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Internacional
Terça - 11 de Abril de 2006 às 15:45
Por: Mark Trevelyan

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As investigações sobre os atentados de Madri e Londres revelam dois padrões preocupantes para os serviços de segurança europeus — o surgimento de células radicais autônomas e autóctones e a forma hábil com que os agressores usaram a internet.

Um juiz espanhol encarregado de investigar os atentados em trens de Madri, em março de 2004, nos quais 191 pessoas foram mortas, relatou na terça-feira que os ataques foram realizados por um grupo local de militantes islâmicos inspirados — mas não dirigidos — pela Al Qaeda e que obtiveram informações por meio da internet.

No domingo, o jornal britânico Observer citou o esboço de um relatório do governo sobre os ataques de Londres, de julho, no qual se diz que os quatro homens-bomba não participavam de nenhuma rede internacional de terrorismo, mas que elaboraram seu plano "simples e barato" usando também informações tiradas da net.

Ainda não se conseguiu explicar a importância de viagens ao Paquistão realizadas por dois dos agressores e de um vídeo divulgado quase dois meses depois das explosões e no qual aparecem, em trechos diferentes, o líder do grupo, Mohammed Sidique Khan, e o segundo homem mais importante da Al Qaeda, Ayman Al Zawahri.

Os homens-bomba mataram 52 pessoas em Londres.

Em vista dos atentados de Madri e Londres e de outros casos, a polícia e os serviços de segurança de toda a Europa dizem agora que se viram obrigados a rever a teoria tradicional de que a ameaça terrorista vem principalmente de fora de seus países.

''MADE IN EUROPE''

A maior preocupação passou a ser os radicais "made in Europe", feitos na Europa, e a possibilidade de que o mesmo tipo de célula em ação na Espanha e na Grã-Bretanha surja em outros locais, usando o mesmo padrão operacional, afirmou Claude Moniquet, do Centro Europeu de Segurança e Inteligência Estratégica, em Bruxelas.

Segundo Moniquet, o fato de a ameaça ser local torna-a mais difícil de ser identificada porque os envolvidos agem sem ter feito o tipo de contato com militantes que poderia torná-los suspeitos aos olhos da polícia e dos serviços secretos.

Enquanto uma geração anterior de radicais era treinada nos campos afegãos da Al Qaeda, nos anos 1980 e 1990, os equivalentes dela hoje aprendem o que desejam na rede mundial de computadores.

"Está bastante claro que a internet está desempenhando um papel cada vez maior na radicalização, no recrutamento e na facilitação do planejamento prático (dos ataques)", disse, em Berlim, na semana passada, Gijs de Vries, coordenador da União Européia (UE) para o combate ao terrorismo.

A principal autoridade britânica no setor, Peter Clarke, afirmou à mesma platéia que os investigadores tinham encontrado o primeiro exemplo conhecido de uma conspiração surgida com base exclusiva na internet.

"Acho que essa é a primeira vez em que encontramos uma ''rede militante virtual''. As pessoas envolvidas nela foram acusadas de conspirar para provocar uma explosão, mas não temos provas de que elas tenham se encontrado efetivamente alguma vez", afirmou.

Uma investigação batizada de Operação Mazhar levou três homens a serem acusados, dois deles por conspiração para cometer assassinato e conspiração para provocar uma explosão. O terceiro é acusado de levantar fundos para custear atividades terroristas.

Questionado sobre se seria possível pessoas que não se conheciam elaborarem um ataque via internet de forma bem-sucedida, Clarke respondeu: "Acho que isso é bastante plausível. Não consigo ver nada que impediria algo do tipo de acontecer."





Fonte: Reuters

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