MP militar vai apurar se astronauta brasileiro cobra por palestra

A procuradora-geral militar em exercício, Adriana Lorandi, determinou abertura de uma investigação para apurar denúncias de que o astronauta Marcos Pontes cobraria para dar palestras - algo que, segundo a Procuradoria, é proibido pelo Código Militar. A investigação também deverá avaliar se o astronauta tem alguma ligação com sites que comercializam objetos que levam o seu nome.

Pontes afirmou ao Estado que não cobra por palestras. "Tudo vai ser esclarecido. Faço palestras, mas graças a Deus, nunca cobrei por elas", afirmou. Pontes deverá retornar à Rússia na próxima semana, depois tirar uns dias de folga. Ao retornar ao trabalho, ele irá decidir qual rumo tomar.

O presidente da Agência Espacial Brasileira, Sérgio Gaudenzi, afirmou que várias são as opções para o astronauta. Uma das possibilidades é que Pontes participe da viagem que a AEB irá fazer aos Estados Unidos em junho, para discutir a parceria entre Programa Espacial Brasileiro e a Nasa. O prazo da parceria termina no próximo ano, mas Gaudenzi quer iniciar os entendimentos para renovação do convênio o mais rapidamente possível.

"Não há por que não aproveitarmos toda experiência de Pontes. Ele tem muita familiaridade com o programa americano, pode auxiliar bastante", afirmou. A decisão, no entanto, será do astronauta. "Ele pode também trabalhar na formação de novos astronautas, ele é que vai indicar o caminho. Mas agora ele precisa descansar."

Durante seu discurso de boas-vindas para o astronauta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou esperar que ele agora desempenhe um papel importante no debate do programa espacial brasileira. Pontes, por sua vez, disse que deve retomar as palestras para crianças e jovens: "Tenho muitas histórias para contar". Pontes afirmou não temer o uso político indevido de sua imagem. Disse que tem um trabalho técnico para desempenhar, e que nunca teve vínculos com a política.