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Internacional
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 10:14
Por: Mark John

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Os sindicatos franceses, em meio a manifestações de massa e a índices de popularidade cada vez mais baixos do governo, intensificaram na quarta-feira sua campanha para que o presidente do país, Jacques Chirac, desista de uma lei sobre um novo contrato de trabalho para jovens.

À medida que aumentam os temores sobre o impacto da disputa na segunda maior economia da zona do euro, sindicalistas disseram que o governo da França, atualmente controlado pelos conservadores, deve até segunda-feira rechaçar a lei sob pena de testemunhar novos protestos e greves, disseram integrantes dos sindicatos.

Os sindicatos reúnem-se com deputados conservadores na quarta-feira, depois de o primeiro-ministro do país, Dominique de Villepin, ter detonado uma onda de insatisfação popular com a nova lei.

Os deputados ofereceram fazer concessões a respeito do Contrato do Primeiro Emprego (CPE), mas não chegaram a falar em descartá-lo por completo.

"Queremos apenas uma coisa — o cancelamento do CPE", disse René Valladon, do sindicato Force Ouvrière, ao canal de TV LCI após um encontro realizado em Paris entre os 12 maiores sindicatos do país. O dirigente sindical afirmou que o governo tem até 15 de abril para revogar a lei.

Tal manobra deve enfraquecer ainda mais Villepin, que conseguiu ver a medida aprovada rapidamente pelo Parlamento.

Apesar de a maior parte das passeatas terem acontecido de forma pacífica na terça-feira, em toda a França, 383 pessoas foram detidas em conflitos ocorridos em Paris. Também houve detenções na cidade de Rennes (oeste) depois de jovens terem atirado pedras contra policiais.

O gabinete de Chirac divulgou um comunicado no qual o presidente pediu aos estudantes que regressassem às aulas. Mas protestos voltaram a ocorrer em partes da França na quarta-feira.

Centenas de estudantes ergueram bloqueios de rua em grandes vias de acesso das cidades de Poitiers (oeste) e Rennes, provocando engarrafamentos de vários quilômetros.

Cerca de 600 manifestantes impediram que um mercado de Nantes (também no oeste do país) recebesse produtos. Um porta-voz dos estudantes disse que o objetivo da ação era "bloquear a economia e fazer o governo agir".

POPULARIDADE EM QUEDA

O jornal de economia Les Echos deu voz à crescente preocupação dos empresários com o fato de Chirac e Villepin terem administrado mal uma crise que começa a afetar o caixa das empresas francesas.

"Ninguém olha com entusiasmo para os 12 longos meses que nos separam da próxima eleição presidencial", escreveu o diário, acrescentado que a "forma bizarra" com que o governo atuou incentivou os manifestantes a agir.

A manchete do diário Le Parisien foi mais direta: "Para que serve Villepin?" O premiê defende o CPE, que facilita a demissão de trabalhadores com menos de 26 anos, como uma forma de combater as altas taxas de desemprego entre os jovens franceses, atualmente em cerca de 22 por cento.

Mas pessoas contrárias à medida afirmam que o CPE, que prevê um período de experiência de dois anos dentro do qual o funcionário pode ser demitido sem justa causa, aumentará a insegurança dos empregados.

Com medo de perder seu premiê um ano antes das eleições presidenciais, Chirac mobilizou seu carisma em apoio a Villepin.

Mas os índices de popularidade do premiê caíram 20 pontos em dois meses e estão agora em 28 por cento, prejudicando seus planos de concorrer à Presidência francesa em 2007.

(Reportagem de Dominique Rodriguez)





Fonte: Reuters

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