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Internacional
Terça - 11 de Abril de 2006 às 17:40

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O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, e sua maioria conservadora deixaram claro hoje que querem deixar para trás a crise do Contrato do Primeiro Emprego (CPE), evitando que a mobilização nas ruas seja mantida, com novas reivindicações.

O CPE foi substituído por medidas favoráveis à inserção no mercado de trabalho de jovens com dificuldades para conseguir o primeiro emprego. O novo projeto de lei foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais da Câmara dos Deputados, e vai a debate no Plenário esta noite.

O texto sobre "o acesso dos jovens às atividades na empresa" inclui medidas que custarão 300 milhões de euros anuais ao Estado.

Os deputados vão votar o projeto ainda esta semana, talvez amanhã mesmo. Os socialistas prometeram não obstruir a votação.

Resta saber se o Senado vai votar o texto antes do recesso de duas semanas, que começa neste sábado, disse um porta-voz à EFE. A decisão será tomada nesta quarta-feira à noite.

Na sessão do Parlamentp, Villepin disse que ele, junto com o partido governante UMP, pretende "tirar lições da crise" e responder "com paciência, convicção e coragem à ansiedade social e às inquietações dos franceses com o futuro".

Considerado o grande perdedor do conflito, o primeiro-ministro conservador foi criticado por um dirigente socialista, para quem o atual Governo "não tem força nem confiança". O oposicionista disse ainda que o período de um ano até as eleições pode ser inútil, e que "o CPE morre, mas a crise do Governo continua".

Villepin respondeu que, ao contrário da oposição, que comemora a queda do CPE, a sua vitória é "servir a todos os franceses", lutando "com lucidez e determinação para adaptar e modernizar" o modelo social francês.

Mas os analistas duvidam de reformas no último ano do mandato do presidente, Jacques Chirac, que sai mal da crise, assim como seu "herdeiro" Villepin. Ambos amargam recordes de impopularidade, segundo as pesquisas.

A crise política, para os analistas, só beneficia o número dois do Governo e líder da UMP, Nicolas Sarkozy. Ele pode ter se livrado de seu maior rival em potencial nas eleições presidenciais de 2007.

A oposição de esquerda, e sobretudo os sindicatos de trabalhadores e estudantes que lideraram a campanha contra o CPE são os grandes vitoriosos. Mas, com a revogação do contrato, as manifestações já perderam força. No auge, chegou a levar de 1 a 3 milhões de pessoas às ruas.

Cerca de 30 universidades registraram desordens hoje, segundo o Ministério da Educação. A prioridade das autoridades é que as aulas voltem normalmente após as férias de Páscoa, para que os exames de fim de curso possam ser feitos normalmente.

As manifestações estudantis de hoje, convocadas antes da revogação do CPE, reuniram centenas de pessoas em Marselha, Lyon e Rennes, e milhares em Toulouse e Paris.

No total, segundo a Polícia, 41 mil pessoas participaram de passeatas em 66 cidades. Em Paris, houve 2.300 pessoas.

Os manifestantes e os grupos de jovens que bloquearam hoje o transporte urbano em Toulouse, ocuparam trilhos de trem em Dunquerque e pistas do aeroporto de Nantes queriam mostrar que ficarão alertas até a promulgação do substituto do CPE.

Mas também reivindicavam o fim da lei de igualdade de oportunidades (que prevê a formação profissional desde os 14 anos e o trabalho noturno dos adolescentes), e a revogação do Contrato de Novo Emprego (CNE), considerado o "irmão mais velho" do CPE e sinônimo de "precariedade".

O CNE, implantado também por Villepin e em vigor desde agosto do ano passado, vale para trabalhadores de qualquer idade em empresas com menos de 20 funcionários, permitindo a demissão sem justa causa durante os dois primeiros anos.





Fonte: EFE

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