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Está na cara que você é de Cuiabá
A miscigenação - branco, negro e índio - predominante em Cuiabá - que completa hoje 287 anos - não marca apenas o biotipo estampado no rosto dos cuiabanos. O legado comportamental deixado por estes povos está mais arraigado no íntimo da comunidade, no inconsciente coletivo de quem é daqui ou vive aqui, do que se pensa. Isso diz respeito à qualidade e defeito, lembrando que um e outro depende do ponto de vista de quem vê.
Por exemplo: cuiabanos não têm fama de ser hospitaleiros? "Aqui é lugar de pessoas muito agradáveis", endossa a universitária Maria Luana Neres, 26, natural de Campo Grande (MS). "É do negro esse jeito carinhoso de ser, de pegar, de abraçar, conversar bastante, este sorriso largo e simpático, o jeito de dar com ombros, de mexer com as cadeiras, de colocar a mão na cintura", observa a afrodescendente Nieta Luisa Costa, 38, do Instituto de Mulheres Negras (Imune). Os negros e pardos juntos são maioria aqui (275,3 mil e 63%), de acordo com o IBGE.
Irritado, o índio Cecílio Porireu Ajako, 30, técnico em enfermagem, atende à reportagem a contragosto. Ele é um dos apenas mil bororos que vivem atualmente em Mato Grosso. Poderia nem existir se seus antepassados estivessem entre os milhares desta etnia dizimados nos primórdios da cidade. "Já fomos maioria, não somos mais", lamenta. Na Capital, são 2,1 mil índios (0,45%). Perguntado sobre como é a nação bororo, resume: "Um povo humilde, amoroso, preocupado com a cultura e as tradições". Não tem a ver com os cuiabanos?
Quem diria que para falar sobre a identidade cuiabana seria necessário ainda procurar outras etnias, que aqui chegaram no século passado e também fazem parte da dinâmica da cidade.
"Nos integramos com facilidade, este é um povo acolhedor e muitos de nós, embora a princípio tivéssemos planos de voltar à terra natal, fomos ficando por aqui", diz o empresário Assan Fouad Salim, 41, descendente de libaneses. A colônia árabe tem cerca de 6 mil entre naturais e descendentes. Estão entre os 199,4 mil brancos (41,26%), inclusive os vindos do Sul e Sudeste, descendentes de italianos e alemães, filhos da grande imigração que ocorreu no país no início do século passado. Os primeiros libaneses e sírios aqui chegaram na década de 30, em busca de uma vida melhor e fugindo de guerras. Como o comerciante Omar Fares, 64. "Vivo aqui há 42 anos, como não iria gostar daqui? Aqui fiz minha família e não posso me queixar de absolutamente nada". Na cidade, os árabes se destacam na área de saúde. Há mais de 30 médicos e três hospitais são de majoritários patrícios: Santa Rosa, Femina e Jardim Cuiabá.
Há ainda, embora pequena, a colônia nipo-brasileira, que reúne mais de 500 famílias de descendência japonesa. Os primeiros chegaram na década de 50, eram colonos e foram para o interior. "Mas como as lavouras não deram certo, não tinha estrada e o governo não dava recursos, voltaram para cá e se deram bem no comércio", conta a nissei Adair Matsubara, 66. O marido dela, Iosihua Matsubara, falecido, foi um dos pioneiros.
Por exemplo: cuiabanos não têm fama de ser hospitaleiros? "Aqui é lugar de pessoas muito agradáveis", endossa a universitária Maria Luana Neres, 26, natural de Campo Grande (MS). "É do negro esse jeito carinhoso de ser, de pegar, de abraçar, conversar bastante, este sorriso largo e simpático, o jeito de dar com ombros, de mexer com as cadeiras, de colocar a mão na cintura", observa a afrodescendente Nieta Luisa Costa, 38, do Instituto de Mulheres Negras (Imune). Os negros e pardos juntos são maioria aqui (275,3 mil e 63%), de acordo com o IBGE.
Irritado, o índio Cecílio Porireu Ajako, 30, técnico em enfermagem, atende à reportagem a contragosto. Ele é um dos apenas mil bororos que vivem atualmente em Mato Grosso. Poderia nem existir se seus antepassados estivessem entre os milhares desta etnia dizimados nos primórdios da cidade. "Já fomos maioria, não somos mais", lamenta. Na Capital, são 2,1 mil índios (0,45%). Perguntado sobre como é a nação bororo, resume: "Um povo humilde, amoroso, preocupado com a cultura e as tradições". Não tem a ver com os cuiabanos?
Quem diria que para falar sobre a identidade cuiabana seria necessário ainda procurar outras etnias, que aqui chegaram no século passado e também fazem parte da dinâmica da cidade.
"Nos integramos com facilidade, este é um povo acolhedor e muitos de nós, embora a princípio tivéssemos planos de voltar à terra natal, fomos ficando por aqui", diz o empresário Assan Fouad Salim, 41, descendente de libaneses. A colônia árabe tem cerca de 6 mil entre naturais e descendentes. Estão entre os 199,4 mil brancos (41,26%), inclusive os vindos do Sul e Sudeste, descendentes de italianos e alemães, filhos da grande imigração que ocorreu no país no início do século passado. Os primeiros libaneses e sírios aqui chegaram na década de 30, em busca de uma vida melhor e fugindo de guerras. Como o comerciante Omar Fares, 64. "Vivo aqui há 42 anos, como não iria gostar daqui? Aqui fiz minha família e não posso me queixar de absolutamente nada". Na cidade, os árabes se destacam na área de saúde. Há mais de 30 médicos e três hospitais são de majoritários patrícios: Santa Rosa, Femina e Jardim Cuiabá.
Há ainda, embora pequena, a colônia nipo-brasileira, que reúne mais de 500 famílias de descendência japonesa. Os primeiros chegaram na década de 50, eram colonos e foram para o interior. "Mas como as lavouras não deram certo, não tinha estrada e o governo não dava recursos, voltaram para cá e se deram bem no comércio", conta a nissei Adair Matsubara, 66. O marido dela, Iosihua Matsubara, falecido, foi um dos pioneiros.
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/307181/visualizar/
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