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Sábado - 08 de Abril de 2006 às 08:38
Por: Alecy Alves

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Servidora pública federal aposentada, dona Elmy Rocha, de 80 anos, é uma cuiabana privilegiada. Vive num oásis no meio do centro nervoso de Cuiabá, na rua Batista das Neves, entre a avenida Getúlio Vargas e a rua 24 de Outubro, no Centro Norte de Cuiabá.

Como vizinhos têm bancos, repartições públicas, unidades de saúde e previdência social, prédios comerciais e consultórios médicos. Olhando da calçada da rua, a casa de dona Elmy parece uma moradia simples, apertada entre arranha-céus e perturbada pelas filas intermináveis de pessoas em busca de consulta médica e atendimento na perícia previdenciária.

Mas basta atravessar o portão para sentir o aconchego da cadeira de balanço que dona Elmy herdou dos pais - o advogado provisionado Amilton de Faria Rocha e a dona de casa Elmira Bastos Rocha - e a hospitalidade típica que só os cuiabanos podem oferecer.

Na casa, a história e os costumes do povo cuiabano estão retratados em quase tudo. Do piso em mosaico aos móveis, passando pela escrivaninha e a máquina de escrever onde “Doutor Amilton” passava horas lidando com seus processos.

Não se percebe, mas a casa ainda dispõe de um amplo quintal com mangueira, pés de figo e ata. O fundo do muro lateral do Arquivo Público, na avenida Getúlio Varga, antigo prédio da Secretaria de Educação (Seduc), faz divisa com o terreno dela.

A região onde dona Elmy mora, no Centro Norte de Cuiabá, é onde proporcionalmente há mais idosos na cidade. Segundo dados do IBGE, nessa área os moradores com idade acima de 60 anos representam 16% do total de população. Na população geral, pessoas nesta faixa etária são 8,5%.

De um total 2.807 moradores, 554 têm 60 anos ou mais, contrastando com o Jardim Fortaleza, que fica na região sul (Coxipó), onde 61,25% da população tem até 24 anos. No Fortaleza, dos 4.036 moradores 2.472 são jovens dessa baixa etária, segundo o censo do IBGE.

Dona Elmy diz que desconhecia, mas concorda com essa estatística. No trecho da rua onde mora, contou, os vizinhos que restaram são em sua maioria idosos.

“Aqui na frente mora Haydêe” (a aposentada Haydêe Antunes Brasil, de 78 anos), revela, citando outras amigas quem vivem em outros pontos da região.

Cuiabana de “tchapa e cruz”, ela diz que a possibilidade de mudar-se do centro jamais foi cogitada, apesar da preocupação de seu irmão, Edu Rocha. “Edu queria que eu fosse morar com ele, não aceitei”, revela a aposentada.

Solteira, sem filhos, dona Elmy tem uma empregada que mora com ela, além de receber sobrinhos e ter sempre em sua companhia amigas que moram próximo, como Heloísa Helena Brasil, de 49 anos, sobrinha de dona Haydêe.

Segurança: essa é a única preocupação da moradora. Em sua casa, além da fechadura comum, as portas ainda preservam as trancas de ferro maciço que habitualmente havia nas moradias cuiabanas. Mas com o aumento da violência, ela acrescentou as grades, correntes e cadeados em todas as portas e janelas.





Fonte: Diário de Cuiabá

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