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Agronegócios
Sexta - 14 de Abril de 2006 às 07:47

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Agricultores de Ipiranga do Norte (120 quilômetros de Sinop), pretendem impedir a circulação de grãos dos armazéns localizados no município e incinerar toneladas de soja, milho e arroz e até duas colheitadeiras em protesto contra as políticas do governo Federal destinadas ao setor produtivo. O protesto está marcado para a segunda-feira, dia 17, a partir das 6h.

Apesar da programação radical, os organizadores não falam em violência. Segundo eles, o movimento visa sensibilizar a União a implantar políticas com o propósito de excluir o setor da crise de renda que já dura duas safras. “Iremos realizar o manifesto de uma forma bem tranqüila, pois o nosso objetivo não é prejudicar ninguém, e sim mostrar a situação crítica que estamos passando para todo o País”, anuncia o prefeito de Ipiranga do Norte, Ilberto Effeting (PPS), que também é produtor rural.

Os produtores alegam que o governo Federal vem tratando o setor com completo descaso, além de destacar que as políticas públicas voltadas à proteção da classe produtora vêm a cada ano sacrificando a categoria. “O árduo papel de conduzir a economia, de fazer a diferença nos saldos positivos da nossa balança comercial, de colocar o nosso país no patamar dos grandes campeões de produção mundial, não está recebendo a atenção que deveria, principalmente no que compete ao governo Federal”, completa o prefeito.

Ainda destacando a importância da agricultura para o desenvolvimento do País, Ilberto Effeting sublinhou que pouco a pouco o setor está sendo colocado no esquecimento pelo governo Federal. “Negaram o direito de termos uma política condizente com o nosso valor e importância, onde produzir fosse sinônimo de obter lucro e não prejuízo, onde o nome do produtor fosse exaltado e não humilhado. Estamos no fundo do poço”.

Effeting também destaca outros fatores que vem contribuindo para o, denominado por ele, “massacre dos produtores”, é a falta de apoio aos produtores por parte do Banco do Brasil e do poder Judiciário do Estado, que tem “colaborado com a ruína financeira e dilapidação do patrimônio conquistado ao longo de vários anos trabalhando com o agronegócio”, enfatiza.

ESTRATÉGIA - O prefeito que declarou incentivo ao manifesto informou que a estratégia dos organizadores será reunir o maior número possível de produtores para bloquearem as entradas dos armazéns. Para isso eles utilizarão maquinários agrícolas para impedir que caminhões saiam com grãos dos armazéns. “Não sabemos precisar quantos produtores participarão do manifesto, mas posso garantir que serão muitos, e as colheitadeiras a serem queimadas já estão garantidas”, assegura o prefeito.

Questionado sobre quando o manifesto acabará, o prefeito respondeu que “sabemos que começará na segunda-feira, outros manifestos já estão sendo estudados e os próximos serão realizados em conjunto com cidades vizinhas, como, por exemplo, Tapurah”.

NO VERMELHO - O prefeito destaca que Ipiranga do Norte, por se tratar de um município extremamente dependente da produção agrícola, está sendo cruelmente castigado pela crise agropecuária. “O nosso município é movimentado 100% pelo setor agrícola, 95% dos agricultores estão trabalhando no vermelho, isso quer dizer que a nossa economia está quase que totalmente no vermelho”.

Nas estimativas apresentadas pelo prefeito, com o preço da soja cotado a R$ 14 a saca de 60 quilos, os produtores estão trabalhando com prejuízo de R$ 10 por saca. “O preço de produção nesta safra em Ipiranga do Norte é de R$ 24 a saca, como poderemos continuar nas lavouras quando praticamente estamos pagando para trabalhar? Isso não tem condições de continuar”, argumenta.

PRODUÇÃO - A área plantada nesta safra no município foi de aproximadamente 265 mil hectares (ha), deste total, 200 mil/ha cultivado com soja, 40 mil/ha com milho (safrinha), 20 mil/ha com a cultura do arroz e quatro mil hectares com algodão (safrinha). “A nossa produção média de soja está estimada em 1 milhão de sacas, e no ranking estadual estamos entre os 10 maiores produtores de soja”, destaca.





Fonte: Diário de Cuiabá

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