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Sexta - 07 de Abril de 2006 às 22:31

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O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sorriso, Nelson Piccoli, diz que o pacote de apoio à comercialização e à produção agropecuária anunciado ontem (6) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Roberto Rodrigues, apenas ameniza temporariamente a crise no setor. “Trata-se de um gesto positivo do Governo Federal, que não resolve, mas dá um fôlego ao produtor”.

Piccoli explica que as medidas prorrogam as dívidas dos produtores rurais. “Tira temporariamente um peso dos ombros do produtor, que não tem culpa pelo desempenho negativo do câmbio e do mercado”.

O pacote aloca R$ 1,238 bilhão para apoiar comercialização e prorroga R$ 7,7 bilhões dos empréstimos de custeio e investimento contraídos pelos produtores para financiar a safra.O lançamento das medidas tem como objetivo minimizar os impactos da crise enfrentada pelo agronegócio em função de fatores que passam pela desvalorização cambial, perda de produção por problemas climáticos, elevação de custos e preços baixos.

Do volume a ser disponibilizado pelo governo federal para apoiar a comercialização, R$ 1 bilhão serão utilizados para sustentação de preços por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

Outros R$ 238 milhões serão liberados para o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Além disso, serão disponibilizados R$ 5,7 bilhões em crédito rural de comercialização para aplicação até 30 de junho de 2006.

Nelson Piccoli explica que o produtor de Sorriso e região enfrenta dificuldades devido a três fatores fundamentais: o óleo diesel, a ferrugem asiática e o frete. “O óleo diesel compromete entre 15 e 20% da lucratividade, a ferrugem cerca de 12% e o frete acaba reduzindo ainda mais as chances de lucros”, lamenta o presidente.

O dirigente do Sindicato Rural destaca que a culpa pela crise na agricultura não é apenas do governo. A classe produtora também teria a sua parcela de responsabilidade. “Nós temos que melhorar o nosso desempenho administrativo dentro da propriedade, enquanto o governo federal deve fazer a parte que lhe cabe”, alerta. “Nós temos que ser realistas: se tem 10 problemas, pelo um é de responsabilidade do produtor”.

Segundo Piccoli a insistência na monocultura, que provoca muitas pragas, doenças e enfraquece a terra, é outro fator que gera prejuízos ao produtor rural. “Nós aumentamos rápido demais a nossa área de produção e dobramos a produtividade de cerca de 30 sacas de soja de cinco anos atrás para 60 sacas. Esse crescimento também ocorreu na Argentina e em outros países da América do Sul, aumentando a oferta e pressionando para baixo os preços”.

Nelson Piccoli acredita que o setor agrícola só voltará a ser um negócio quando o produtor puder plantar com segurança. “Se trabalhar com probabilidade de prejuízo, o produtor irá à falência, levando consigo a economia dos municípios mato-grossenses que dependem fortemente do agronegócio, como é o caso de Sorriso”.




Fonte: Clichoje

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