Grupo Maggi pode reduzir área cultivada de soja em MT

O Grupo André Maggi, maior produtor de soja do mundo, espera decidir no próximo mês o plantio da safra 2006/07. "Se a decisão fosse tomada hoje, faríamos uma redução de 4 por cento a 5 por cento nas áreas marginais", diz o diretor-presidente, Pedro Jacyr Bongiolo, na edição desta terça-feira (11) da Gazeta Mercantil.

Historicamente o grupo faz seu planejamento estratégico entre fevereiro e março, mas neste ano, em razão da crise, a decisão foi postergada. O grupo, de propriedade da família do governador Blairo Maggi (PPS), plantou 138 mil hectares de soja na safra 2005/06.

A definição de plantio vai levar em conta o câmbio, o custo de produção e a intenção dos Estados Unidos de aumentar a área destinada à oleaginosa. "O mercado de soja é muito dinâmico. Caso haja problemas na safra americana, o preço do grão pode subir na Bolsa de Chicago, compensando os demais problemas", diz. Ele destaca que, apesar de quebra nas safras do Brasil e da Argentina, a safra sul-americana será maior que a passada.

Bongiolo conta que a expectativa para este ano de giro de 3 milhões de toneladas na trading do grupo poderá ser reduzida, com a queda da produtividade médiao em Mato Grosso de 50 sacas por hectare para 43 sacas por hectare (baixa de 14 por cento), devido ao excesso de chuvas na colheita e à ocorrência de doenças como ferrugem asiática. "Mas deveremos chegar pelo menos às 2,8 milhões de toneladas do ano passado", afirma. Segundo o executivo, o ritmo de esmagamento foi mantido, mas a alta dos custos provocou redução nos preços pagos ao produtor.

A produção de soja própria do grupo equivale a 15 por cento do volume comercializado pela trading. "Quase 90 por cento da nossa safra está colhida. Vamos atingir os objetivos do grupo e produzir de 52 a 53 sacas por hectare".

A logística é a uma das dificuldade enfrentadas no estado. Segundo Blairo Maggi, a malha ferroviária precisaria ser ampliada em 500 km ante os 1700 km atuais que ligam o Alto Araguaia (MT) a Santos (SP). A empresa está investindo no Terminal Graneleiro de Grãos (TGG) no Porto de Santos em parceria com a Bunge Alimentos e a Ferronorte. O terminal terá capacidade de armazenar 8 milhões de toneladas, metade do volume de soja produzido pelo MT. A expectativa é dar início às atividades do TGG em 2007, armazenando 4 milhões de toneladas.

Área até 30 por cento menor

A área plantada com soja, milho e algodão em Mato Grosso pode ser reduzida de 20 por cento a 30 por cento na safra 2006/07 como resultado da crise provocada pelo dólar desvalorizado e pela alta nas despesas com óleo diesel. O Grupo André Maggi reduziu a área com milho safrinha em 41,4 por cento, para 24 mil hectares.

Na avaliação de Maggi, o pacote de R$ 14,5 bilhões anunciado recentemente pelo governo federal contribui para amenizar a crise dos produtores, mas não resolve problemas estruturais. "Queremos um projeto definitivo que permita que os produtores possam prosseguir sem a ajuda do governo", diz. Ele defende o lançamento de um título agropecuário negociado no exterior para alongar a dívida do setor.