O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, fez nesta segunda-feira (21) um apelo pela união dos Estados Unidos, em seu discurso de posse, dizendo que este é o único caminho para para vencer obstáculos na economia, na educação e na infraestrutura.
"Agora, mais do que nunca, devemos fazer essas coisas juntos, como uma só nação e um só povo", disse Obama diante de milhares de pessoas nas escadarias do Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em um discurso em que apelou aos valores americanos e prometeu "alianças fortes" com os parceiros internacionais.
Obama fez um discurso apartidário e conciliador, em que não citou os nomes do seu Partido Democrata e dos oposicionistas republicanos.
A divisão dos dois partidos em relação aos principais temas do governo marcaram o primeiro mandato do democrata.
Obama reiterou o compromisso norte-americano com a liberdade e prometeu, em seu segundo governo, proteger os mais vulneráveis.
Ele disse que, se o país quiser triunfar, ele terá de fortalecer a classe média, e não uma "elite de poucos".
"A prosperidade da América deve repousar sobre os ombros largos da classe média", disse.
O democrata afirmou que esta geração de americanos foi testada por uma década dura, de guerras e crise econômica, que estão acabando, mas tem todas as características que o mundo moderno precisa para seguir adiante e explorar as "possibilidades ilimitadas" do país.
Ambiente
Obama também citou a questão ambiental, afirmando que cabe aos EUA um papel central na preservação do planeta.
"Responderemos à ameaça da mudança climática, conscientes de que, se não o fizermos, estaremos traindo a nossos filhos e às futuras gerações", disse.
Gays
Obama também citou a questão dos direitos dos homossexuais.
"Nossa jornada não vai estar completa até nossos irmãos e irmãs gays serem tratados como qualquer um sob a lei -pois, se somos todos realmente criados iguais, então certamente o amor que temos uns pelos outros deve também ser igual", disse.
Imigrantes
Obama também afirmou que o país precisa ter "uma melhor maneira de receber os imigrantes".
"Nosso caminho não vai estar completo até que encontremos uma melhor maneira de dar as boas vindas aos esperançosos imigrantes que seguem vindo aos Estados Unidos como a terra da oportunidade", disse.
Cerimônia pública
Obama discursou logo após prestar seu juramento público, nas escadarias do Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em uma cerimônia prestigiada pela cúpula do Partido Democrata e também por importantes membros do rival Partido Republicano, como o senador John McCain, derrotado por Obama em 2008, e o congressista Paul Ryan, vice-candidato na chapa derrotada pelo democrata em 2012.
Os ex-presidentes americanos vivos também vieram, com a exceção de George Bush Pai, que está doente, e de seu filho, George W Bush.
Marcaram presença o democrata Jimmy Carter e o também democrata Bill Clinton e sua mulher Hillary, atual secretária de Estado.
Obama assume seu segundo mantado em um tom mais moderado que o adotado em sua primeira e histórica posse, em 2009, mas, segundo analistas, mais livre para deixar seu legado na história dos EUA.
Obama foi reeleito em 6 de novembro, após vencer o republicano Mitt Romney em uma disputa dura nas urnas.
Tecnicamente, diante da Constituição dos EUA, a posse de Obama e a de seu vice, Joe Biden, ocorreram no domingo, em cerimônias discretas.
Quando o dia estabelecido pela Constituição para a posse, 20 de janeiro, cai em um domingo, a festa pública em Washington é protelada para o dia seguinte.
A difícil disputa eleitoral em 2012, o desemprego persistentemente elevado durante o primeiro mandato e confrontos fiscais com a oposição republicana no Congresso - tanto no passado como no futuro - moderaram a esperança que Obama simbolizava quando assumiu o cargo em 2009, quando obteve a vitória sobre o senador John McCain e se tornou o primeiro presidente negro dos EUA.
Na posse pública, Obama, de 51 anos, e Joe Biden repetiram o juramento feito oficialmente na véspera:
"Eu, Barack Hussein Obama, juro solenemente cumprir fielmente as funções de presidente dos Estados Unidos e, em toda a extensão da minha capacidade, preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos", disse Obama.
Obama fez o juramento com sua mão direita levantada e a esquerda sobre duas Bíblias - a de seu antecessor Abraham Lincoln, salvador da União, e a de Martin Luther King, arauto da luta pelos direitos civis nos anos 1960.
O discurso foi seguido por um desfile na Pennsylvania Avenue, que liga a sede do poder legislativo à Casa Branca. Repetindo o gesto de 2009, Obama saiu da limusine para saudar a multidão. Depois, Obama assistiu a uma parada militar.
A primeira posse de Obama, em janeiro de 2009, provocou um fluxo de cerca de dois milhões de pessoas no Mall, a imensa esplanada no coração de Washington, mas a expectativa é de que cerca de 700 mil pessoas tenham vindo dessa vez.
O presidente dos EUA, Barack Obama, e a primeira-dama, Michelle, caminham na Pennsylvania Avenue nesta segunda-feira (21) (Foto: AP)
Alguns discursos inaugurais ficam para a história, como os proferidos por Abraham Lincoln e John F. Kennedy.
Nova agenda
Obama começa seu segundo mandato em circunstâncias talvez menos difíceis do que em 2009, quando a crise econômica estava em seu auge.
Mas outros assuntos surgiram em sua agenda desde sua reeleição, como a luta contra a violência por armas de fogo após o assassinato de crianças em uma escola de Newtown, em meados de dezembro.
Obama também deve ter mais tempo para se engajar em temas de política externa como Irã, Oriente Médio, Síria e a retirada do Afeganistão, segundo analistas ouvidos pelo G1.
Mas, a exemplo do que ocorreu no primeiro mandato, a relação com o Brasil e a América Latina devem continuar fora do quadro de prioridades do democrata.
Milhares de membros das forças de segurança foram mobilizados para proteger o centro da capital americana, convertida em um acampamento.
A festa ocorreu sem grandes problemas de segurança.
Vilma Mendez usa camisa em apoio a Obama em um encontro de ativistas negros e latinos em Gardena, na Califórnia, nesta segunda-feira (21) (Foto: Reuters)
Comentários