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Quinta - 13 de Abril de 2006 às 10:35
Por: Aline Chagas

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Cerca de 100 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) entraram em conflito com a Polícia Militar ontem de manhã na sede do Incra em Cuiabá. Ninguém foi preso. Os policiais tentavam retirar do pátio do Incra um dos seis caminhões de frete usados para transportar os bens das famílias despejadas do acampamento “Chico Mendes”, próximo à BR-163, em Acorizal. Os caminhões estão presos no pátio do Incra desde terça-feira à noite pelos integrantes do MST para serem usados como moeda de troca por uma área para acampar as famílias despejadas.

O conflito começou quando um dos motoristas ligou para a Polícia Militar e informou ser refém, com duas crianças, dos integrantes do MST. A PM foi até Incra para checar o que estava acontecendo. Sem a sinalização positiva para a liberação dos caminhões, os policiais quebraram uma parte do muro do órgão federal para retirar apenas o caminhão do motorista autor da ocorrência. Até o final da tarde de ontem os cinco caminhões continuavam presos no pátio.

Mais de 120 famílias começaram a ser despejadas na terça-feira do acampamento “Chico Mendes”, após o proprietário da área, Celso Biancardini, obter decisão de despejo na Justiça. Dois oficiais de justiça e cerca de 100 policiais estavam na área para cumprir a ordem de despejo. As primeiras famílias que saíram do local seguiram para a sede do Incra e se juntaram às famílias acampadas no pátio e na calçada da frente do órgão desde a semana passada.

Davi Pereira Alves, um dos líderes dos acampados, explicou que ainda há famílias na área do acampamento e a maioria não tem para onde ir, muitos com plantações e criações de animais no terreno onde moravam. Davi comentou que o grupo pretende usar a liberação dos caminhões para negociar com o proprietário da fazenda Espinheiro, onde ficava o acampamento “Chico Mendes”, com o governo federal e Polícia Militar, responsável pelo cumprimento da ordem de despejo.

Outra líder dos acampados, Idalina Nunes, contou que os policiais foram truculentos e a confusão só ocorreu porque os integrantes do MST sofreram ameaças. “Os motoristas estavam tranqüilos e sem reclamar dos caminhões presos. Eles podem ir embora, mas os caminhões continuarão no Incra”, disse Idalina.

Idalina disse que uma parte dos animais das famílias despejadas foram soltos no pasto, representando uma perda irreparável. No final da manhã, representantes dos acampados tiveram uma reunião com uma comissão do Incra para conversar sobre a situação das famílias despejadas e a ação da Polícia Militar em área de órgão federal. No final da tarde de ontem, os integrantes do MST caminharam até a Assembléia Legislativa e fizeram um protesto na tentativa de conversar com os deputados.

O administração do Incra informou que nada pode fazer para liberar os caminhões do pátio do órgão e que qualquer atitude deve ser tomada pelos proprietários dos veículos. Sobre a ação dos Policiais Militares, o superintendente do Incra entrará com uma representação formal de repúdio à invasão.

Representantes do Incra, do governo estadual e Polícia Militar se reuniriam ontem no final da tarde para discutir a situação das famílias despejadas.





Fonte: Diário de Cuiabá

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