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Internacional
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 10:25

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Mais de cem pessoas, entre elas líderes políticos, jornalistas e advogados, foram detidas hoje no Nepal na véspera dos protestos convocados pela oposição para exigir a restauração da democracia.

Pelo menos 36 dirigentes políticos e líderes estudantis foram detidos em suas residências por membros das forças de segurança nesta manhã, segundo denunciaram grupos políticos da oposição.

Entre os detidos está o ex-ministro da Educação, Bimalendra Nidhi, integrante do Gabinete anterior que foi deposto pelo rei Gyanendra em 2005.

Rajendra Pandey, líder do Partido Comunista do Nepal (Unido Marxista-Leninista), informou que os políticos foram detidos sob a Lei de Segurança Pública, que permite mantê-los sob custódia durante 90 dias, por serem considerados uma ameaça diante da convocação de greves e protestos em todo o país que deveriam começar nesta quinta-feira.

"Vamos seguir adiante com nosso programa de protestos apesar da repressão do Governo", afirmou Pandey.

Além disso, as forças de segurança do Nepal também detiveram 13 jornalistas, 13 advogados, cinco professores, três médicos, dois intelectuais e um ativista social que participavam de uma manifestação pacífica esta manhã em Katmandu.

Com este ato, os manifestantes desafiaram a proibição de realizar protestos imposta pelo Governo com o objetivo de evitar as grandes manifestações esperadas para os próximos dias.

Entre os detidos na capital estão o presidente da Federação Nepalesa de Jornalistas (FNP), Bishnu Nishthuri, seu secretário-geral, Mahendra Bista, e o responsável da Associação de Advogados do Nepal, Sambhu Thapa.

"Protestamos contra a suspensão de direitos políticos e civis feita pelo Governo", disse hoje o vice-presidente da FNP, Shiva Gaunle.

Segundo Gaunle, a manifestação também era dirigida contra a normativa aprovada pelo Governo na segunda-feira passada que permite a detenção de qualquer pessoa que diga algo que desagrade as autoridades, por ajudar indiretamente aos maoístas.

"Segundo esta lei, eu poderia ser preso só por escrever notícias", acrescentou.

As últimas detenções geraram indignação entre a população e provocaram um protesto de estudantes em uma faculdade de Katmandu.

A Polícia entrou nas salas de aula, usou cassetetes para dispersar os estudantes e deteve quase 50 jovens.

Os sete partidos da oposição no Nepal têm previsto iniciar nesta quinta-feira quatro dias de greve geral, desobediência e não-cooperação, e convocaram um protesto em massa para o próximo sábado.

Para evitar uma participação em massa nas mobilizações, as autoridades suspenderam o direito a se manifestar e pediram às companhias de transporte que suspendam suas atividades nos próximos dias.

Hoje mesmo, os ônibus públicos que se dirigiam a Katmandu foram parados por oficiais das forças de segurança que impediram o acesso à cidade.

As mobilizações foram organizadas para protestar contra a "monarquia autárquica" do rei Gyanendra que, depois de destituir o Governo, assumiu o poder absoluto em 1º de fevereiro de 2005 e desde então governa o país através de um Gabinete escolhido por ele.

Os partidos, que exigem a "democracia total", já advertiram que desobedecerão à proibição de se manifestar por entender que seus protestos são pacíficos.

Nesta segunda-feira, a guerrilha maoísta anunciou uma trégua unilateral no vale de Katmandu para facilitar as mobilizações da oposição, depois que o Governo mencionou suspeitas de que os rebeldes poderiam cometer ataques nos próximos dias.





Fonte: EFE

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