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Nacional
Terça - 04 de Abril de 2006 às 12:04

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Há cerca de um mês, pais de crianças pequenas da comunidade de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, não deixam mais seus filhos saírem sozinhos. Em todo o bairro, corre um boato de que crianças estão sendo seqüestradas para a retirada de órgãos. A síndica de um condomínio na rua Arari, Rosangela Emílio dos Santos, e mãe de uma menina de 8 anos e um menino de 10, espalhou panfletos por todo o edifício, alertando os pais sobre o risco. Ela também colocou os avisos embaixo das portas de moradores com filhos pequenos. Segundo Rose, são mais de 10 crianças no local.

No panfleto, ela também comunica o conserto do principal portão do condomínio para evitar que as crianças saiam sem o conhecimento dos pais. "Tomei essa atitude na semana passada, depois que escutei histórias escabrosas na escola onde meu filho estuda. Mães comentavam o desaparecimento de uma menina de 5 anos. Seu corpo teria reaparecido com a barriga costurada e R$ 100 para o seu enterro", conta. Junto com o corpo teria um bilhete para a mãe, dizendo que a menina não tinha sofrido, pois recebeu uma injeção.

A diretora da Escola Municipal Pedro Moacir, Lidia Noemia, onde o filho de Rose estuda, diz que a história não passa de um boato, mas confirma que pediu para as mães estarem na porta da escola pontualmente na hora da saída das crianças, às 17h, para evitar que elas voltem para casa sozinhas.

Ligia comenta que o boato se estendeu até para o transporte alternativo. "Os topiqueiros estariam espalhando a notícia para obrigar os pais a pegarem vans e kombis, evitando levar seus filhos à pé para a escola", conta, sem acreditar na versão. O colégio fica próximo da Vila Vintém.

A cunhada de Rose, Mariana Maria da Silva, que tem três filhos pequenos, também está assustada com a história. Suas crianças estudam na Escola Municipal Vila Lobos, também próxima a Vila Vintém. Ela diz que a escola adotou o mesmo procedimento com os pequenos, pediu para os pais chegarem no horário.

Segundo ela, a criança desaparecida seria moradora da Vila Vintém e teria sumido próximo a um mercado das redondezas. "Tentamos saber mais detalhes na delegacia de Bangu, mas por medo a mãe não registrou o caso", explica.

A delegada titular da 34ª DP (Bangu), Marta Julião, não confirma os boatos e diz que a história não tem fundamento. "Acho ótimo que as diretoras das escolas peçam para os pais chegarem na hora, isso evita que os pequenos fiquem sozinhos por muito tempo, mas o desaparecimento de crianças é só um boato. Os pais podem ficar tranqüilos", diz.

Oito meninas foram vítimas da ação de quadrilha de tráfico de órgãos No dia 7 de dezembro, O Dia noticiou com exclusividade o desaparecimento de oito meninas. Elas foram vítimas da ação de quadrilha de tráfico de órgãos de crianças e adolescentes no Rio. As crianças, com idades entre 8 e 12 anos, sumiram no período de 2001 e 2005 em seis bairros do Rio, em São Gonçalo e Angra. Os corpos foram encontrados na Baixada Fluminense, São Gonçalo e em outros dois bairros da capital - Catete e Inhaúma.

O Disque-Denúncia (21 2253-1177) registrou em 2005 seis denúncias sobre raptos de crianças e adolescentes para tráfico de órgãos. Apenas uma delas refere-se ao interior, em Santo Antônio de Pádua, Região Noroeste do Estado. As outras ligações apontam para supostos casos e suspeitos em Sampaio, na zona norte; Complexo da Maré e praça das Nações, em Bonsucesso; avenida Brás de Pina e Vila da Penha, na zona leopoldina. Neste último, o denunciante afirma que uma mulher em uma Kombi participa da ação.

As táticas usadas no ataque eram sempre as mesmas: elas eram chamadas sempre pelo nome pelas pessoas que as levavam, indicando haver monitoramento da rotina das crianças. Os homens ofereciam cesta básica de alimentos. O primeiro caso suspeito ocorreu em 2001.

O levantamento começou com 200 casos de crianças enterradas como indigentes, foi reduzido para 37 e chegou a oito. Para a identificação, foi solicitado ao Ministério Público Estadual e à Justiça do Rio a exumação dos corpos de meninas.

Em fevereiro, a Justiça autorizou a exumação dos corpos de oito meninas enterradas como indigentes entre 2001 e 2005 no estado. O pedido da exumação simultânea foi enviado ao Tribunal de Justiça em 7 de dezembro.





Fonte: O Dia

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