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Internacional
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 19:04

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GAZA - O governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) comandado pelo Hamas discutiu nesta quarta-feira, em sua primeira reunião, um plano de emergência de três meses para enfrentar a falta de dinheiro que impede o pagamento dos salários de mais de 140 mil funcionários.

O vice-primeiro-ministro Nasser Eddin a-Sha´er disse a jornalistas que espera que o plano diminua o déficit nas contas da ANP, que provocou o adiamento do pagamento dos salários dos funcionários públicos palestinos até meados do mês.

Para cobrir as despesas, a ANP precisa imediatamente de US$ 120 milhões. Os salários são especialmente importantes porque um terço da população da Cisjordânia e da Faixa de Gaza depende deles.

Atualmente, 56% da população de mais de 1,4 milhão de pessoas da Faixa de Gaza vive abaixo da linha da pobreza.

Ajuda internacional Até agora, a ANP dependia das doações feitas pela comunidade internacional para pagar os salários, mas a chegada do grupo radical islâmico ao poder complicou a situação.

Considerado uma organização terrorista pelos EUA, a União Européia (UE) e Israel, o Hamas não conta com as freqüentes doações e os recursos financeiros que o governo anterior, comandado pelo movimento nacionalista Fatah, tinha para pagar os salários dos funcionários públicos.

Os governos dos Estados Unidos e do Canadá anunciaram a ruptura das relações com a ANP, enquanto a UE, maior doador dos palestinos, com 500 milhões de euros anuais, deve tomar uma decisão sobre a continuação da ajuda na próxima semana.

Na sede do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, o alto representante da Política Externa e Segurança Comum da UE, Javier Solana, disse nesta quarta-feira que o movimento radical palestino "não pode mudar seu passado, mas pode, e deve, mudar seu futuro".

"O Hamas não pode ser um interlocutor válido enquanto não mudar, pois seu programa de governo não é aceitável", disse Solana no Legislativo da UE.

O espanhol Solana disse que o Hamas expressou "falta de vontade" de se aproximar dos princípios da União Européia, e garantiu que, se o movimento islâmico mudar, o bloco "saberá responder como sempre fez".

Enquanto a UE estuda o futuro de suas contribuições ao governo palestino, Israel suspendeu há mais de um mês a transferência de aproximadamente US$ 50 milhões à ANP. O dinheiro é recolhido mensalmente pelo Estado judeu para os palestinos como agente de retenção de impostos e taxas de alfândega.

Por sua parte, os países árabes, que dão a segunda maior contribuição à ANP, comprometeram-se apenas a doar US$ 55 milhões, segundo recente decisão da Liga Árabe.

"A resolução da Liga Árabe não é suficiente para resolver as necessidades de nosso povo", disse o primeiro-ministro da ANP, Ismail Haniye, em entrevista coletiva concedida em Gaza após sua primeira reunião de gabinete.

Busca por soluções Segundo Haniye, o ministro de Assuntos Exteriores palestino, Mahmoud Zahar, já está em contato com os governos árabes para tentar aumentar essa ajuda e buscar soluções conjuntas para os problemas da ANP.

Nesse contexto, a única medida anunciada por Haniye é que nem ele nem seus ministros receberão seus salários enquanto não houver dinheiro para pagar ao resto dos funcionários da ANP.

A reunião do gabinete, na qual o chefe do Governo palestino anunciou que "os cofres da ANP estão vazios", foi realizada simultaneamente em Ramallah (Cisjordânia) e na Cidade de Gaza. Israel impede a movimentação dos ministros radicais islâmicos de uma região à outra, por isso estes recorrem a uma videoconferência.

A falta de dinheiro soma-se às restrições militares na Faixa de Gaza, onde Israel fechou a passagem de Karni, vital para o abastecimento da região.

Agências da ONU alertaram nesta terça-feira que os palestinos da Faixa de Gaza estão à beira de um desastre humanitário por causa da falta de dinheiro e da escassez de alimentos.





Fonte: EFE

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