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Internacional
Sexta - 21 de Abril de 2006 às 18:15
Por: Alireza Ronaghi

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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmedinejad, disse na sexta-feira que, a partir de setembro, o Irã deve depender apenas da gasolina produzida internamente, uma medida que pode deixar o país menos vulnerável a sanções numa época de crescentes tensões sobre as ambições atômicas de Teerã.

A produção doméstica de gasolina no Irã não supre a demanda local, forçando o quarto maior exportador de petróleo do mundo a importar derivados de petróleo. Neste ano, o parlamento cortou o orçamento usado para pagar pelas importações, aumentando a possibilidade de racionamento.

Os Estados Unidos, que acusam o Irã de tentar fabricar armas atômicas, querem que sejam impostas sanções ao país para forçá-lo a obedecer a exigência da ONU (Organização das Nações Unidas) de interrupção do enriquecimento de urânio. O Irã diz que continuará adiante e que suas intenções têm objetivos civis.

Analistas afirmam que as sanções podem atingir as vendas de gasolina, mas afirmam também que o Ocidente pode estar temeroso de tomar tais medidas, com medo da volatilidade política e da pressão local sobre os preços do setor energético, que se refletiriam na inflação e nos bens básicos.

"Neste ano, o Parlamento nos deu um orçamento suficiente para apenas seis meses de importação", disse o presidente iraniano, Mahmoud Ahmedinejad, em pronunciamento na televisão estatal. "Poderemos importar apenas nos primeiro semestre, e isso significa que no segundo semestre teremos de consumir apenas o produto doméstico. Ou seja, devemos nos encaminhar naturalmente para algum tipo de racionamento", afirmou.

O ano iraniano começa em março, e o segundo semestre, em setembro. O Irã possui a segunda maior reserva de petróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, mas não tem capacidade de refino suficiente, por isso importa cerca de 40 por cento dos 75 milhões de litros consumidos internamente por dia.

Várias autoridades iranianas ressaltaram que a dependência do Irã à gasolina importada ameaça a segurança nacional. "Pode-se assumir que essa é uma preparação para tornar o Irã menos vulnerável à pressão externa", disse Geoff Pyne, analista de petróleo de Londres. "Uma das sanções mais óbvias consideradas pela ONU e o mundo externo é a interrupção das vendas de gasolina para o Irã", disse ainda.

Os EUA já discutiram sanções que incluem o congelamento de bens ou a restrição das viagens das autoridades iranianas. O governo gasta enormes somas de dinheiro com o subsídio à gasolina, vendida a menos de 9 centavos de dólar por litro no Irã, e seu desperdício contribui para os grandes congestionamentos e a poluição atmosférica que sufoca as grandes cidades iranianas.

Apesar de o Irã se dizer satisfeito com o atual preço do petróleo, que atingiu o recorde de 74 dólares por barril esta semana, o aumento dos preços teve um efeito no custo das importações de gasolina e, conseqüentemente, na conta do subsídio do governo.

O ministro do petróleo do Irã, Kazem Vaziri-Hamaneh, disse que a alta dos preços do petróleo significa que a alocação para a importação de gasolina pode não ser nem suficiente para seis meses, segundo a agência de notícias oficial IRNA, fortalecendo os temores de racionamento ainda mais cedo.

Comerciantes asiáticos e europeus acompanham atentamente o Irã para qualquer sugestão de flutuação da demanda. A casa de comércio internacional Vitol é uma grande fornecedora, segundo fontes da indústria.

O Irã está nos primeiros estágios do desenvolvimento de "smart cards" para os carros, com o qual os motoristas receberão um cartão para apresentar nos postos de combustível, onde poderão comprar uma quantidade específica de gasolina, afirmou uma autoridade iraniana que pediu para não ser identificada.





Fonte: Reuters

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