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Cidades/Geral
Sábado - 08 de Abril de 2006 às 08:21
Por: Rodrigo Vargas

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Cláudia Torres e o marido estão desempregados e endividados. Fabiana Pereira, grávida de quatro meses, acompanha com aflição as dificuldades de seu marido, pescador, nestes tempos de muita água e pouco peixe. Cláudia Benitez vive com a aposentadoria do marido, que enfrenta as seqüelas de um derrame cerebral.

Os desafios enfrentados por estas três mulheres representam uma realidade comum nas ruas estreitas e não-pavimentadas do Jardim Santa Laura, que é considerado o mais pobre de Cuiabá, segundo dados do IBGE.

“Aqui é fácil encontrar alguém passando dificuldade. A renda é baixa mesmo”, admite Fabiana, que vive com marido e dois filhos em uma casa de duas peças.

Ela conta ter se mudado para o bairro há dois anos, vinda do Ribeirão do Lipa, onde a situação era ainda pior para a família. “A casa era alugada. Aqui, pelo menos, estamos morando no que é nosso”, relata ela. “Mas a situação aqui não está fácil. Eu não trabalho e meu marido não consegue pescar com esse rio cheio. Na Piracema, pelo menos, tinha o seguro-desemprego garantido”.

Cláudia Benitez, manicure, deixou seu último trabalho fixo há quase cinco anos. O marido, pedreiro e eletricista, tem se valido de pequenos bicos para tentar garantir o sustento dos três filhos. O que nem sempre acontece.

“A gente vive é de biquinho aqui e ali. Mas, ultimamente, o que tem garantido o nosso sustento é o Bolsa-Escola de duas crianças. Dá R$ 80 por mês”, diz a moradora. O Bolsa-Escola é o programa do governo federal de transferência de renda.

Cláudia Benitez hoje se arrepende de ter contraído dívida com uma operadora de crédito há dois anos. “Hoje eu já devo mais de cinco mil. É uma prestação de R$ 130 que não consigo pagar. Então a dívida só cresce”. Na época, ela fez um empréstimo de R$ 2 mil para comprar materiais de construção.

Sua vizinha, Cláudia Torres, vive com o marido e uma filha. Moradora do Santa Laura II há 11 anos, ela reclama da falta de estrutura do bairro. “Aqui não tem escola, não tem ônibus, não tem posto de saúde, não tem nada. Quem vive aqui tem de se virar”.

Seu marido, que era carpinteiro, teve de se aposentar após um derrame que lhe afetou a memória e ainda deixou limitados a fala e os movimentos do lado direito do corpo.

O benefício, de um salário mínimo, não é suficiente nem para a conta dos remédios. “É a nossa vida: aperta daqui, aperta dali. Mas alguma coisa tem de ficar de fora”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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