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Internacional
Quarta - 12 de Abril de 2006 às 12:40

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O Exército do Paquistão está em alerta máximo por temer que ocorram episódios de violência religiosa depois do atentado suicida cometido na terça-feira que matou 58 sunitas em Karachi, onde hoje houve protestos da comunidade desta confissão e escolas e o comércio foram fechados.

Um terrorista se matou ontem sob um palanque onde líderes religiosos sunitas faziam orações diante de aproximadamente 10 mil pessoas que se reuniram em um parque público de Karachi, no sul do Paquistão.

Pelo menos 58 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas, algumas em estado grave. O atentado foi considerado o mais grave cometido no Paquistão nas últimas décadas.

Entre os mortos estão Abbas Qadri, líder do movimento Suni Tehrik, organizador do evento que comemorava o aniversário do nascimento do profeta Maomé, e outros dirigentes religiosos moderados sunitas.

A Polícia investiga a autoria do atentado, com suspeitas do envolvimento de algum grupo radical xiita, vertente islâmica minoritária no Paquistão, onde a maioria é sunita.

O responsável policial em Karachi, Niaz Sidiqui, disse hoje que, embora em um primeiro momento tenha sido analisada a hipótese de que havia dois terroristas suicidas, "parece que o atentado foi cometido por apenas um terrorista".

O ministro do Interior do Paquistão, Aftab Ahmed Sherpao, disse hoje que os seminários religiosos, mesquitas e edifícios importantes foram colocados em estado de alerta.

As autoridades pediram calma enquanto hoje acontecem protestos em Karachi, nos quais a multidão queimou vários veículos, o que levou a Polícia a usar gás lacrimogêneo para controlar a situação.

Karachi, centro financeiro do Paquistão e capital da província de Sindh, está hoje praticamente paralisada após ser declarado luto oficial por três dias.

Poucos automóveis circulam nas ruas, a maioria das lojas está fechada e as escolas não estão funcionando, assim como a Bolsa de Valores, a principal do país.

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, e o primeiro-ministro, Shaukat Aziz, condenaram o atentado e afirmaram que quem comete este tipo de ato não tem religião e deve ser castigado.

O governador de Sindh, Ishratul Ebad Khan, presidiu uma reunião de emergência para discutir a situação de segurança perante o temor de uma escalada da violência sectária entre sunitas e xiitas.

Os episódios de violência religiosa são relativamente comuns no Paquistão e especialmente em Karachi, mas não é comum que o alvo de um ataque suicida seja uma celebração em honra do profeta Maomé.

Pelo menos quatro mil pessoas morreram nos últimos 20 anos devido à violência religiosa no Paquistão, episódios que se tornaram mais freqüentes desde os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, quando o presidente Musharraf reforçou sua aliança com os EUA.

No entanto, a maioria dos paquistaneses expressou surpresa pelo grau da violência usada pelos grupos extremistas das distintas vertentes islâmicas.

Desde setembro de 2001, mais de 500 pessoas morreram em atentados contra mercados lotados, mesquitas e grandes concentrações, muitos deles cometidos por suicidas.

A rivalidade entre xiitas e sunitas é muito antiga e teve sua manifestação mais violenta com a vitória da revolução islâmica do Aiatolá Khomeini no Irã em 1979 e a criação de um Estado xiita.

Como resposta, grupos extremistas sunitas começaram a abraçar a causa de transformar o Paquistão em um Estado sunita, onde os xiitas seriam relegados.





Fonte: EFE

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