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Economia
Sábado - 08 de Abril de 2006 às 08:07
Por: Marianna Peres

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Como toda commodity, os preços do gás natural estão vinculados a lei da oferta e procura, mas para este insumo, em especial, os preços são balizados a partir de uma média de preços da cesta de óleos no mercado internacional. Diante disso, como explica o secretário-adjunto de Desenvolvimento, da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Mineração e Energia (Sicme), José Epaminondas Mattos Conceição, existe uma máxima de cotações aceitáveis pelo mercado e que sustenta a viabilidade do gás natural. “Não há dúvidas de que a alta inviabiliza a situação do Estado e posterga a substituição da nossa matriz energética”.

Epaminondas destaca que para os bolivianos “os preços do gás devem seguir a alta do dólar”. Mas o mercado entende a cotação do gás da seguinte forma: para a utilização das indústrias, o milhão de Btu (Unidade térmica britânica) deve oscilar entre US$ 6 e US$ 8, para a MT Gás, para haver viabilidade na comercialização do insumo para terceiros, deve respeitar um limite de preços de até US$ 4,4. Para gerar energia, como por exemplo, a termoelétrica de Cuiabá, o milhão de Btu não pode estar acima de US$ 4, pois inviabiliza a produção.

O diretor presidente da EPE, Carlos Baldi, não confirma os valores e nem sinaliza que a máxima do mercado está sendo observada na prática.

Por fim, para quem utiliza o gás natural com a finalidade de produzir uréia e amônia, matérias-primas para fabricação de fertilizantes, o preços do gás não podem ultrapassar de US$ 2.

CONSEQUÊNCIAS - “Diante disso e avaliando as mudanças que os bolivianos querem empreender, o maior investimento privado do Estado, que substituiria o montante aplicado para a construção da usina, que seria a fábrica de fertilizantes da Petrobras, vai sendo adiado por conta das incertezas. Fica para depois também a chegada do gás natural para as indústrias localizadas no Distrito Industrial de Cuiabá, previsto inicialmente para até o final deste semestre”.

O secretário-adjunto completa: “Para se vender a idéia de substituição da matriz energética aos empresários, primeiro temos de apresentar os valores do gás para que eles projetem as vantagens da troca e isso no momento não temos. Outro fator é a segurança no fornecimento, e isso também não pode ser garantido agora”. A planta da Petrobras que deverá ser construída em Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul está orçada em US$ 700 milhões.

Epaminondas frisa que o problema com o gás boliviano tem solução apenas nas mãos dos bolivianos. “Não há nada que o Brasil ou o Estado possam fazer e por isso as incertezas são muitas”.

Apesar do cenário, Epaminondas afirma que a Petrobras continua mantendo contato com o Estado e a estatal aguarda com muita expectativa a solução do problema para poder concluir os estudos e anunciar a sede da planta.

ALTERNATIVAS – Se o gás natural deixa dúvidas, Epaminondas aponta que as possibilidade de mudança para a matriz energética podem passar pela biomassa, biodiesel e pelo álcool. “O Estado tem potencial nestes três segmentos. Se está difícil substituir a lenha pelo gás, existem alternativas”.

Somente com relação ao álcool, o secretário aponta que a destinação de 1 milhão de hectares (ha) para o cultivo da cana-de-açúcar daria sustento a mais 30 usinas, além das nove existentes no Estado. “Em todo Estado temos cerca de 220 mil/ha de cana cultivados, o equivalente a área destinada à soja no município de Lucas do Rio Verde. Temos clima e topografia para ampliar a cana. Esse é o nosso potencial”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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