A Justiça do Rio condenou nove dos dez acusados pela invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em agosto de 2010, e determinou a prisão dos criminosos. Oito deles estão em liberdade graças a um habeas corpus concedido em março de 2012. (relembre o caso na reportagem da época no vídeo ao lado).
A decisão da juíza Angélica dos Santos Costa, da 25ª Vara Criminal da capital é de segunda-feira (21). Eles foram julgados pelos crimes de cárcere privado, sequestro, associação para o tráfico, porte de arma e resistência à prisão.
O réu Victor Gomes Elói recebeu a maior pena: 18 anos e três meses de prisão e um ano e seis meses de detenção. Alan Francisco da Silva, Vinícius Gomes da Silva, Washington de Jesus Andrade Paz, Rogério Avelino da Silva, Davi Gomes de Oliveira, Jackson Nascimento Gomes da Silva e Técio Martins da Silva foram condenados a 14 anos de reclusão e um ano de detenção. A menor pena foi a de Ítalo de Jesus Campos, sentenciado a 16 anos e 4 meses de prisão, além de um ano e três meses de detenção. Todas as penas deverão ser cumpridas em regime fechado.
O traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que comandava o tráfico de drogas na favela da Rocinha, na Zona Sul, antes da pacificação, será julgado pelo crime em outro processo ainda em andamento. De acordo com o Ministério Público do Rio (MP-RJ), Nem liderava o bando que invadiu o hotel. Preso em novembro de 2011, o traficante está no presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Condenados estão em liberdade
Dos nove condenados no processo, apenas Ítalo de Jesus Campos está preso em Bangu 4, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da cidade, segundo a Secretaria estadual de Administração Penitenciária. Os outros oito estão em liberdade porque foram beneficiados por um habeas corpus concedido pela 7ª Câmara Criminal do TJ-RJ em março de 2012.
Após a demora para julgar o processo, os desembargadores consideraram que houve constrangimento dos réus porque os acusados ficaram presos além dos 81 dias que a lei permite.
Até as 16h desta terça-feira (22), os mandados de prisão contra os condenados ainda não haviam sido expedidos, segundo o Tribunal de Justiça do Rio.
"Audácia", diz juíza
Na sentença, a juíza Angélica dos Santos Costa destaca a ousadia dos criminosos. "A audácia dos mesmos é gritante: fortemente armados se deslocavam de uma comunidade para outra onde possuem o domínio criminoso".
Em outro trecho, a magistrada lembra a repercussão do tiroteio em plena luz do dia que causou pânico a moradores e motoristas. "Vale citar que por conta dos crimes perpetrados pessoas inocentes foram atingidas por disparos de arma de fogo, ruas e avenidas do Rio de Janeiro tiveram o trânsito de pessoas e veículos interrompidos, gerando coletiva e repercussão local, nacional e internacional", disse a juíza na sentença.
Os bandidos foram presos após interceptação policial a um “bonde” de traficantes da Rocinha. Eles vinham de uma festa no morro do Vidigal e, na fuga, invadiram o hotel e fizeram 35 reféns. Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, será julgado por estes crimes em um outro processo.
Entenda o caso
No dia 21 de agosto de 2010, os criminosos fortemente armados invadiram o Hotel Intercontinental, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, mantendo 35 reféns, entre funcionários e hóspedes, por um período de três horas. Seis pessoas ficaram feridas e outra morreu na ação.
O bando se deslocava entre as favelas do Vidigal e da Rocinha quando se deparou com carros da Polícia Militar, iniciando uma intensa troca de tiros, que causou pânico a quem passava pelo local. Em seguida, para fugir da polícia, os criminosos invadiram o hotel.
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