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Cidades/Geral
Quinta - 13 de Abril de 2006 às 14:19

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Jovens e lideranças comunitárias de dois assentamentos localizados no entorno do Parque Estadual do Cristalino, no extremo norte de Mato Grosso, participaram nesta semana de uma oficina sobre Comunicação e Desenvolvimento Sustentável e deverão realizar em breve seu diagnóstico sócio-econômico. O objetivo do trabalho é analisar a situação das comunidades que vivem no entorno da área protegida.

Renato Farias, coordenador-executivo da Fundação Ecológica Cristalino (FEC), proponente do trabalho, explica que a instituição vem trabalhando há anos com questões relacionadas ao Parque e seu entorno e uma de suas demandas é justamente fazer um diagnóstico na área. Segundo Farias, a Fundação quer realizar um trabalho que envolva as famílias dos dois assentamentos que estão localizados no entorno – Rochedo e Cinco Mil, o município de Novo Mundo.

“A partir dos primeiros contatos, a gente percebeu que além do levantamento, era importante que a comunidade se interasse dos problemas que envolvem estar naquele ambiente, e compreender a importância do parque na vida delas”, relata.

O trabalho vem sendo realizado em parceria com o Instituto Ouro Verde (IOV), com larga experiência em trabalhos de educação e mobilização no meio rural. Para o ministrante da oficina Alexandre Olival, um dos principais objetivos do encontro foi identificar pessoas que poderiam ter um papel de mobilização e liderança dentro das comunidades. “O grande sinal de que a oficina cumpriu seu papel foi o interesse das pessoas em continuar o trabalho nas suas comunidades”, avalia o educador do IOV.

Invertendo a lógica

A idéia principal das atividades da FEC é não levar para as comunidades falsas esperanças nem propostas milagrosas de desenvolvimento. Renato Farias explica o motivo para propor que a própria comunidade realize seu diagnóstico de forma participativa: evitar o modelo tradicional de contratação de técnicos especializados, que vão até as comunidades, fazem os levantamentos e as famílias raramente se apropriam do que foi diagnosticado.

“Queremos saber como a FEC e as outras instituições que trabalham conosco podem contribuir com aquela comunidade do ponto de vista das famílias assentadas e não a partir do que nós achamos que é importante para elas”, afirma o coordenador.

A idéia parece ter sido bem vinda pelos agricultores participantes da oficina. Depois de três dias discutindo desenvolvimento sustentável e estruturação de programas, e elaborando as linhas gerais do seu diagnóstico, Alessandra Marcondes Santos, moradora da Gleba Cinco Mil, afirma que mudou sua visão sobre a realidade do assentamento.

“Através desse trabalho eu pude identificar que não devemos deixar as pessoas colocarem na nossa cabeça o que nós devemos fazer. A comunidade é que tem que decidir o que quer e não deixar os outros fazerem por nós”, ensina.

O trabalho parece o primeiro passo para comunidade compreender o significado de morar no entorno de uma unidade de conservação. Geraldo Fagundes de Souza, morador do Assentamento Rochedo e vizinho muito próximo do Parque Estadual do Cristalino afirma que não tem relação nenhuma com a área.

“Pelo que eu vi no mapa, existe uma relação muito grande entre o assentamento e o parque, mas no momento não faz diferença nenhuma. Nós não conhecemos, não sabemos onde é, não vimos a importância dele”, conta. Na Cinco Mil, o relato do professor César Augusto Brasil não é diferente: “Eu tenho curiosidade, mas nunca entrei no parque”.





Fonte: 24

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