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Terça - 22 de Janeiro de 2013 às 08:55
Por: HELSON FRANÇA

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Probabilidade de alguém ser atingido por um raio é de 0,8 para cada um milhão de pessoas no Brasil
Probabilidade de alguém ser atingido por um raio é de 0,8 para cada um milhão de pessoas no Brasil

No município de Tangará da Serra, localizado a 240 quilômetros de Cuiabá, as descargas atmosféricas têm preocupado e assustado os moradores. Num intervalo de aproximadamente dois meses, quatro pessoas morreram ao ser atingidas por raios e outras 20 levaram choque.

As duas últimas vítimas foram Carlos Alexandre Peres, 25 anos e Leandro Aparecido da Silva, 31 anos. Na tarde do dia 27 de dezembro, eles disputavam uma partida de futebol num campo afastado da zona central, debaixo de forte chuva. Logo depois do forte estrondo no céu, um clarão se fez. Em seguida, todos os 22 rapazes já se encontravam estirados na grama.

“Foi algo um tanto sinistro ver todos ali, caídos. Alguns chegaram a desmaiar, outros ficaram um tempo inconscientes, embora estivessem com os olhos abertos”, afirma o comerciante Cláudio Moraes Silveira, 29 anos. Ele estava próximo ao local e viu quando o raio caiu.

Carlos acabou morrendo na hora. Já Leandro chegou a ser levado para atendimento médico, mas também não resistiu aos ferimentos.

Duas semanas antes, na Vila Triângulo, situada no território do município, José Eduardo Costa, 36 anos, foi atingido por um raio enquanto falava ao celular e morreu na hora. A primeira vítima de descarga elétrica na cidade, porém, foi Roberta Teixeira Gonçalves, 47 anos. Ela vivia no assentamento Antônio Conselheiro – um dos maiores da América Latina – quando acabou sendo alvo do raio, no começo de novembro.

As mortes deixaram os moradores de Tangará assustados. Alguns, inclusive, partilham da opinião de que algum fenômeno natural, ou sobrenatural, esteja acontecendo na cidade.

“As nuvens não se formam mais do mesmo jeito, quando vai chover. Os raios começam a cair com muita força bem antes de começar a chover”, afirmou o servidor público José Antônio Garcia Neto, 51 anos. Ele vive na cidade há 19 anos e acha que há algo de estranho no ar.

INCIDÊNCIA – De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Mato Grosso, com uma média anual de 6,81 milhões de raios, figura em terceiro lugar no ranking dos estados com maior incidência de descargas atmosféricas.

O professor doutor do departamento de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Jorge Luiz Brito de Faria, desconhece a existência de algum fenômeno ou peculiaridade que esteja contribuindo para a alta incidência de raios em Tangará da Serra.

Segundo ele, porém, estudos apontam que uma maior quantidade de descargas atmosféricas pode estar relacionada ao maior grau de poluição de determinadas regiões, ou ao fenômeno conhecido como "ilha de calor" - aquecimento provocado pela alteração do tipo de solo e a presença de prédios e elementos que alteram a temperatura local.

“Pode ser que algo do tipo esteja acontecendo lá. Seria o caso de fazer um estudo mais aprofundado. Tangará da Serra registra em média 9,1 descargas elétricas por quilômetro quadrado por ano. Em comparação, o município de Valência, no Rio de Janeiro, registra mais que o dobro. Porém a maioria das fatalidades é registrada no campo”.

No Brasil, a probabilidade de alguém ser atingido por um raio é de 0,8 por milhão. Porém, dependendo de onde a pessoa está e o que está fazendo durante uma tempestade a probabilidade pode ser muito maior, da ordem de um para mil.

A intensidade típica de um raio é de mil amperes, mil vezes mais do que a intensidade de um chuveiro elétrico.





Fonte: DO DC

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