Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Polícia Brasil
Sábado - 08 de Abril de 2006 às 07:47

    Imprimir


Um estudante de 15 anos foi baleado na entrada da Escola Estadual Presidente Médici, a maior de Mato Grosso, por um colega da mesma idade, ontem de manhã, e um outro foi assassinado em situação similar, no município de Querência (945 quilômetros de Cuiabá), na noite de quinta-feira (30).

As ocorrências trouxeram à tona o grave e antigo problema da entrada de drogas, armas e da violência nas escolas. E expôs o uso de alternativas de combate ao problema, pouco ortodoxas, para os ambientes pedagógicos. O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Leovaldo Sales, afirmou ontem em coletiva à imprensa que há um mês policiais disfarçados de alunos freqüentam a Escola Médici, na tentativa de extirpar a presença da droga, usada abertamente pelos alunos no prédio da instituição. E que a estratégia utilizada pela PM de Mato Grosso no combate à atuação de gangues escolares é a de “prendê-los para encher o Pomeri”.

O diretor da Médici, Anísio José Guimarães, cujo trabalho é coordenar o ensino escolar para uma população de 5.099 alunos, admite que se considera impotente diante do uso de drogas nas dependências do prédio. Mas, garante que o atentado de ontem não tem envolvimento com o uso e o tráfico de drogas.

O adolescente Robson Garcia foi alvejado por quatro tiros nas costas, às 7h30 de ontem, quando subia a rampa de acesso para as salas de aula. O motivo do atentado seria uma rixa antiga, da qual o diretor da escola não soube explicar exatamente como começou.

Depois de ferido, o adolescente conseguiu correr até a secretaria, onde pediu ajuda. O agressor, I.J.A., fugiu depois dos disparos.

O diretor explica que os dois alunos vivem com suas famílias e que ambos moram em bairros periféricos da cidade. Ele declara que desconhecia o problema entre os dois. Mas, avisa que após o evento reforçará o pedido de auxílio já feito à Polícia Militar.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que no órgão não existem estatísticas de casos semelhantes ao do adolescente no Estado, e nem registros do número de armas apreendidas na instituição no ano passado. Nos três primeiros meses de 2006, dois adolescentes foram detidos dentro de escolas portando revólveres com munições.

A Seduc ainda informou que desde o ano passado as drogas e a violência nas escolas são temas de debate entre professores, sindicatos e instituições. E que de 30 escolas em que a violência é considerada mais grave, 14 aceitaram ter o serviço de vigilância armada.

Crime foi premeditado, diz coronel

O comandante da PM, Leovaldo Sales, informa que o crime contra o adolescente nas dependências da escola presidente Médici foi planejado e que, a prevenção, nesses casos, é considerada difícil pela impossibilidade de se fazer revistas em portas de escolas.

Ainda segundo o coronel, eventos como esses são tidos como “exceção à regra”. “A probabilidade de alguém ser vítima de tiro dentro de uma boate é muito maior do que num ambiente escolar. Em tese, ali é um lugar onde se deve aprender a usar práticas contrárias às da violência”, explica.

Sales afirma que há mais de três anos a PM faz rondas policiais no entorno das escolas, na tentativa de coibir crimes, o uso de drogas, entre outros. Ele avalia que de todas as escolas da Grande Cuiabá, a Médici é tida como a mais problemática. “A facilidade que existe hoje para alguém conseguir uma arma é muito grande. Só este mês prendemos 60 delas, a maioria com adolescentes. Esse não é um problema isolado e não cabe apenas à Segurança Pública resolver”, declarou.

O diretor da instituição informa que além do uso de drogas no interior do local, na saída da escola os alunos são vítimas de roubos e furtos de bonés, tênis e materiais considerados de valor.

O representante da Seduc, Noir Scheffer, avalia que os fatos ocorridos no final de semana são pontuais e que o problema é social. “Vivemos numa comunidade que a cada dia que passa se utiliza mais da violência para resolver qualquer tipo de problema”, afirmou.

Uma das alternativas utilizadas pela Seduc para reverter o problema seriam os programas educacionais como o projeto Aplauso, que trabalha atividades extracurriculares com 50 mil alunos em Mato Grosso. Na rede, estão matriculados 466 mil.





Fonte: Folha do Estado

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/307221/visualizar/