta sexta-feira que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) só deverá considerar tais medidas se tiver provas de que a República Islâmica está tentando construir armas atômicas.

O conselho espera um relatório em 28 de abril da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena, que deve responder se Teerã está obedecendo à exigência de interromper o enriquecimento de urânio e respondendo às questões sobre seu programa nuclear.

Estados Unidos, Grã-Bretanha e França querem que o Conselho de Segurança imponha sanções se, como é esperado, o diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, concluir que o Irã não está atendendo às exigências.

Mas a Rússia deixou claro que não considerará essa desobediência como o fator para medidas punitivas contra Teerã. "Só poderemos falar em sanções depois de ter fatos concretos confirmando que o Irã não está envolvido exclusivamente em atividades nucleares pacíficas", afirmou o porta-voz do Ministério do Exterior, Mikhail Kamynin, segundo a agência de notícias Itar-Tass.

O Irã insiste em seu direito legal de enriquecer urânio para obter energia nuclear com objetivos civis, e nega qualquer intenção de construir bombas atômicas. A AIEA não descobriu nenhuma prova de que o Irã esteja tentando criar armas nucleares.

Mas o Irã já escondeu partes de seu programa nuclear no passado, e seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad, aumentou os temores mundiais ao dizer que Israel deve ser "riscado do mapa".

O líder religioso aiatolá Mohammad Emami Kashani disse aos fiéis nas preces de sexta-feira que ElBaradei e a AIEA escolheram vasculhar o programa tecnológico iraniano enquanto ignoram Israel, que tem armas nucleares. "Israel tem ogivas nucleares e as prolifera constantemente e vocês não perguntam por quê", disse Kashani.

Ele também acusou o Conselho de Segurança de não agir conforme o nome da instituição. "Vocês estão dando segurança aos lobos e aos predadores em vez das ovelhas", declarou o clérigo.

O Irã afirmou que a equipe da AIEA, liderada por Olli Heinone, vice-diretor-geral dos observadores nucleares, chegará na sexta-feira, mas diplomatas afirmam ter sido informados que Heinonen não irá.

Um diplomata da UE sediado em Viena disse que o Irã não respondeu aos pedidos por mais cooperação. Não há motivo de Heinone ir a Teerã "se só será enrolado".

A Rússia vem argumentando que as sanções podem não persuadir o Irã a mudar de rumo, mas nunca havia declarado que tipo de provas seriam necessárias para que o país levasse tais medidas em consideração.

Reportagem adicional de Christian Lowe em Moscow, Mark Heinrich em Vienna e Jon Boyle em Paris