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Economia
Sexta - 21 de Abril de 2006 às 14:59

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O protesto dos produtores rurais vai aumentando a sua intensidade. Cerca de 90 produtores de Sinop, Cláudia, Feliz Natal e outros municípios da região, decidiram bloquear a passagem de carretas e caminhões carregados com soja, milho, arroz, insumos, defensivos, dentre outros produtos agrícolas na BR-163, a partir deste sábado. O presidente do Sindicato Rural, Antonio Galvan, disse que o movimento, intitulado “Grito do Ipiranga”, decidiu que a passagem de automóveis, ônibus e caminhões carregados com outros produtos não será interrompida.

Na quinta-feira, os produtores também decretaram moratória de todos os pagamentos aos bancos, referentes às dívidas agrícolas e colocaram faixas em frente às agências, em protesto à falta de medidas que contribuam para o não endividamento do setor. Outra proposta discutida entre os produtores e que será apresentada hoje em Sorriso, é o fechamento das agências bancárias nos municípios, já que, segundo Galvan, os produtores não tem condições de pagar as dívidas e as propostas do Governo são insuficientes.

“Estamos aguardando as discussões de hoje à noite, em Sorriso, para fortalecermos o movimento que será em feito também em outras cidades” - enfatizou. Galvan destacou que em Sinop o ponto de interdição da rodovia será no Alto da Glória (cerca de 15 km do centro). A BR-163 também deve ser interditada em Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Em Sorriso, os produtores decidiram, também na quinta-feira à noite, em encontro na Câmara Municipal, que o bloqueio será feito a partir da próxima segunda-feira, na altura do Posto Redentor.

O protesto dos produtores da região iniciou na segunda-feira, em Ipiranga do Norte (120 km de Sorriso), onde o acesso a 30 armazéns foi interrompido. Os agricultores protestam contra a política agrícola do Governo que resultou em uma grande queda no preço da soja, milho e arroz e endividamento de milhares de agricultores e cobram a redução nos preços dos combustíveis, dos agrotóxicos, máquinas e a conclusão da BR-163 até o Porto de Santarém (PA), que reduziria significamente os custos de frete, para o escoamento da safra.

Entre as medidas que estão sendo cobradas pelos produtores estão a extinção do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab) e a utilização do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para quitação de dividas junto aos fornecedores de insumos. Há queixas ainda quanto a cobrança do ICMS pelo Estado. Eles querem redução do imposto. Os produtores também querem o Ministério da Agricultura defina a ferrugem asiática como epidemia e cobram mudanças na área fiscal, na política agrícola e na infra-estrutura.

Esta semana, o governador Blairo Maggi voltou a dizer que a dificuldade de renda e de sustentação da atividade no campo vai chegar à vida urbana. "Em um negócio de 40% do PIB, é impossível ele quebrar e os outros 60% andarem. Desde 2004, agricultores e entidades vêm trabalhando para buscar solução alternativa para o setor", comentou. "Nós temos vergonha de a cada quatro ou cinco anos ter que bater à porta do Governo Federal para buscar saída" - afirmou sobre empréstimos bancários e rolagem de dívidas impagáveis.

A previsão é de queda na produtividade em Mato Grosso, onde o agronegócio responde por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Levantamento de safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) indica a queda de produtividade na safra de soja 2005/2006. A média de produtividade em Mato Grosso está girando em torno de 46 sacas por hectare, indicando que a produção de soja mato-grossense dificilmente ultrapassará 16,3 milhões de toneladas, o que representa uma queda em torno de 7,91% em relação à safra 2004/2005, quando foram colhidas 17,7 milhões de toneladas.





Fonte: 24HorasNews

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