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Internacional
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 23:33

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O presidente deposto Saddam Hussein se dedicou nesta quarta-feira durante a audiência no Alto Tribunal Penal iraquiano a instilar dúvidas sobre a solidez das provas reunidas contra ele no caso do massacre de 148 aldeões de Dujail. Ele afirmou que nada fez além de aplicar a lei, ao ordenar a condenação à morte os 148 xiitas que seu regime considerava culpados de terem praticado um atentado contra ele em 1982.

Ouvido sobre a razão da condenação à morte de menores de 20 anos, o ex-ditador não reconheceu os documentos de identidade das vítimas, apresentados pelo promotor Jaafar al-Moussaoui.

"Posso mostrar a vocês milhares de documentos falsificados", afirmou, lembrando o contexto do ataque contra seu comboio em Dujail.

"Houve em Dujail um atentado contra um chefe de estado preparado por um partido proscrito (Dawa) e financiado por estrangeiros. Não se esqueçam de que estávamos em guerra contra o Irã", declarou.

Saddam Hussein também rejeitou a transcrição de seu depoimento sobre o caso diante dos juízes de instrução. "Há pontos imprecisos e várias frases foram acrescentadas", alegou.

Ao tribunal, que pedia para que reconhecesse sua assinatura num documento sobre o caso de Dujail enviado por seu meio-irmão Barzan al-Tikriti, ele respondeu: "É um detalhe, o mundo evoluiu e as assinaturas podem ser falsificadas".

Saddam Hussein também sustentou não ter decidido a condenação à morte dos aldeões de Dujail, mas apenas ratificado.

"Não fui eu quem pronunciei o veredicto. Eu podia ratificá-lo ou invalidá-lo, mas estava convencido da culpa dos acusados pelas provas apresentadas", explicou.

Uma advogada libanesa, Bochra Khalil, chegou a ser expulsa pelo presidente do tribunal, o juiz Rauf Abdel Rahman, por indisciplina.

O incidente aconteceu quando a corte apresentou um documento filmado no qual Saddam Hussein afirma sua intenção de "reprimir sem piedade seus adversários e seus inimigos". A libanesa mostrou então, elevando a voz, uma fotografia mostrando iraquianos torturados pelos americanos na prisão de Abu Ghraib.

Saddam Hussein frisou que o documento filmado apresentado pelo tribunal era datado do início dos anos 80 e nada tinha a ver com Dujail.

Ele sugeriu que os corpos das vítimas sejam examinados por especialistas estrangeiros para determinar sua idade, mas o juiz Rahman disse que ninguém sabia onde eles haviam sido enterrados.

Uma nova audiência está marcada para amanhã (quinta-feira).





Fonte: AFP

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