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Economia
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 14:39

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Há uma semana como ministro da Fazenda, Guido Mantega enfrenta o desafio de convencer não apenas o mercado financeiro de que abandonou antigas idéias e irá melhorar o desempenho fiscal no país mas também o próprio governo. Dentro da equipe econômica, ainda há dúvidas sobre a atuação do novo ministro num ano eleitoral, em que as pressões por gastos serão redobradas.

A avaliação é que o ministro tem dificuldade para dizer "não" e, portanto, poderá ter problemas para administrar as pendengas políticas que, no final, acabam sempre em pedidos por liberação de dinheiro do ministério.

Por isso, a estréia de Mantega para investidores nacionais e estrangeiros durante a reunião anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Belo Horizonte, foi acompanhada atentamente. Antes, durante e depois da sua exposição para uma platéia lotada, Mantega foi o ponto central das conversas.

O discurso, em descompasso com as idéias defendidas anteriormente, na avaliação de membros do governo, ainda não aderiu totalmente à figura do novo ministro.

Quem não pôde conferir pessoalmente o desempenho do ministro tratou de se informar depois e tentava interpretar as palavras nos eventos sociais que ocorreram na mesma noite.

Ninguém duvida de que Mantega irá fazer com que o setor público gere, neste ano, economia equivalente a 4,25% da produção nacional (PIB), sem incluir as despesas com juros, o chamado superávit primário. Não atingir esse patamar fixado pelo governo seria visto como um suicídio político. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria comprometido com esse número.

Segundo a Folha apurou, numa reunião com Lula o ministro teria comentado que não faria um superávit primário acima dos 4,25% do PIB já definidos. Lula teria emendado: "E nem menor".

A geração de superávits muito acima das metas acertadas foi motivo de atrito entre o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Dilma cobrou diversas vezes que a equipe econômica trabalhasse com o valor fixado em vez de represar gastos de tal forma a chegar ao final do ano com economia bem maior.

Ainda assim, há receio de piora na qualidade dos gastos. A avaliação é que 2006 precisa ser um ano em que o governo abra caminho para mudanças na composição do superávit com a reavaliação dos gastos, mais do que expectativa de aumentos de receita.

Os aumentos salariais e promessas de novos pacotes de bondades são vistos com ressalvas. Os ministros que passaram os últimos três anos chorando a falta de verba para tocar projetos prioritários estão aproveitando o período eleitoral para tentar convencer Lula de que é preciso liberar dinheiro.

O próprio Palocci já vinha enfrentando dificuldades para barrar as exigências. A tensão política só reforça ainda mais essa tendência, na avaliação de parte do governo. De olho nas eleições e com a necessidade de mostrar realizações, Lula tende "a ceder à tentação". Como em 2005 o superávit ficou muito acima da meta de 4,25% do PIB, a avaliação é que há espaço para gastos.

Para o novo secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, é natural que a nomeação de uma nova equipe gere dúvidas no mercado. No entanto, diz Kawall, cabe ao governo mostrar que está comprometido com austeridade fiscal. O resto, segundo ele, o tempo se encarregará de provar quando forem divulgados os números referentes à nova gestão





Fonte: 24HorasNews

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