Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sábado - 08 de Abril de 2006 às 08:39

    Imprimir


O vendedor ambulante José Leonardo da Silva, de 63 anos, admite: “contribui de forma significativa com essa juventude do Fortaleza”. No bairro onde José mora há 17 anos, os jovens representam 61,25% da população. Lá, 2.474 moradores têm até 24 anos, dos quais 13 são descendentes dele e de sua mulher Maria Carmelita da Silva. Na média geral, essa faixa etária representa 51% do total.

Mineiro de Ituiutaba, José chegou em Cuiabá direto para o Jardim Fortaleza, na época em fase de formação, com seis dos oito filhos. Aqui, a família cresceu, ganhou outros dois filhos e, mais tarde, vieram os netos. Hoje ele tem quatro filhos com menos de 24 anos e 9 netos.

Analfabeto, José da Silva é desses homens que aprenderam com a vida e hoje debate sobre qualquer assunto, de política a futebol, passando por economia. “Não sei nem assinar meu nome, mas se preciso for falo até com o governador e o presidente da República”, gaba-se o mineiro.

De voz mansa e sorriso fácil, José da Silva diz que nessa vida fez de tudo um pouco – “menos roubar e matar” - para sustentar os filhos. Foi guarda noturno, churrasqueiro, carpiu quintal e, por último, vendedor ambulante, atividade que exerce desde que perdeu o emprego de guarda por causa da idade.

“A coisa é assim: quando a gente fica velho o patrão pensa que não prestamos mais para trabalhar”, reclama ele. Ao lado do neto Jonathan, de 13 anos, seu José diz que não tem feito outra coisa se não aconselhar os filhos e netos sobre a importância de ter estudo e os perigos das drogas.

“Sem estudo o homem não é nada e as drogas só causa dor e sofrimento”, ensina ele. José diz que no seu tempo de juventude não teve a oportunidade de estudar porque morava e trabalhava com os pais na roça. “É por isso que repito: estudem, vocês têm a chance de ser alguém, ter uma profissão e um bom emprego”, reforça com os olhos voltados para Jonathan.

Ao contrário do avô, Jonathan é de pouca conversa, pelo menos naquele momento. Mesmo assim, reclama da falta de espaço de lazer para os jovens. No Jardim Fortaleza, não há praça, campo de futebol, quadras, clubes ou algo similar onde os jovens possam se reunir.

Se pudesse reivindicar algo ao prefeito Wilson Santos, diz Jonathan, pediria a construção de uma praça e uma quadra de futebol no terreno destinado a equipamentos comunitários.

A vendedora Mariana Silva dos Anjos, de 19 anos, que também mora no Fortaleza com os pais e outros dois irmãos menores, acha que o Fortaleza está esquecido. “Não temos área de lazer”. (AA)





Fonte: Diário de Cuiabá

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/307187/visualizar/