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Internacional
Quinta - 06 de Abril de 2006 às 18:55
Por: Kerstin Gehmlich

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O primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, prometeu na quinta-feira lutar "até o fim", rebatendo os boatos de que pode renunciar devido à lei sobre um novo tipo de contrato de trabalho para jovens que levou milhões de manifestantes às ruas.

A popularidade de Villepin despencou durante as semanas de manifestações contra o Contrato do Primeiro Emprego (CPE). E o premiê também perdeu força dentro do bloco direitista (atualmente no poder) depois de o presidente do país, Jacques Chirac, ter prometido, na sexta-feira, realizar mudanças no CPE.

Mas Villepin afirmou ter uma tarefa a cumprir no governo.

"O presidente confiou-me uma missão — liderar a batalha por empregos, responder à preocupação de nossos compatriotas", afirmou o premiê em uma entrevista coletiva. "Esta batalha, eu a liderarei até o fim", disse.

Segundo analistas, Villepin acabou sendo colocado de lado na polêmica em torno do CPE depois de os parlamentares do partido União para um Movimento Popular (UMP), de Chirac, terem começado a liderar as negociações com sindicatos sobre eventuais alterações na lei.

Esses parlamentares também vão se encontrar com líderes estudantis na quinta-feira.

Villepin disse estar ansioso para ouvir todas as propostas surgidas nessas reuniões, mas não chegou a citar a possibilidade de descartar o CPE — como exigem os manifestantes.

"Abrimos um período de diálogo, sem impor quaisquer precondições, sem quaisquer tabus", afirmou o premiê. "Minha prioridade imediata, claro, é acalmar a situação. É hora de sairmos da crise."

Os sindicatos do país, sentindo a vitória se aproximar depois de milhões de pessoas terem ido às ruas nas últimas semanas, disseram que o governo tem até 15 de abril para cancelar o CPE. O novo contrato passou a vigorar a partir de domingo, mas o governo pediu aos empregadores que não o utilizem por enquanto.

PREOCUPAÇÃO COM A IMAGEM

"Esse movimento é forte", disse à rádio France Inter Jean-Claude Mailly, chefe do sindicato Force Ouvrière.

"O quanto mais isso continuar, mais forte vai ficar", acrescentou, advertindo o governo sobre o perigo de tentar arrastar as negociações na esperança de enfraquecer os protestos.

Cerca de 50 universidades francesas continuavam a funcionar de forma parcial devido às manifestações dos estudantes contra a lei, que permite aos empregadores demitir, sem justa causa, qualquer funcionário com menos de 26 anos de idade nos primeiros dois anos de contrato.

Yannick Vallee, vice-presidente da associação de reitores, defendeu a retomada das aulas, afirmando que o CPE não mais existia e que os estudantes tinham vencido.

Os estudantes convocaram um novo protesto para a próxima terça-feira enquanto os sindicatos reúnem-se na segunda-feira para conversar sobre como continuar com as manifestações.

O prazo que termina no dia 15 de abril coincide com o começo do feriado da Páscoa na França, quando as manifestações correm o risco de perder força.

Em Toulouse (sul), estudantes bloquearam o transporte de componentes do novo avião A380, da Airbus (uma empresa européia). As ruas foram liberadas depois de algumas horas.

Estudantes também prejudicaram o tráfego de trens em duas estações de Paris.

Economistas notaram que a continuidade das manifestações pode prejudicar a confiança dos consumidores franceses, como aconteceu durante os distúrbios ocorridos em subúrbios de cidades do país em novembro passado. Ministros do governo mostraram-se preocupados com o efeito das manifestações sobre o setor turístico.

O ministro das Finanças do país, Thierry Breton, disse que a onda de protestos ainda não havia deixado sinais visíveis na economia, mas acrescentou: "Estamos, certamente, preocupados com a imagem que isso dará da França."

Na sexta-feira passada, Chirac propôs cortar o período de experiência previsto no CPE, de dois anos para um. O presidente também sugeriu que os empregadores justifiquem as demissões. Os sindicatos, porém, desejam o cancelamento do contrato.

A revogação da lei minaria o governo de Villepin e suas ambições de concorrer, pelo bloco de direita, à Presidência francesa em 2007.





Fonte: Reuters

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